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quarta-feira 31 de agosto de 2016 | Edição do dia

Devido um post em formato de “meme”, misógino, em que ameaça as mulheres feministas, o corretor de imóveis Jaufran Siqueira Júnior, 25, integrante do Partido da Mobilização Nacional (PMN), e candidato a vereador em Natal (RN) foi alvo de duras críticas, o candidato expôs sua mentalidade violenta e machista de maneira naturalizada, e ainda se justificou falando ser apenas uma brincadeira. O post recebeu um "vomitaço" e foi denunciado à ouvidoria do TRE-RN (Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte).

A postagem pode ser entendida como crime previsto no Art. 243 do Código Eleitoral. A lei 4737/65 institui que "não será tolerada propaganda: III - de incitamento de atentado contra pessoa". Além disso, o candidato também foi notificado por e-mail pela Justiça Eleitoral sobre a ilegalidade da postagem. A informação é que o caso será visto hoje por uma juíza eleitoral, e caso a propaganda seja considerada irregular, o candidato pelo PMN poderá ser multado em até R$ 10 mil.

Em nota oficializando o processo de expulsão, a presidência do partido, afirma considerar a postagem uma afronta "à luta de emancipação e à dignidade das mulheres em nossa sociedade". E informa que além da expulsão, um processo disciplinar será encaminhado ao TRE para barrar a candidatura do corretor de imóveis à Câmara Municipal.

A postagem que se tornou polêmica nacional como mais uma manifestação desse machismo, nem sempre velado, mostra uma casa queimando ao fundo com uma criança olhando para a câmera, seguida da frase, "Olha só o que vai acontecer com as feministas quando Jaufran for eleito vereador".

Na visão do candidato, expressa por meio de uma publicação no Facebook, o mesmo defende que Natal é "uma cidade em que as piadas precisam ser explicadas". Assim, ele afirma: "Sou totalmente contrário ao movimento feminista em virtude desse movimento não defender os valores da mulher, mas sim transformá-la em um mero objeto de ação social cujo a finalidade não é a ascensão da mulher na sociedade, mas só e somente só a destruição de uma cultura que foi construída ao longo dos últimos 2000 anos no mundo ocidental", choraminga o defensor da família tradicional e machista e heterofóbica e racista que pensa ele, ser a brasileira.

Para justificar seu posicionamento, alega - por meio de citações do livro "A Dialética do Sexo", de Shulamith Firestone, sua posição contrária às feministas pelo fato do movimento ser "a favor da pedofilia e da destruição da família". "Minha oposição ao feminismo tem como base isso dentre outras coisas", expõem ele, sua limitação de analisar os fatos de uma sociedade seriamente violenta para mulheres e LGBTs, e ainda mais, de aceitar pensar uma mulher ou ainda família, para além destas construções tão retrogradas e falhas e por muitas vezes hipócritas, que são as relações conjugais monogâmicas e patriarcais.

Como sempre, a exposição e rechaço a essas atitudes não são o suficiente, e alguns permanecem reforçar o erro. O mesmo afirmou que as acusações de "discurso de ódio e de incentivo a violência e ao assassinato de mulheres" (...) não passam de tentativas de manchar sua imagem e colar em mim um selo que jamais terá aderência", completa: "Minha vida tem sido pautada no respeito mútuo e na proteção das pessoas que comigo estão. Sejam amigas, primas, afilhadas, namoradas ou qualquer outro tipo de relação parental ou amorosa", afirma, no caso, que as pessoas que não estão com ele, ou não concordam, não deve haver respeito ou proteção, porque há o conservadorismo que ele promete em suas campanhas para vereador em Natal, que é homofóbica e machista, e é a cara dessa direita que tem se tornado cada vez mais visível, risível mas também tenebrosa por sua violência.

Na tarde de hoje, foi divulgado que Jaufran Siqueira foi alvo de mais de 1,8 mil denuncias na Justiça Eleitoral através do sistema “Pardal Eleitoral” do TRE. O Ministério Público pede a imediata retirada desta e de outras cinco postagens, onde é apontada incitação de violência e discriminação contra mulheres, negros, jovens em conflito com a lei, feministas, homossexuais e afins.

“Em razão disso, o Ministério Público Estadual, através da 68 Promotoria da Mulher, vem requerer a retirada da propaganda eleitoral referida, por respeito à legislação eleitoral, Lei Maria da Penha e Constituição Federal, condenando o representado no pagamento da multa correspondente, bem como todas as outras sanções previstas na legislação pertinente”, afirmou as seis representações. O valor da multa varia entre R$5 mil e R$30 mil e pode ser aumentado de acordo com a quantidade de postagens e repetições do conteúdo nas redes.

Ainda que muito possivelmente o mesmo perca a possibilidade de disputar uma cadeira na Câmara Municipal este ano, ele permanece sendo um defensor assíduo do que nomeia de “ideologia de gênero” bem como faz coro a campanha pela aprovação do Projeto de Lei “Escola Sem Partido”. Torna-se bastante claro também, o que é que ele não quer discutir em meio a tantas destas questões.

Meu recado: “Se cuida, se cuida, se cuida seu machista. América Latina vai ser toda feminista!”




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