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CENSURA | CENSURA: UFPE censurou video de professor que criticava negacionismo de Bolsonaro

Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marco Mondaini acusa a reitoria da instituição de censurar vídeo que defende a importância do isolamento social como forma de prevenção à Covid-19, em oposição ao negacionismo defendido por Bolsonaro

terça-feira 23 de março de 2021 | Edição do dia

Fonte: Ascom Sindsep-PE

O professor Marco Mondaini entregou o seu cargo de diretor do Núcleo de TVs e Rádios Universitárias (NTVRU) da UFPE, após sofrer censura por parte da reitoria da UFRN. Ele disse que "não há dúvida de que houve censura".

Na sexta (19), a coordenação de jornalismo da instituição lançou um vídeo solicitado pelo NTVRU defendendo a importância do isolamento social como forma de prevenção à Covid-19. O vídeo consiste de uma série de manchetes de notícias sobre o caos gerado pela pandemia e pelo (des)governo de Bolsonaro e governadores.

Uma das manchetes do vídeo diz: "Bolsonaro diz que lockdown ’não dá certo’ e volta a criticar governadores".

O vídeo se encontra na íntegra em reportagem da Folha

O professor tentou se defender dizendo: "Era uma manchete, não havia nenhum ataque ao presidente, nenhuma adjetivação". O professor disse que no mesmo dia ele compartilhou o vídeo em um grupo de WhatsApp com membros da gestão da UFPE.

"Quando eram 19h30, tocou o meu telefone. Era a superintendente de comunicação dizendo que o reitor havia solicitado a retirada da referencia ao Bolsonaro", conta Mondaini. "Eu imediatamente disse que não concordava, que não faria isso. Que sairia em defesa dela e pela manutenção do vídeo do jeito que ele se encontrava. Ato contínuo, coloquei o meu cargo à disposição."

"Menos de uma hora depois, ela me ligou comunicando que o reitor havia aceitado o cargo."

A UFPE rebateu o professor em nota dizendo que "causou estranhamento a posição do ex-diretor do Núcleo de TV e Rádios Universitárias de colocar o cargo à disposição sem procurar dialogar".

Mondiane acusou a posição da UFPE de "covarde". "O assunto de censura não está presente em nenhum momento daquela nota. Eles procuram me responsabilizar pelo ato de censura, dizer que não fui aberto ao diálogo, que me neguei a dialogar, que e a crise teria se aberto por isso".

"Não existe censura soft ou censura hard. Isso representa claramente um ato de censura", alega Mondiani. "Não há diálogo quando o assunto é censura. O que já está acontecendo na sociedade brasileira também está acontecendo dentro das universidades."

A UFPE, buscando blindar Bolsonaro através de medidas autoritárias como essas, respondeu que "foi solicitada a retirada da menção ao nome de qualquer político em um vídeo institucional, por considerar que essa personalização não é salutar e não reflete o espírito de resistência dialógica e republicana de uma instituição pública".

"Constantemente, a UFPE se posiciona contra a condução do enfrentamento à pandemia sem precisar citar nomes, como nesta nota divulgada na semana passada, quando mais uma vez foi defendido o isolamento social e o uso de máscaras e criticado o tratamento precoce contra a Covid-19."

Esse é mais um dos casos de censura e de intimidação que vem recorrentemente ocorrendo contra os opositores do governo Bolsonaro. Na semana passada vimos o caso da intimação ao youtuber Felipe Neto, assim como de jovens no Twitter e manifestantes que penduraram cartazes contra o presidente em Brasília, na última quinta-feira, 19. A Lei de Segurança Nacional, criada durante a ditadura militar, e intocada pela "democrática" Constituição de 1988, permite que Bolsonaro e seus caciques censurem aqueles que o critiquem justamente no pior momento da pandemia e em que o seu governo se encontra em crise.

Essas medidas, típicos de regimes autoritários e ditatoriais, devem ser amplamente rechaçados, pois estas medidas servem para que fiquemos passivos e amedrontados diante dos ataques e o descaso com as vidas do povo pobre e trabalhador brasileiro.




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