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MARIELLE PRESENTE | Bolsonaro sobre Marielle: um assassinato como qualquer outro

Após meses calado sobre o assassinato de Marielle, acovardado pelo ódio popular contra o Estado e a polícia, Bolsonaro deu suas palavras sobre esse acontecimento: "mais uma morte no Rio de Janeiro".

terça-feira 24 de abril de 2018 | Edição do dia

Não era possível esperar qualquer declaração minimamente democrática vindo do ex-militar carioca, saudosista da ditadura, defensor ferrenho da repressão e da polícia que sujou suas mãos para silenciar uma mulher negra, da esquerda, avessa à polícia nas favelas e a intervenção com braço militar nos morros. Há um mês, com medo de se queimar perante o ódio popular gerado, Bolsonaro se negou a fazer qualquer declaração sobre o caso.

Ao Globo, Bolsonaro declarou: "Para a democracia não significa nada. Mais uma morte no Rio de Janeiro e temos que aguardar a investigação". Em outras palavras, um crime que tem o Estado e a polícia como principais suspeitos de serem os mandantes, não parece significar nada para o presidenciável, para além de um crime comum. Tão comum que as perícias apontam ter sido um assassinato preparado, com câmeras desligadas e precisão.

É repugnante tamanho menosprezo pela vida de uma mulher negra, que direitosos como Alckmin não puderam demonstrar nessa mesma entrevista. Como ela mesma denunciava, cotidianamente foi a polícia que tornou esse tipo de atentado contra as vidas negras algo "comum", justamente nas favelas, berço das contradições mais decadentes do capitalismo, mas também de muito ódio explosivo. E o que Bolsonaro acha comum é que essa realidade exista, e que deva ser tratado a chumbo pelos seus amados policiais e militares, longe de serem a solução para o crime e o narcotráfico.

E sua "investigação" segue sendo pelas mãos dessa mesma polícia, desse mesmo Estado, principal suspeito do assassinato de Marielle e Anderson. Não podemos esperar Justiça deles, que até mesmo Bolsonaro confia. Somente uma investigação independente poderá responder a angústia de milhões que saíram às ruas contra a sua morte. E será das ruas que ela virá, impondo uma investigação independente, com parlamentares do PSOl, especialistas em violência policial, organizações de direitos humanos dos morros, e representantes legítimos das ruas.




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