Os policiais reprimiram brutalmente nesta quinta-feira a primeira marcha estudantil do ano no Chile.
sexta-feira 26 de abril de 2019 | Edição do dia
Cerca de 10.000 jovens se reuniram nesta quinta-feira na Praça Itália da capital chilena para participarem da primeira marcha estudantil do ano. Os policiais reprimiram brutalmente a mobilização com veículos com jatos d´água, gases lacrimogêneos e um veículo que joga gás pimenta e lacrimogêneo, chamado “zorillo”.
Carabineros termina la marcha estudiantil en Chile, con desmedido uso de químicos y una represión brutal. @ConexiontlSUR pic.twitter.com/AEDFPKSc5t
— Paola Dragnic (@PaoladrateleSUR) 25 de abril de 2019
Apesar da principal consigna da mobilização convocada pelos estudantes ter a ver com o endividamento que sofrem pelo sistema de educação paga, as problemáticas que hoje afligem a juventude são mais amplas.
O governo de Piñera, que vem golpeado por uma permanente deterioração de sua imagem, tem decidido fazer uso de um discurso de maior segurança e atacar ao mesmo tempo a juventude. Para fazê-lo, tem apresentado projetos como “aula segura”, o controle preventivo da “identidade” e o programa “escolha viver sem drogas”. Uma série de medidas repressivas com as quais busca amedrontar a juventude e mantê-la fora das ruas.
Este aumento do discurso de segurança e os projetos para criminalizar a juventude tem como pano de fundo o polêmico tratado de livre comércio, o TPP 11, que ataca em diversos sentidos os direitos da população e põe a frente somente os lucros das multinacionais. Isso gerou muita indignação na juventude em amplos setores da sociedade.
Neste marco, a repressão aos estudantes que nesta quinta se mobilizaram não tardou. A atuação prepotente das forças especiais, com controle preventivo de identidade nos caminhos à concentração da marcha e, depois disso, a forte repressão com a qual atuaram, lançando água com químicos, gases lacrimogêneos, reprimindo brutalmente e prendendo vários jovens somente por manifestarem-se, mostra mão do governo.
As forças especiais policiais, as mesmas que em 2015 assassinaram Nelson Quichillao e que ano passado assassinaram Camilo Catrillanca, são as mesmas que hoje reprimem e golpeiam centenas de estudantes.