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GREVE NA USP | Café da manhã com trabalhadores e estudantes na Ocupação da Letras – Aliança Revolucionária

No dia 13 de maio, estudantes da Letras e trabalhadores da FFLCH realizaram um café da manhã conjunto e roda de conversa sobre a greve a ocupação da Letras.

Patricia GalvãoDiretora do Sintusp e coordenadora da Secretaria de Mulheres. Pão e Rosas Brasil

domingo 15 de maio de 2016 | Edição do dia

Foi um começo tímido, um grupo de trabalhadores foi se juntando de um lado, enquanto estudantes, de outro, arrumavam uma linda mesa de café da manhã, com direito a salada de frutas, pães e sucos! Uma jornalista, da TV Brasil, estava lá para acompanhar a ocupação, ficou impressionada com a atividade.

Aos poucos, os menos tímidos, foram chegando mais perto, deixando suas contribuições na rica mesa. Jéssica, estudante e diretora do CAELL (Centro Acadêmico da Letras e Linguística), com sorriso no rosto foi chamando um a um, perguntando seus nomes, querendo saber onde trabalhavam. Buscando entender a participação dos trabalhadores nessa grande universidade que é a USP.

A garoa fina, típica desses dias frios de São Paulo, nos levou para dentro do prédio ocupado. Lá, tudo limpo! Uma estudante chamava voluntários para a comissão de limpeza que lavaria os banheiros. Vários estudantes a seguiram. Letícia, também aluna e diretora do Caell, chamou todos a uma roda de conversa, dezenas de estudantes e trabalhadores, para se apresentarem, se conhecerem e externarem o que estavam sentido, como parte dessa luta em defesa da universidade e contra o desmonte da USP.

Silêncio, ainda todos tímidos. Um trabalhador, da história, falou! Silêncio... Mais um! E mais um! E uma estudante se apresentou, surpresa pelo que via ali! Outra, ocupou a escola no ano anterior e via com orgulho a luta continuar. Havia aqueles que estavam céticos em relação ao movimento e que, ao estar ali presenciando a história, mudaram suas lentes, viam algo novo, uma porta se abrindo!

Trabalhadores falaram, fazia muito tempo que queriam ser ouvidos! Alguns estavam há mais de trinta anos trabalhando na USP e nunca tinham podido falar tanto e serem ouvidos na mesma medida. Da administração aos prédios didáticos, na biblioteca tantos trabalhadores ali, sustentando as estruturas, fazendo a faculdade funcionar puderam ter nome, rosto.

Tantos estudantes também puderam falar, falar de greve, falar de esperança! Pela primeira vez na história daquela faculdade havia ali uma ocupação viva! Que se coloca por mais contratações, em defesa da universidade para todos, em defesa dos trabalhadores precários terceirizados! Nenhum ceticismo pode resistir quando há tanta luta acontecendo e quando há uma unidade tão poderosa se forjando.

Ao final, um discurso comovente de quem enfrenta a opressão cotidianamente mostrou como essa aliança, da juventude com a classe trabalhadora, pode ser revolucionária. Cris Rose, travesti, estudante de Letras, relembrou do assassinato de Eric Garner em Nova Iorque, nos EUA, pelas mãos da polícia. Garner, ao ser enforcado disse, suas últimas palavras, “eu não posso respirar”. Desde então o mote, para denunciar a opressão aos negros, mas também as mulheres, aos homossexuais, às travestis, tem sido “eu não posso respirar”, pois a opressão do sistema capitalista impõe aos oprimidos um sufocamento diário. Cris, no entanto, afirmou, com lágrimas nos olhos, que há muito sentia que não podia respirar, mas que, ao estar ali, trocar experiências, sentia de novo o ar encher seus pulmões.

Ao final gravamos um vídeo de apoio aos secundaristas que naquela mesma manhã haviam sido brutalmente reprimidos pela polícia de Alckmin que autorizou, sem ordem judicial, a reintegração de posse das escolas técnicas ocupadas, prendendo dezenas de estudantes em luta.

Rompemos os muros da universidade, a luta unificou: Secundas, Universidades e Professor!

Por todo país, lutar contra os cortes na educação e os ataques dos governos, greve geral da educação!




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