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USP | Carta à Assembleia dos trabalhadores da USP: Formemos um comitê de base na USP para derrotar Bolsonaro, o golpismo e as reformas

Hoje, 18 de outubro, acontece a assembleia de trabalhadores da USP para discutir as tarefas dos trabalhadores diante da atual conjuntura e o avanço da extrema direita. Elaboramos essa carta colocando a necessidade urgente de formar um comitê de base da USP contra Bolsonaro, os golpistas e as reformas.

quinta-feira 18 de outubro de 2018 | Edição do dia

O golpe institucional, com interferência direta do imperialismo em conluio com a Lava Jato e a Rede Globo, seguido da absurda manipulação dessas eleições pelo Judiciário e das ameaças das Forças Armadas para impedir que a população pudesse votar em quem quisesse, favoreceram candidatos que expressam os interesses mais reacionários do país. Se apoiam no sentimento de anti-petismo para continuar os ataques de Temer, com mais privatizações, reformas, além de aumentar a repressão aos indígenas e trabalhadores do campo, a serviço do agronegócio, e o genocídio aos negros e pobres pela polícia militar, alentando um ambiente social que já deu lugar ao ataque à irmã de Marielle Franco e ao assassinato de Mestre Moa.

Estamos diante da possibilidade de vitória presidencial de Jair Bolsonaro, herdeiro de ditaduras militares sanguinárias e dos ataques do governo golpista de Temer, o representante mais selvagem de toda a política econômica de reformas e ajustes que a burguesia pretende impor contra os trabalhadores. Mesmo no cenário em que ele perca as eleições, as forças reacionárias anti-operárias que as ações autoritárias e arbitrárias do Judiciário e dos militares despertaram se mantém como um enorme perigo para as trabalhadoras e trabalhadores, mulheres, negros, LGBTs, indígenas e todo o povo pobre.

Um governo Bolsonaro-Mourão, eleito a partir de absurda manipulação dessas eleições, que possa atacar como querem os empresários, com o apoio do congresso reacionário, pode até manter uma aparência supostamente democrática, mas será marcado pelo autoritarismo e repressão. Os métodos que foram usados contra Lula serão usados para amedrontar e perseguir todo e qualquer sindicato ou movimento social que queira lutar. Mas se for preciso, não tenhamos dúvida, não terão nenhum problema em sacrificar as instituições “democráticas” e governar através do Poder Executivo apoiado diretamente sobre as polícias e as Forças Armadas.

Somente a mobilização independente da classe trabalhadora, dirigindo a indignação da juventude, dos negros das mulheres, LGBTs, sem-tetos e sem-terras nas ruas, greves e ocupações pode verdadeiramente fazer frente ao avanço do autoritarismo e da extrema direita. É possível dissolver o grande bloco que Bolsonaro construiu nessas eleições, porque existe nele importantes setores que ainda não compreendem o plano de conjunto do ex-capitão e do general da reserva Mourão para liquidar todos os seus direitos, e votam sem apoiar realmente essas medidas, mas enganados pelas manipulações golpistas impostas sobre essas eleições.

Para enfrentar essa dinâmica sabemos que o PT é impotente. Além de governarem por anos conciliando com os capitalistas, assimilaram seus métodos de corrupção e se vangloriam de ter garantido o lucros dos patrões. O 2º mandato de Dilma começou com a aplicação dos ajustes contra a classe trabalhadora, e com isso terminou de desmoralizar sua própria base social, abrindo caminho ao golpe que colocou Temer no governo para avançar mais rapidamente com os ataques. A estratégia puramente eleitoral, de contenção da luta de classes, tenta canalizar o descontentamento para o terreno dos votos e terminou sendo incapaz de oferecer qualquer resistência séria ao golpe institucional. Uma vez na oposição, sua política de responder ao ódio destilado pela Lava Jato e pela Rede Globo com ilusões no Poder Judiciário e nas eleições terminou sendo completamente impotente para frear o avanço da extrema direita.

Ainda assim, a nossa classe não está derrotada! Ano passado protagonizamos duas grandes paralisações nacionais que frearam a reforma da previdência de Temer, e só não aumentamos nossa luta para frear a reforma trabalhista porque a CUT e a CTB (dirigida pelo PT de Haddad e o PCdoB de Manuela D’Avila) contiveram a energia de nossa classe para canalizá-la por dentro de sua estratégia eleitoral. Precisamos desde já nos preparar para os combates que estão por vir organizando uma força militante nos locais de trabalho e de estudo que seja capaz de impor a unidade na ação dos sindicatos e movimentos sociais para enfrentar os ataques da extrema direita de forma não rotineira, ou seja, impor uma ampla frente única da classe trabalhadora que responda com uma firmeza à altura dos ataques, sem o que será impossível quebrar o bloco reacionário que se constituiu por trás de Bolsonaro.

Os trabalhadores da USP, que se posicionaram contra o golpe institucional e contra a prisão arbitrária de Lula, que estiveram no front de batalha na greve geral de 28 de abril e 30 de junho, que foram à Brasília contra Temer e as reformas, precisam ser parte ativa da luta contra a extrema-direita, Bolsonaro e o pacote de ajustes e reformas que a burguesia quer impor contra a classe trabalhadora.

Nós, que fomos parte dessa batalha junto dos trabalhadores da USP, sempre com uma política independente do PT, e hoje, frente à excepcionalidade dessas eleições brutalmente manipuladas, que favorecem o autoritarismo herdeiro da ditadura, que quer impor de fato uma mudança reacionária de regime, achamos que os trabalhadores da USP devem acompanhar o ódio e a vontade de luta contra Bolsonaro votando criticamente em Haddad.

Não vamos combater o golpismo e a extrema direita tentando atrair supostos aliados dos partidos neoliberais e golpistas tradicionais, como o PSDB, que foram derrotados nas eleições, ou com a Igreja Católica, que nega o direito ao aborto. Precisamos formar um grande e massivo comitê de trabalhadores da USP para organizar a batalha contra a extrema direita, o golpismo e as reformas, que lute pelo não pagamento da dívida pública, o aumento salarial de acordo com os índices do DIEESE, igual salário entre efetivos e terceirizados, contratações de funcionários efetivos pela USP, a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, e a partilha das horas de trabalho entre empregados e desempregados. Não podemos permitir que Bolsonaro ataque nossos salários e nossas famílias!

Só nos mobilizando desde a base é que vamos conseguir construir uma força que seja capaz de enfrentar Bolsonaro e seus aliados no exército, no judiciário, nas mídias, e na patronal todos apoiados e financiados por grandes grupos econômicos.

Divulgue, assine, entre em contato com os trabalhadores que assinam esse chamado e participe.

Assinam o presente chamado:

Adriano Favarin, FO e Diretor do Sintusp; Alexandre Jacinto de Souza, SAS; Antônio Batista Nascimento, PUSP; Bárbara Della Torre, HU e Diretora do Sintusp; Bruno "Gilga" Rocha, FFLCH e membro do CDB - Sintusp; Caio Leão, HU e membro do CDB - Sintusp; Carlos Alberto Gameiro, PUSP; Claudionor Brandão, Diretor do Sintusp; Cleber de Oliveira, FE e membro do CDB - Sintusp; Cristiano Trindade, FAU; Dalcio Aurélio Milanesi, HU; Décio França, PUSP e membro do CDB - Sintusp; Diana Assunção, FE e membro do CDB – Sintusp; Elenice Rocha Santos, SAS; Ezequiel Leite de Barros, PUSP; Fábio Alcântara dos Anjos, SAS; Gerson José da Silva, PUSP; Ilka Aparecida Costa Pereira, FFLCH; Jadiel Silva Cunha, PUSP; Joel Fernandes dos Santos, PUSP; José Adeilton Feitoza, PUSP; José Antonio da Silva, PUSP; José Maria Pires, PUSP; José Tadeu de Souza Leite, PUSP; Juarez Cavalheiro da Motta, PUSP; Julia Soares Bayerlein, ECA; Marcello Pablito dos Santos, SAS e Diretor do Sintusp; Mariana Almeida Silva, SEF; Marília Lacerda, HU e membro do CDB - Sintusp; Mary Coseki, EF e membro do CDB - Sintusp; Michelle Odete Santos, FFLCH; Patricia Galvão, FFLCH e Diretora do Sintusp; Rodolfo Ferronatto de Souza, PRCEU e membro do CDB - Sintusp; Rosana Bullara, FE; Samantha O. Queiroz, HU; Teresa Cristina Teles, FFLCH; Vanda Silva, Saúde Pública; Vilma Maria da Silva, SAS; Yuna Ribeiro Conceição, FFLCH e membro do CDB - Sintusp




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