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INTERNACIONAL | Bolsonaro sela acordo de cooperação militar com EUA sem garantias contra taxações de Trump

segunda-feira 9 de março de 2020 | Edição do dia

No último domingo, dia 8, os governos do Brasil e dos EUA assinaram o Acordo de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação (RDT&E, sigla em inglês), que é um próximo passo na aproximação militar dos dois países desde que o Brasil foi designado como aliado extra-OTAN, reforçando a influência imperialista na América Latina.

O acordo em questão, firmado em visita do presidente Jair Bolsonaro à sede do Comando Sul dos Estados Unidos, tem como foco o desenvolvimento de tecnologias na área militar. O Ministério da Defesa brasileiro e o Departamento de Defesa dos EUA possuem ambos seus próprios interesses nessa aproximação.

Por um lado, o governo brasileiro está interessado na possibilidade de ter acesso a um fundo de quase U$ 100 bilhões, além de facilitar a entrada de produtos brasileiros nos 28 países da OTAN, já no caso norte-americano, o interesse é em aumentar sua influência militar e econômica, e especialmente aumentar sua capacidade de intervenção geopolítica na América Latina.

Sabemos como os EUA tentam de forma recorrente interferir na política de diversos países, com o objetivo de facilitar seus interesses internacionais, como foi no caso de tentativa de golpe fracassado na Venezuela e também na sua participação indireta no golpe institucional que aconteceu no Brasil em 2016, a declaração de Craig Feller, Almirante da Esquadra da Marinha americana, aponta para esse sentido, como fica claro quando diz, entre outras coisas, que: "Hoje discutimos sobre oportunidades e ameaças que minam a democracia e a estabilidade nos Estados Unidos e no Brasil".

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Neste aspecto não está de fora a Guerra comercial entre EUA e China, e a preocupação do governo norte-americano de manter sua hegemonia. Além disso, Trump já descartou quaisquer expectativas de que mais essa aproximação posso influenciar o governo dos EUA a retirar taxas a produtos brasileiros, ao ser questionado sobre o assunto, o presidente norte-americano disse "não poder fazer nenhuma promessa".

A declaração de Trump só deixa mais gráfica a subserviência de Bolsonaro ao imperialismo, que mesmo sem oferecer nenhuma certeza de benefícios para o estado brasileiro, mantém o presidente brasileiro sob sua asa.

Agora, esse avanço de ordem militar das relações entre os dois países deve ser mais uma tentativa de Trump de minar a influência chinesa no país, com quem o Brasil mantém um certo nível de subserviência também devido a tremenda dependência do agronegócio a exportação para a China. Isso coloca o governo brasileiro "para jogo" na disputa entre projetos imperialistas.

É justamente dessa postura do governo brasileiro de depender de ambos os países que deriva a declaração de Trump, já que o objetivo do governo norte-americano é justamente desgastar a influência e as relações da China com outros países para minar a capacidade chinesa de se alçar cada vez mais como potência.

Enquanto a disputa entre China e EUA segue, as perspectivas econômicas a nível mundial pioram e são os trabalhadores dos mais variados países que pagam o custo alto dessa dinâmica, com a crise econômica se aprofundando. Esse cenário internacional dá vazão para a criação de postos de trabalho extremamente precários, além do aumento drástico do desemprego.

Apenas uma saída de independência de classe, dos trabalhadores e da juventude usando seus próprios métodos pode barrar o governo Bolsonaro e seu plano de reformas e ataques cada vez mais duros, se submetendo ao imperialismo internacional para firmar posições. Nenhum setor da burguesia, nem mesmo a burguesia progressista como hoje se pinta o partido Democratas pode dar conta de responder aos anseios da classe trabalhadora.




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