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MACHISMO | Bruno, assassino de Eliza Samudio, já tem oferta de emprego e é queridinho da mídia

sexta-feira 3 de março de 2017 | Edição do dia

Atualizado em 06/03

O caso do assassinato de Eliza Samudio, cometido pelo goleiro Bruno e seus cúmplices, entre eles um ex-policial, revela todo o ódio e crueldade existente contra as mulheres em nossa sociedade.

Eliza, muito antes de ser assassinada havia sofrido agressões e ameaças por parte do goleiro. A lei Maria da Penha, que deveria amparar mulheres nessas condições, supostamente não se aplicava no caso de Eliza porque esta não possuía uma relação estável com Bruno. A lei não amparou Eliza, dificilmente seria de outro jeito. Isso porque os ministros, parlamentares, os engravatados que criam as leis não estão a serviço dos interesses das mulheres, trabalhadoras, negras, jovens, e mães que lutam e resistem por seus direitos.

Feminicídio. Misoginia. Bruno matou Eliza porque ela ao se recusar a fazer um aborto forçado e dar a luz a seu filho, exigiu o reconhecimento de paternidade. Exigiu nada mais que seus direitos, escassos em uma cultura predominantemente machista na qual mulheres são tratadas como objetos, mera mercadorias de consumo dos homens.

Tão chocante quanto os dados de que a cada 1h30 uma mulher é assassinada por um homem no Brasil, é a forma como a mídia trata isso. Essa semana, após 6 anos preso, tendo sido condenado a 20 anos de prisão pela morte de Eliza, Bruno foi solto, mal saiu da prisão e já recebeu propostas de emprego de clubes de futebol em Brasília, Minas gerais e Rio de Janeiro. O futuro do assassino está garantido, Eliza morta.

Mesmo depois de Macarrão, amigo de infância do Goleiro Bruno ter confessado o crime, de seu irmão ter declarado saber a localização de onde foi enterrado o corpo de Eliza, as recentes manchetes da grande mídia sobre a soltura do goleiro, tratam como se ele supostamente houvesse assassinado a moça, ou então como se ela tivesse simplesmente sumido.

Outras reportagens dão conta de expressar sobre como o Goleiro Bruno tem admiradores ao tirar selfies com fãs na porta de um fórum em BH. Todas as matérias da grande mídia ressaltam o futuro promissor de Bruno, ele está com sua mulher em casa, recebeu propostas de trabalho, e se tornará garoto propaganda da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), algum sistema alternativo de regime prisional supostamente humanizado que atende uma porcentagem ínfima dos presos brasileiros.

Em outra reportagem, nós do Esquerda Diário denunciamos a apologia da mídia e da justiça contra as mulheres, que atribuem o assassinato milhões de mulheres a desavenças em relacionamentos que deram errado. Tratam o feminicídio como um crime passional e não um crime de ódio contra as mulheres.

A 5 dias do 8 de março todas nós, mulheres, vamos sair às ruas para dizer basta de violência machista, basta de assassinatos de mulheres. Eliza Samudio estará presente, viva em nossa memória assim como milhões de mulheres assassinadas, estupradas e violentadas por homens pelo motivo de serem mulheres. Sairemos às ruas aos milhares para gritar Nenhuma a Menos!




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