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EXTREMA DIREITA | Bolsonaro: representante do que há de pior na política nacional

Resolvi elaborar sobre Bolsonaro depois de enxurrada de insultos e ameaças dos seguidores desse militar, racista, machista, LGBTfóbico, anti-esquerda e reacionário, que prega o retorno da ditadura militar e faz apologia à tortura e ao estupro. Inimigos da liberdade de expressão, sexualidade, repetem comigo ameaças que seu ídolo faz a todas mulheres, negros e LGBTs, e que precisamos combater com toda força.

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

sábado 28 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Jair Bolsonaro era um deputado muito secundário na política nacional, com um nicho de seguidores de extrema direita que aplaudia seus discursos de ódio. Com a crise de representatividade dos partidos tradicionais, como PSDB, PMDB e PT, vinculados aos imensos escândalos de corrupção e às prisões da operação Lava-Jato, essa figura nojenta se alçou ao patamar de “salvador da pátria” para pessoas desiludidas com a política tradicional.

Mas o que é Bolsonaro e como devemos combatê-lo?

A saída pela direita para uma crise nacional não é uma novidade inventada por ele. Figuras como Hitler ou Pinochet trilharam passos semelhantes, se aproveitando de um descontentamento de massas com a crise e a miséria causadas pelo capitalismo para pregar uma demagogia com uma demagogia populista que a solução para acabar com os males criados por essa sociedade era um regime militarista de supressão radical aos direitos democráticos de qualquer tipo e a destruição das organizações dos trabalhadores que causavam “desordem”.

Há cenas do passado recente que deixam claro os valores de Bolsonaro e de seus filhos, seguidores de sua política: o mais emblemático é provavelmente sua homenagem a Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores da ditadura militar, ao proferir seu voto favorável ao golpe parlamentar do impeachment que colocou Michel Temer na presidência. Seus seguidores exaltados com a solução da “mão de ferro” para acabar com a esquerda no país, ao ver essa cena, provavelmente não se lembravam que ainda ontem Bolsonaro era parte da base aliada do governo Dilma, compondo com seu antigo partido, o PP, e depois com seu atual, o PSC, a sustentação de direita que depois tomou a frente do golpe. No Rio, onde começou sua carreira política sempre foi aliado do hiper-corrupto Sérgio Cabral, hoje preso pela operação Lava Jato.

Ustra, torturador homenageado por Bolsonaro

Bolsonaro, como todo político capitalista, é antes de tudo um carreirista e demagogo defendendo seus interesses particulares. Fala contra os “políticos corruptos”, mas recebe um salário de mais de 33 mil reais por mês, com verbas de gabinete e “auxílios” que chegam a mais de 130 mil reais por mês. Ele aparece na lista de Furnas como relatado por ter recebido caixa 2 de 50 mil reais para campanha eleitoral em 2002 como publicado neste site. Participou, em 1987, da "operação beco sem saída" que planejava explodir bombas no quartel dos agulhar negras. Falou contra a PEC do teto de gastos, gravando um vídeo exaltado criticando Temer, mas depois teve uma “conversa particular” com o governo – na qual sabe-se lá o que foi prometido a ele “por fora” – e em seguida gravou um novo vídeo dizendo a seus seguidores que havia percebido que a PEC na verdade era para o bem do país.

Sua explicação oficial era de que os militares seriam deixados de fora do pacote, como também se negocia em relação à reforma da previdência, mostrando que – na melhor das hipóteses – a defesa de Bolsonaro do “povo brasileiro” é uma luta corporativa pelos privilégios dos altos escalões dos militares, uma casta parasitária que abriga até hoje dezenas de oficiais que estiveram à frente do regime militar e de crimes bárbaros contra os que lhe faziam oposição.

A defesa dos ideais de Bolsonaro é “na porrada”, e ele incitas as formas mais deploráveis de violência reacionária, como na suas menções públicas ao estupro em diversos episódios, entre os quais o famigerado em que disse a Maria do Rosário que não a estupraria porque ela “não merecia”; ou ainda nos momentos em que disse que se tivesse um filho homossexual que curaria ele “na porrada”, sendo assim um incentivador de episódios como o que aconteceu recentemente, em que uma mãe assassinou seu filho por ele ser homossexual.

Bolsonaro discursa contra direitos dos homossexuais na Câmara

Bolsonaro tem crescido em popularidade entre desavisados que veem em sua demagogia populista um contraponto à política imunda e corrupta do regime tradicional brasileiro. É um imenso engano, não apenas porque Bolsonaro é mais um desses representantes dessa política que beneficia apenas os capitalistas – com uma roupagem de extrema-direita ao invés de liberal, ou seja, com menos direitos para os de baixo e muita repressão e bala para calar qualquer protesto – mas também porque ele não irá solucionar absolutamente nenhum dos problemas que vivemos hoje: da corrupção à precarização dos serviços públicos; das revoltas nos presídios superlotados ao desemprego, todos esses problemas fazem parte da estrutura do sistema capitalista, e não podem ser respondidos por Bolsonaro, que pretende resolvê-los “na porrada”.

Bolsonaro quer ser um Trump brasileiro, em que, frente à alternativa completamente estéril do partido democrata de Hillary Clinton, com uma política imperialista e de direita, muitos viram em um discurso xenófobo e populista uma "resposta radical" (ilusória) para seus problemas. A falta de emprego nos EUA não é causada pelos imigrantes latinos, assim como no Brasil a violência, a miséria e o desemprego não foram criados pelos movimentos sociais (muito pelo contrário) nem serão extintos com Bolsonaro. O esquema de corrupção do mensalão, da Petrobras, da Odebrecht são pilares da política capitalista, que atingem o espectro da política patronal do PT ao PSDB, e incluindo seus colegas de partido, certamente.

Para derrotar essa direita asquerosa, é preciso de uma saída radical à esquerda, que mostre que é necessário sim acabar com esse parlamento corrupto, esse regime de privilégios dos políticos, por isso defendo como parte de um programa que leve a superar o capitalismo que todo político ganhe como uma professora. Isso não poderá ser feito com as baionetas de militares e torturadores, mas sim com a força dos trabalhadores organizados, com a alianças das mulheres, negros, LGBTs, acabando com o lucro de um punhado de capitalistas que tiram o dinheiro dos serviços públicos e nos levam ao desemprego. Extinguindo o pagamento da dívida pública, que leva metade do orçamento do Brasil e contra a qual Bolsonaro nunca disse uma palavra.

Basta de Bolsonaros!




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