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CONTRA AS DEMISSÕES ARGENTINA | Carta aberta das trabalhadoras de PepsiCo em luta

O Esquerda Diário reproduz uma carta escrita pelas mulheres que vem enfrentando o fechamento fraudulento da multinacional em defesa dos postos de trabalho

quinta-feira 29 de junho de 2017 | Edição do dia

Nenhuma a menos sem trabaho

O feriado do 20 de junho, com um cartaz colado na porta da fábrica, a multinacional PepsiCo Snacks nos informou que nossas 600 famílias ficariam na rua. Dizem que tem crise , porém as trabalhadoras sabem melhor que nada que isso não é verdade. Nesta segunda, em defesa dos nossos postos de trabalho, voltamos a entrar na empresa, e hoje estamos exigindo que não haja #NenhumaAMenos sem trabalho e dizemos bem forte, junto a nossos companheiros: famílias na rua nunca mais!!
Muitas de nós, quando entramos na PepsiCo, trabalhavamos 16 horas para poder nos tornar efetivas, com ritmos esgotantes e sem mais direitos que a meia hora para comer e quase cinco minutos para usar o banheiro. Se estava grávida deveria trabalhar como qualquer outra companheira, com turnos rotativos e com os mesmos ritmos, fazendo sempre o mesmo trabalho para não acabar sem emprego. Anos no mesmo posto, sendo a extensão humana dessas máquinas que te tiravam pacotes a morrer para colocarmos nas caixas, todos os dias o mesmo trabalho que ia acabando com nossos corpos.

Tínhamos os piores salários, porém nunca podíamos acender as melhores categoria, já que o nosso convênio não permitia. Se já não podíamos estar nas linhas de produção, porque nos doíam os braços ou as costas, nos jogavam. Não sabíamos nem sequer que tínhamos ART. E se estávamos desanimadas e íamos ao departamento médico, eramos tratadas como mentirosas e acusadas de “vagabundas”, de não querer trabalhar e então nos medicavam com qualquer coisa e outra vez a linha de empacotamento.

O maltrato, a raiva e a dor nos ensinaram a lutar, a nos organizar. Em todos estes anos, lutamos por acender a tarefas que somente estão designadas aos nossos companheiros homens, melhoramos nossas categorias, passamos por cima do convênio, conquistamos a licença para as companheiras grávidas, melhoramos nossos tempos de descanso, e as companheiras com lesões começaram a acender a outras tarefas e a reclamar pelas doenças de trabalho, defendendo o direito de todas não serem despedidas quando já não nos considerarem úteis. Com essa mesmo força, lutamos pela efetivação de todas as companheiras e os companheiros contratados, por terminar com a terceirização e por passar para a planta permanente.

E porque sabemos que por sermos mulheres recebemos os piores tratamentos, nos organizamos dentro da fábrica e cada 8 de Março e logo também cada 3 de Junho, por Nenhuma a Menos, ganhamos o direito de impulsionar jornadas de reconhecimento e pela defesa de nossos direitos como trabalhadoras, e sustentamos essas atividades com nossos companheiros, contra a multinacional que sempre tentou nos eliminar.

Temos avançado na unidade entre as trabalhadoras e os os trabalhadores porque entendemos que nosso inimigo é a patronal que já tem demonstrado com um cartaz na porta que a hora de nos tratarmos com despojo não há nenhuma diferença. Nós dizíamos, nos organizamos, fazemos assembleias, votamos e lutamos com nossos companheiros: nem atrás nem a frente , e sim lado a lado com passo firme por nossos direitos.

Hoje, a multinacional PepsiCo pretende pisotear nossas conquistas e nos deixar na rua. Conta com o apoio da burocracia sindical de Dear e o Ministro do Trabalho Triaca em representação deste governo. Essa é a forma verdadeiramente violenta com a que nos tratam as patronais, a burocracia sindical e a política destes CEO que governam para os ricos, a que nos querem somente dia a dia as mulheres trabalhadoras e nossas famílias. Querem que deixemos nossas vidas nas fábricas, precarizando-nos, discriminando e, quando já não lhes servimos, deixa-nos na rua, como se fossemos coisas, materiais descartáveis.

Porém somos mulheres trabalhadoras que entendemos que a violência não somente pode ser doméstica, mas também proveniente dos locais de trabalho, dos que dizem representar-nos e dos governos que defendem seus próprios interesses, tratando de submeter a milhares de famílias a pior das humilhações, as piores condições de vida. E não vamos permitir!!!

Porque não estamos sozinhas, porque sabemos que somos muitas mais as milhares que atravessam a mesma situação, e porque não queremos mais famílias na rua, hoje mais que nunca redobramos nossas forças para sair na luta pelos nossos direitos mais elementares. Necessitamos do apoio de todas, necessitamos que a voz de nossas 600 famílias se façam escutar. Por nós e por todas.

Por isso chamamos a difundir o apoio aos trabalhadores e trabalhadoras de PepsiCo; a colaborar com o aporte a nosso fundo de luta, para que todos possamos sustentá-la; e a junta-se ao acampamento que mantemos na porta da fábrica, em que permanecemos em defesa dos nossos postos de trabalho.

Trabalhadoras de PepsiCo Snacks em defesa de nossos trabalhos, nossas famílias.




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