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OPOSIÇÃO DÓCIL | CUT deixa a luta contra o golpe para julho

Em reunião na terça-feira, 24, a cúpula da CUT deixou explícita a posição do “volta Dilma” e sua política de conciliação com os ataques a classe trabalhadora. Não propõe nenhum plano imediato de lutas contra o governo golpista que já se articula para aprofundar os ataques aos trabalhadores.

Maíra MachadoProfessora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

domingo 29 de maio de 2016 | Edição do dia

As resoluções do encontro foram divulgadas no site e enumeram os muitos ataques que a equipe econômica de Temer pretende realizar: privatização do petróleo, cortes sociais na educação e saúde, arrocho salarial no serviço público, aprofundar a terceirização e a reforma da previdência.

A nota também faz uma análise da situação política do governo: seu profundo caráter antidemocrático pois nenhuma eleição o legitimou, a conspiração golpista explicitada nos áudios de Romero Jucá (agora ex-ministro do Planejamento) e apoio da mídia e do judiciário.

Toda a análise feita pela direção da CUT, que já são motivos mais do que suficientes para indignarem milhões de trabalhadores e jovens pelo país, são respondidos com um calendário estéril de lutas. Os elogios que a direção dessa central faz aos atos contra o golpe não corresponde a potencialidade dos milhões de trabalhadores que estão em sua base e que, pela proposta apresentada, terão que aguardar até julho para sair em greve geral.

Nos discursos de Lula há a promessa de “incendiar o país” com greves, fechamento de ruas e rodovias, uma vaga promessa quando olhamos a proposta da CUT. Mais do que se adaptar aos calendários estéreis de luta, fruto de sua subordinação aos 13 anos de governo petista, a direção cutista não se propõe de fato a ser uma oposição ao governo golpista.

Segundo a nota os trabalhadores teriam que aguardar as assembleias locais, encontros estaduais e, finalmente, a nova reunião da direção executiva para, daí sim, saírem em luta. Esquecem o fato que lutas já vem acontecendo, protagonizadas principalmente pela juventude nas ocupações de escolas e nas universidade e nas manifestações do MTST e de ocupações de artistas e trabalhadores da cultura.

O chamado da CUT inclui CTB e a Intersindical, todas essas centrais vem organizando greves locais fruto da desagregação econômica do país. Se desde hoje essas centrais não se proporem a articular as greves com todos os setores em luta no país, secundaristas, estudantes, setores populares e da cultura, o chamado a greve geral não incluirá e não tornará essas lutas mais fortes.

Potencializar greves como a dos trabalhadores das universidades estaduais paulistas são fundamentais para defender a educação pública. A direção cutista e das outras centrais não inclui essas lutas e adia a luta contra o golpe para julho, deixam os golpistas livres para continuar a atacar a educação, os trabalhadores e a juventude.

Como o Esquerda Diário vem levantando, devemos fortalecer todas as lutas para barrar o avanço golpista no país e construir uma alternativa política que paute uma Assembleia Constituinte imposta pela luta, essa articulação ligada a exigência de que organismos de massas como a CUT rompam com essa lógica estéril que apresentam devem se desenvolver para impor um plano de emergência contra a crise no país, que inclua medidas como a proibição das demissões e resgate do investimento nos servições públicos para que a crise seja paga pelos patrões e não trabalhadores e jovens.




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