A Ford de São Bernardo do Campo (ABC paulista), anunciou o encerramento das atividades da fábrica da região e a consequente demissão de 3200 trabalhadores e trabalhadoras ligados a empresa. A prefeitura de São Bernardo, por outro lado, prevê ao menos mais duas mil demissões indiretas por impactos na cadeia produtiva.
quarta-feira 20 de fevereiro de 2019 | Edição do dia
(Wagnão, presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo [CUT-PT])
Um violento ataque contra uma importante concentração operária do país, feita na base da chantagem pela empresa, que desde janeiro vem anunciando a intenção de encerrar as atividades em busca de melhores concessões dos governos para seguir garantindo seus lucros.
Alegando necessidade de encontrar “retorno à lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul”, a empresa destinará milhares de famílias a uma situação de desemprego em um contexto de desemprego latente e substituição de empregos formais por vagas intermitentes, rotativas, aos moldes da Reforma Trabalhista.
A situação se mostra ainda mais grave para essas famílias diante da atuação da diretoria do sindicato, dirigido pela CUT (central ligada ao PT). Sabendo das ameaças de fechamento desde janeiro, o que tinha sido organizado pelo sindicato até então era um vazio “estado de luta”, enquanto negociavam com a patronal pelas costas dos trabalhadores.
Poucas horas antes do anúncio oficial da Ford ontem à imprensa, a diretoria do sindicato reuniu milhares desses trabalhadores para dar o aviso e pior, mandar todos para a casa, de mãos vazias, sem qualquer discussão de como seriam revertidas essas demissões, falando que se tratava de uma “ordem” de greve por parte do sindicato. Assista ao vídeo:
A CUT divulgou em seu site a notícia de que essa “imposição” à categoria (mandar todos para a casa) significava uma greve efetiva, o que não passa de uma completa mentira aos próprios trabalhadores. Ao mandar todos para casa, falando em nova assembleia na terça, garantiram a paz que a Ford precisava para encerrar as suas atividades.
Na realidade o que fazem é adiantar o processo de demissão, fazendo os “recursos humanos” da empresa, botando todo mundo no pijama, para dizer que não há mais o que ser feito agora.
É um escândalo por parte da CUT, que atua como uma máquina de desmoralização dos trabalhadores, pedindo calma no dia de ontem aos milhares de familiares ameaçadas.