Há sempre prioridades. E claramente o resgate de bahianos sofrendo o terrível desastre não é uma prioridade no governo Bolsonaro. Seu governo e dos militares disponibilizaram R$19 milhões nas operações de resgaste, enquanto isso o orçamento secreto operado pelo aliado Lira tem um valor de R$16,2 bilhões. Trata-se de 0,12% do valor destinado aos deputados amigos.
segunda-feira 27 de dezembro de 2021 | Edição do dia
Imagem: SECOM, Bolsonaro sobrevoando o sul da Bahia no primeiro episódio de alagamento no início do mês
Depois de dias de gritante silêncio Bolsonaro usou as redes sociais para afirmar que seu governo está se fazendo presente nas ações emergenciais na Bahia, enviando ministros e liberando o FGTS, liberando um dinheiro que pertence aos trabalhadores e que só tem acesso aquele trabalhador que tenha um emprego de carteira assinada, algo cada vez menos frequente no país e especialmente no nordeste do país.
- As fortes chuvas voltaram ao sul da Bahia.
- Continuam na região todos os meios do @govbr na desobstrução de rodovias, distribuição de alimentos, resgate, antecipação do Fundo de Garantia, etc.
- Na região estão os @MinCidadania @joaoromaneto e @mdregional_br @rogeriosmarinho— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) December 27, 2021
Matéria da mídia oficial de seu governo lista a presença dos ministros que Bolsonaro alude no twitter e ainda fala em “cerca de R$ 19 milhões já foram disponibilizados pela Defesa Civil Nacional para ações de resposta ao desastre natural e reconstrução de infraestrutura danificada.” O valor destinado é irrisório frente a tamanho desastre. É ainda mais revoltante esse valor quando se compara essa quantia com os imensos recursos destinados ao orçamento secreto, de R$16,2 bilhões.
O orçamento secreto foi criado para conquistar apoio do centrão ao governo Bolsonaro e garante imensos recursos para deputados que buscarem se alinhar com Bolsonaro e o distribuidor dos recursos, o presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira.
É gritante a diferença, trata-se de 1 milésimo do valor. Se tomarmos como verdadeiros o número de 16mil desabrigados (número provavelmente subestimado) e o número máximo de deputados e senadores que receberiam o orçamento secreto (supondo que todos recebessem, o que não é verdadeiro), teríamos R$1.187,50 por desabrigado versus R$27.226.890,756 por parlamentar. Para buscar apoio político cada parlamentar receberá mais do que todo o Estado da Bahia e todos afetados pela emergência. Cada deputado vale mais que 16mil bahianos, é isso que Bolsonaro, Lira e os militares estão veladamente falando.
O povo do sul da Bahia vítima do criminoso descaso do governo Bolsonaro, Mourão e dos militares também sofre o descaso do governo estadual, administrado por Rui Costa do PT, que busca atuar de forma diferente do negacionista Bolsonaro, porém também é responsável pela tragédia. Desde a confirmação do fenômeno La Niña no Oceano Pacífico já havia previsões climatológicas de chuvas recordes na região e, mesmo assim, ações preventivas que poderiam ter salvado vidas não foram adotadas. Foi também durante os governos do PT na presidência, que se fortaleceu o agronegócio e a liberação de licenças ambientais para grandes capitalistas que são parte de construir ano após ano essas tragédias anunciadas.
É urgente um plano emergencial controlado por sindicatos e pelos moradores que dê conta de garantir comida, abrigo, moradia, saneamento e reconstrução das cidades destruídas. Há recursos para garantir essas necessidades da população: esses recursos estão no orçamento secreto, nos benefícios aos empresários, à casta de generais e juízes, nos bilhões entregues aos banqueiros na dívida pública.
Essas medidas de emergência são uma exigência ao governo da Bahia, assim como ao Estado brasileiro, que liberem todos os subsídios necessários para atender os afetados e os que possam ainda ser afetados, além da necessidade de confiscar os bens e as fortunas dos empresários e do agronegócio que roubam os recursos das nossas florestas em prol de seus lucros.
