Se falta chester, pernil, tender, bacalhau que comam ovo, ou nem isso.
domingo 22 de dezembro de 2019 | Edição do dia
Em conversa com jornalistas o presidente Jair Bolsonaro provocou os trabalhadores brasileiros desejou neste sábado, 21, um "Feliz Natal" aos brasileiros, "mesmo sem carne para algumas pessoas". Segundo o presidente, apesar da falta da proteína nos pratos, o Brasil segue com "liberdade" e em situação econômica melhor que de outros países, como a Venezuela, onde "nem cachorro tem para comer".
Seguindo sua missão de entrega do país ao imperialismo, especialmente o americano, de trucidar direitos trabalhistas e sociais para agrado da Bovespa, o presidente provocou os milhões de trabalhadores desempregados, subempregados, e que sofrem diariamente para alimentar suas famílias. Nesse período de festas a dureza da realidade miserável do capitalismo contrasta ainda mais com a propaganda oficial de crescimento econômico e com as repetidas imagens de fartura nas TVs.
Os salários estão estagnados há anos, o desemprego estável e acima de 10%. As carnes aumentaram em média 17%. As jornadas de trabalho se estendem cada vez mais, quanto milhões de trabalhadores combinam seu trabalho diário com trabalhos como motorista e entregador de aplicativos? Quantas mulheres além dessa dupla jornada ainda precisam encontrar tempo para uma tripla jornada para realizar o trabalho doméstico? E depois de tudo isso, uma alimentação sem nenhuma carne.
Mas que importa dessa realidade para o presidente? Nada, receba seu Feliz Natal. E ainda comemore que o Brasil é um país capitalista livre. Livre pra que o agronegócio e a mineração destruam a Amazônia, o Cerrado e Minas Gerais, livre para que empregadores contratem jovens com menos direitos. Livre pra que você seja explorado dezenas de horas por semana e ainda nem conseguir comprar uma peça de coxão duro para levar para casa.
"Vamos acreditar no Brasil, pessoal. Feliz Natal é um gesto, um simbolismo. Feliz Natal para você, mesmo sem carne para algumas pessoas aí, mas continua com a liberdade e temos outras opções. Outros países, que não tomaram a devida providência, as medidas na hora certa, hoje em dia não têm nem ovo. Nem cachorro tem para comer, na Venezuela", disse o presidente, em nova rodada de fakenews de sua predileção.
Bolsonaro deu a declaração após jornalistas pedirem que ele enviasse uma mensagem de Natal aos brasileiros. Bolsonaro disse que, "do coração", quer mudar o País para melhor e que não há interesse pessoal em suas ações, os fartos indícios de transações financeiras envolvendo laranjas, chocolates, rachadinhas, mílicias evidentemente se trata de interesse não-pessoal, como se sabe.
O aumento das exportações de carne para a China e a menor oferta devido à entressafra têm puxado para cima o preço da proteína animal desde o fim de novembro. Dos cinco alimentos da cesta de Natal cujos preços mais subiram, quatro são carnes. Depois do pernil, filé mignon (46,49%), lombo suíno (24,2%) e picanha (22,88%) estão na lista das maiores altas. Os dados são de pesquisa sobre inflação dos produtos da cesta de Natal apurada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), nos últimos 12 meses até a segunda quadrissemana de dezembro.
O povo trabalhador é quem paga dia a dia pela crise que os capitalistas e governantes geraram. Tiram nossa aposentadoria, nossos empregos, precarizam nossos trabalhos, a saúde pública, educação, rebaixam o poder de compra dos nossos salários e agora querem nos tirar até a possibilidade de comer carne. Basta! Pelo reajuste automático dos salários de acordo com o aumento do custo de vida das famílias trabalhadoras, que sabemos que vai muito além dos índices de inflação.
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