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MILITARIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO | Bolsonaro e Witzel inauguram reacionária escola da PM em Duque de Caxias

Sob o coro de “na cabecinha”, presidente eleito fez discurso atacando os lgbts, e defendeu a perseguição ideológica e proselitismo religioso. Para o Ministério público, a construção de uma escola da PM pela prefeitura de Duque de Caxias é irregular.

Luiz HenriqueProfessor da rede estadual em Resende, RJ

terça-feira 18 de dezembro de 2018 | Edição do dia

Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

Duque de Caxias é um município da baixada fluminense que sob o governo de Washington Reis passa por uma das maiores crises da educação em sua história. Para além do déficit de mais de 34 mil vagas na educação infantil, a situação precária dos professores tem levado a inúmeros casos de depressão e suicídio. Não bastasse todo esse desrespeito, agora o prefeito resolve entregar nas mãos da polícia militar uma escola de cerca de 1.700 m², que fora os custos de instalação terá uma manutenção anual 390 mil reais, pelo menos até 2020. É uma escola que não será de acesso amplo e universal da população caxiense, mas sim para filhos de policiais militares (90% das vagas) e de bombeiros (os 10% restantes). É uma escola que já nasce sob o signo do autoritarismo e do assédio, uma vez que os professores trabalharão em regime de contrato, de acordo com o “perfil” estabelecido pela polícia militar, ou seja, o mais reacionário possível, além de ter como diretor um coronel da PM. Este cenário é tão bizarro, que mesmo o reacionário ministério público do Rio de Janeiro, que está envolvido até mesmo na perseguição de sindicatos, denunciou o convênio entre a prefeitura de Caxias e a polícia militar.

Mas tão bizarro quanto, foi o discurso fascista do presidente eleito Jair Bolsonaro que atacou os direitos dos lgbts, a partir de sua própria moral fundamentalista cristã, taxando toda essa luta de ideologia de gênero. Em um ato de flagrante proselitismo, que vindo de um presidente eleito configura mais um grave ataque a liberdade religiosa e ao estado laico, durante o discurso ele pediu que versículos da bíblia nas paredes da escola. Participaram do evento também, além do prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, o governador eleito Wilson Witzel, com direito até a um coro na plateia de “na cabecinha”, uma alusão a recente fala onde ele diz que pretende colocar atiradores de elite na polícia para executar sumariamente criminosos. Também estava presente, representando o governador interino Francisco Dorneles, o atual secretário de educação, Wagner Victer, que além da repressão pós-greve de professores, vem realizando um verdadeiro desmonte na educação fluminense. Foi um verdadeiro encontro de abutres.

Sob o discurso de “combater” a doutrinação, estes reacionários mal conseguem disfarçar a defesa ao assédio, ao autoritarismo, a violência do estado contra a população pobre e negra. Este é um antiprojeto de educação que já vem sendo trabalhado por setores ultrarreacionários, principalmente no norte e nordeste do Brasil. É um projeto, que ao contrário do que seus defensores argumentam, visa a imposição autoritária de uma escola de partido único, de pensamento único, conservador, cristão fundamentalista, branco, machista e heteronormativo. E, principalmente, é um projeto que visa minar toda resistência que estudantes e professores bravamente vem fazendo nos últimos anos ao desmonte e venda da educação pública, e também a todos os ataques da extrema direita.

É preciso lutar contra a militarização das escolas públicas, contra o movimento da escola sem partido, a reforma do ensino médio e sua BNCC. Para isso é preciso que o SEPE RJ repudie veemente este consórcio da prefeitura de Caxias com a polícia militar, questionando diretamente o regime de contratação imposto aos professores. Lugar de polícia não é na escola! É absurdo tornar um coronel da PM responsável por arbitrar questões pedagógicas em uma instituição para crianças!

É imperativo que o maior sindicato da educação no Rio de Janeiro rompa de uma vez este silencioso impasse que a cada dia o torna mais cúmplice de todos os ataques que estão acontecendo, e convoque comitês de bases em cada escola, em cada comunidade, para fazer valer a força da classe trabalhadora nessa luta, que não irá se resolver pela via institucional.




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