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Enchentes | Bolsonaro e também Rui Costa são responsáveis pela destruição na Bahia. É preciso um plano emergencial já, diz Cris Santos

Reproduzimos a declaração de Cristina Santos, professora em Pernambuco, que aponta a necessidade de um plano emergencial para atender os desabrigados e reconstruir as cidades destruídas na Bahia.

terça-feira 28 de dezembro de 2021 | Edição do dia

As chuvas que causaram tamanho estrago na Bahia foram previstas por diversos meteorologistas. O fenômeno La Niña também, inclusive, é um evento importante para a manutenção das reservas hídricas do país e não deveria causar mortes e destruição se os governos preparassem as cidades para absorver e escoar o volume de águas. É verdade que o aquecimento global afeta a intensidade dos eventos, mas não é de hoje que a população sofre com seca e enchentes por falta de preparo, investimento e vontade política por parte dos governos.

Por isso, a responsabilidade pelas mais de 470 mil pessoas desabrigadas, desalojadas ou impactadas pelas chuvas é sim dos governos que agora devem investir todo recurso financeiro necessário e disponibilizar especialistas para colocar em andamento um plano de emergência que seja decidido e gerido com total autonomia pelos trabalhadores e a população.

É revoltante o descaso de Bolsonaro com a vida, mais uma vez. Seu governo junto com os militares destinou R$19 milhões para os desabrigados, apenas 0,1% do que destinou aos seus deputados amigos no orçamento secreto de R$16 bilhões. Ou mesmo, o ridículo valor de R$52 para o vale-gás, que não compra sequer um botijão e significa o que para quem não tem mais onde morar.

Bolsonaro é o extremo do descaso porque, além de tudo que faz, não se constrange em demonstrar abertamente que nossa vida não vale nada, inclusive chega a soar como deboche as fotos do presidente pescando, na praia, enquanto a população baiana perdia tudo o que conquistou com o suor do trabalho de uma vida inteira. Mas os governadores no estado também são responsáveis por toda essa tragédia. Já são 4 governos do PT e não há nem mesmo uma manutenção preventiva regular para evitar que as barragens se rompam ou transbordem. Os técnicos do próprio governador Rui Costa do PT apontaram em suas vistorias após as chuvas do começo do mês que algumas barragens precisavam de manutenção, e vem apontando isso há alguns anos já. Mas nada foi feito.

As casas que foram destruídas precisam ser reconstruídas, mas nada apaga a memória do que foi perdido, as vidas, as histórias que cada família tinha construído no seu lar. São essas pessoas, trabalhadoras e trabalhadores, que devem estar à frente da reconstrução das cidades. E o governo estadual e federal devem fornecer todo recurso necessário.

Um plano emergencial deveria começar por alojar as famílias em hotéis e moradias desocupadas e não em escolas. Organizar restaurantes públicos, como o bom prato, mas administrados pelos trabalhadores, para garantir alimentação a todas as famílias atingidas pelas chuvas e também às pessoas atingidas pela fome. Iniciar imediatamente a vistoria e manutenção de todas as barragens que necessitem. Reconstruir as moradias, escolas, postos de saúde, estradas destruídas através de um plano de obras públicas.

Para financiar esse plano, é preciso taxar as grandes fortunas com impostos progressivos e confiscar os exorbitantes lucros do agronegócio que não perdeu um centavo durante a pandemia.
O desemprego já era enorme e com tamanha destruição aumentará. Com um plano desses, os desempregados poderiam trabalhar com remuneração justa nos restaurantes, nas obras de reconstrução e em todas as tarefas necessárias para reerguer o estado.

A solidariedade entre os trabalhadores é muito forte nesses momentos, como vimos na emocionante corrente humana feita por moradores passando alimentos de mãos em mãos para transpor uma cratera na rodovia BA-561 e permitir que as doações seguissem viagem noutro veículo. Essa solidariedade pode movimentar forças imensuráveis, como despertar organização dos trabalhadores para lutar também contra o governo Bolsonaro e dos militares que com apoio do Congresso e do STF estão devastando nossos direitos, destruindo a natureza e deixando nosso povo na fome e no desemprego. Inclusive poderia superar o governo do PT que permite que tragédias anunciadas como essa aconteçam e nos estados nordestinos estiveram à frente da aprovação da reforma da previdência. E agora, com a frente amplíssima de Lula, propõe se unir com uma das figuras do neoliberalismo brasileiro, Alckmin, que avançou nas privatizações das empresas públicas precarizando a saúde e a educação públicas nacionalmente. As centrais sindicais, como a CUT e CTB, a UNE deveriam organizar os trabalhadores e estudantes e colocar suas estruturas para ajudar na luta por esse plano de emergência.




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