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ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE NO CHILE | CHILE: O caminho da mobilização e da luta: a única garantia para derrubar toda a herança de Pinochet

O triunfo da aprovação mostra que existem forças. Não podemos permitir que os mesmos velhos partidos tradicionais usurpem nossas reivindicações e lutas. É preciso retomar o caminho da mobilização na perspectiva de uma greve geral para varrer toda a herança de Pinochet.

quarta-feira 28 de outubro de 2020 | Edição do dia

A esmagadora votação da Aprovação é um novo exemplo claro do que as ruas já haviam instalado: o povo se manifestou categoricamente para acabar com esses 30 anos de herança da ditadura militar. É um voto contra Piñera e seu governo, e é também um voto pelas demandas que a luta colocou sobre a mesa, como o fim das AFPs ou da educação de mercado.

Neste momento, a confiança do povo em si é enorme, após a derrota eleitoral imposta à direita do rechaço, e justo em um mês em que, aos poucos, as mobilizações voltaram à cena, como resposta de setores frente aos ataques repressivo de Piñera.

Mas não podemos nos iludir, a guerra não foi ganha ainda. A ex-Concertación, mas também a Frente Ampla e mesmo o Partido Comunista, com mais ou menos nuances, querem que acreditemos que com este voto a herança de Pinochet e sua Constituição foram definitivamente enterradas, mas os defensores e administradores desse legado ainda têm muitas ferramentas e armadilhas a seu favor, que devemos enfrentar e derrotar.

Não devemos esquecer que para eleger os convencionais será através do sistema eleitoral D’Hondt, que privilegia os partidos tradicionais dos 30 anos, e que a existência de quorum de 2/3 para a tomada de decisões favorece uma minoria que terá o poder veto de fato. E não estamos falando apenas da direita de Pinochet, estamos falando da ex-Concertación que aprofundou o modelo neoliberal e que administrou alegremente o trabalho do ditador.

Desta forma, aproveitando essas armadilhas, procuram desviar as energias das ruas para um marco institucional que lhes seja favorável, onde possam mudar algumas coisas para que o cerne da herança e do modelo Pinochet realmente persista.

E enquanto o buscam através das armadilhas do processo, por outro lado, o governo reprime violentamente cada mobilização, assassinando a sangue frio como aconteceu no caso de Aníbal Villarroel na cidade de La Victoria no domingo, 18 de outubro.

Por sua vez, mantêm na prisão cerca de 600 presos políticos da revolta para punir os que saíram à luta e desenvolvem um ardiloso discurso de “condenação à violência” no qual cai a oposição para isolar os que lutam.

E por sua vez, essa mesma oposição ao enfrentamento dos 2/3 nos diz que o caminho é o caminho da unidade das forças políticas fora da direita, tentando nos convencer de que essa "ampla unidade" seria favorável ao povo, quando na realidade é apenas para dar votos aos que co-governaram com a direita no caso da ex-Concertación, aos que assinaram o Acordo de paz nas costas do povo e aprovaram a lei antimobilização no caso da Frente Ampla, ou que ratificou o acordo e aprovou a lei de suspensão do emprego no caso do Partido Comunista.

A única garantia é o caminho de mobilização dos trabalhadores: Plano de luta para retomar a perspectiva da greve geral!

Não devemos abandonar as ruas, como dizem dezenas de milhares, porque nada ganhamos. Mas devemos ir mais longe. É preciso preparar o terreno para conquistar uma força ainda maior que a de outubro, não basta marchar todas as semanas. Devemos exigir que a burocracia sindical, as grandes centrais como a CUT, rompam sua trégua e organizem um verdadeiro plano de luta para enfrentar a repressão de Piñera, acabar com a impunidade, conquistar a liberdade dos presos políticos da revolta e do Povo Mapuche e para conquistar um programa de emergência diante da crise econômica e de saúde.

Um plano de luta que fortaleça as instâncias de auto-organização como comitês territoriais e assembléias, que reativa as federações e sindicatos, que busca trazer à cena setores estratégicos da classe trabalhadora como estivadores, mineiros e florestais com todas as suas potencialidades.

Retornar a esse caminho nos permitirá reabrir o caminho de outubro, tendo em vista a greve geral, única forma de realmente derrotar os guardiões da herança Pinochet.

Para acabar com as AFPs, para acabar com a mercantilização da saúde, para acabar com as demissões e ganhar a distribuição da jornada de trabalho para acabar com o desemprego, vamos precisar de um choque muito maior que o da rebelião de 2019. Um panelaço como 10% dos AFPs não será suficiente . Para ir por tudo, precisamos de mais, e as forças estão aí.

Seguir por esse caminho para conquistar a aliança de luta da classe trabalhadora com os setores populares é a única garantia de que o povo tem para vencer, e para que os mesmos de sempre, com seus truques e armadilhas, não saiam vitoriosos.

É por isso que desde o PTR- Partido dos Trabalhadores Revolucionários e o Esquerda Diário Chile lutamos por esse caminho, e para contribuir nessa luta e intervir no processo constitucional apelamos a todas as organizações políticas que se consideram revolucionárias, às Assembleias Territoriais, aos jovens que saíram para lutar, para organizarmos juntos uma grande Frente Anticapitalista dos trabalhadores que lutam por essa perspectiva.




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