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BOLSONARO SE CACIFA COM PESQUISA ELEITORAL | Bolsonaro "negocia o passe" com partidos patronais de aluguel

O deputado de extrema-direita Jair Bolsonaro apareceu como segundo lugar na pesquisa de votos espontânea (quando não são apresentados os nomes de candidatos) pela CNT/MDA, com 6,5% da intenção de votos. Agora, partidos estão querendo dar espaço para a candidatura de Bolsonaro com o objetivo de "pegar carona" em sua expressiva votação.

sexta-feira 17 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Bolsonaro, quando avistou a possibilidade de se candidatar à presidência, começou a praticar uma das mais populares ações entre os políticos fisiológicos e carreiristas que dominam a política dos capitalistas: o troca-troca partidário em nome de melhores cargos e privilégios.

Assim foi quando o militar trocou o PP de Paulo Maluf pelo PSC de Marco Feliciano (ambos, diga-se de passagem, foram partidos da base aliada dos governos petistas contra os quais Bolsonaro declara ódio mortal, mas que não eram o suficiente para que ele quisesse abrir mão das mamatas de estar nessas legendas). Agora que ele se tornou um grande fenômeno da internet, com milhões comprando a ilusão de que ele seria diferente dos políticos corruptos dos partidos mais tradicionais do regime, ele procura um partido com algo mais a oferecer.

A coerência ideológica de Bolsonaro se resume à sua adoração à ditadura militar, seu ódio à esquerda e aos trabalhadores, e seu desprezo completo pelos direitos das mulheres, negros e LGBTs. Para além disso, está disposto a se juntar a qualquer legenda de aluguel que dê espaço para sua ambição de se postular como "salvador da pátria" com seu populismo demagógico e sua promessa de resolver "na bala" os problemas do país.

Em ritmo de pré-campanha, ele vem percorrendo eventos militares ao redor do país, onde pode falar livremente as asneiras reacionárias que lhe vierem à cabeça e garantir apoio de sua tradicional base, cujos interesses corporativos são a pauta número um do deputado federal. Um exemplo desses eventos foi seu recente discurso na Paraíba em que ele defendeu o "Estado Cristão", a utilização de fuzis contra o MST e que as minorias desapareçam.

Para os partidos patronais, cujas supostas diferenças ideológicas e programáticas viram poeira diante das listas da Odebrecht e outras empresas que mostram que todos estão unidos na disputa por cargos, dinheiro, propinas e privilégios, pouco importa o que diga Bolsonaro. Pouco importa se quer massacrar LGBTs, mulheres e negros, ou se quer transformar o Brasil num neo-vaticano militarizado, ou se dissesse que veio de outra galáxia trazendo a iluminação para o planeta terra. O que eles querem são votos, que possam "puxar" deputados, fazer a legenda aparecer e aumentar suas bancadas e, assim, conseguir mais espaço no regime para ganhar mais propinas, mais privilégios, mais poder. Vide Tiririca, deputado mais votado e eleito por "zoeira", que foi disputado pelos partidos porque, para eles, o que importava eram os votos do palhaço que arrastaram atrás de si outros políticos.

Por isso, a divulgação da pesquisa em que Bolsonaro apareceu com 6,5% das intenções de voto, atrás apenas de Lula, com 16,6%, foi um grande marketing para Bolsonaro "negociar seu passe" com as distintas legendas sedentas por seus votos. Na pesquisa induzida, ou seja, quando são apresentadas possibilidades de candidatos para o eleitor, Bolsonaro perde seu segundo lugar para Marina Silva, que aparece com 11,8% contra 11,3% do militar (uma diferença que está dentro da margem de erro). Lula, no entanto, permanece na liderança com folga: 30,5% das intenções de voto.

De acordo com Bolsonaro, sua saída do PSC já está definida: "É decisão tomada da minha parte. Eu vou procurar outro partido. Pretendo até setembro no máximo estar definido". Certamente, por trás de sua decisão ele irá tentar apresentar algum motivo "político" para disfarçar minimamente a negociata de privilégios com as demais legendas.

Entre os que disputam poder abrigar a candidatura de Bolsonaro em 2018 estão o PR: "O convite foi feito em dezembro. Mas ele ficou de pensar. O partido está ciente de que ele quer disputar à presidência", afirmou o líder do PR na Câmara, Aelton Freitas (MG). E também o PRB, cuja direção, em novembro, chegou a fazer uma consulta a todos os 27 diretórios estaduais sobre a possibilidade do deputado ingressar na legenda. Uma decisão prévia deve ocorrer após o carnaval. "Existem conversas, mas não estão em situação de fechamento", afirmou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e presidente licenciado do PRB, Marcos Pereira.

A rotina de candidato presidencial do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) será reforçada nos próximos meses com participações em feiras populares no interior de Mato Grosso e passagens por São Paulo, Fortaleza, Natal, Cuiabá, Campo Grande e Goiânia.

O roteiro de "pré-campanha" deve seguir nesta sexta-feira, 17, quando ele participa de almoço com simpatizantes em Niterói (RJ). Em cada cidade que desembarca, o deputado tem adotado a estratégia de promover palestras e participar de programas de rádio e TV locais.




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