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Eduardo Leite | BolsoLeite em 2018, neoliberal e destruidor da educação: ser gay não faz Leite ser nosso aliado

Na última quinta-feira (01), durante entrevista ao programa Conversa com Bial, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), assumiu pela primeira vez em público sua orientação sexual. Segundo Leite, que hoje disputa contra João Dória a vaga de candidato tucano a presidente em 2022, o debate aberto nas prévias começa a despertar ataques, e este seria um dos motivos que o fez tomar a decisão de assumir publicamente a sua orientação sexual. Repudiamos esses ataques homofóbicos a Eduardo Leite, o que não significa fecharmos os olhos para as barbaridades que ele mesmo já fez à frente do governo do estado em incontáveis oportunidades.

Luno P.Professor de Teatro e estudante de História da UFRGS

sexta-feira 2 de julho de 2021 | Edição do dia

A declaração de Leite fez com que seu nome fosse o mais buscado nessas últimas 24 horas entre os políticos brasileiros no Google, ofuscando até mesmo o nome de Bolsonaro. Diversos parlamentares da esquerda e que se dizem parte da oposição ao governo de Leite parabenizaram o governador. Manuela D’Ávila (PCdoB), Luciana Genro (PSOL), Melchionna (PSOL) e Matheus Gomes (PSOL), disseram que embora tenham diferenças com Leite, sua declaração foi um "ato de coragem" muito importante em meio a um cenário de um Brasil tão conservador. Matheus chegou a dizer que viu “grandeza e esperança”. Porém é preciso dizer que o "ato de coragem" de Leite em nada faz avançar a luta contra a LGBTfobia. A representatividade (vazia) que agora Leite busca construir nada mais é do que parte da cooptação da luta pelos direitos LGBTQ+ pela direita. Eduardo Leite entra para história não só como o primeiro governador assumidamente gay do RS, mas também como o primeiro governador assumidamente gay do RS que avançou em ataques neoliberais que precarizam ainda mais a vida dos LGBTs marginalizados pelo sistema capitalista, o primeiro governador assumidamente gay do RS que se gabou de ter aprovado uma reforma da previdência pior que a de Guedes e Bolsonaro, o primeiro governador assumidamente gay do RS que hoje é um dos inimigos declarados do funcionalismo público do estado, em especial dos professores. Não há nada de “grandeza ou esperança” em um neoliberal reacionário como Leite.

Assumir-se publicamente numa sociedade tão homofóbica como a nossa é sim uma luta árdua e isso não é diferente no Rio Grande do Sul. Pelo peso de uma cultura tradicionalista bastante homofóbica, onde se enraízam papéis de gênero que marcam bastante o que deve ser um "peão e uma prenda" e os limites de expressão de suas sexualidades, milhares de jovens e adultos LGBTs gaúchos demoram anos para se sentirem confortáveis para assumir suas sexualidades. É justamente por compreender o peso dessa violência, da homofobia e LGBTfobia hoje na sociedade, que se faz necessário ir além e combatê-la integralmente, algo que Eduardo Leite nunca fez.

Pelo contrário, Eduardo Leite sempre se aliou com o que há de mais podre no reino da política e da sociedade para se eleger e governar. Leite, até pouco tempo, era BolsoLeite. Esteve ao lado de Bolsonaro durante as eleições em 2018, apesar da patente violência contra nossos corpos, identidades e sexualidades promovida por Bolsonaro. Nem uma palavra de Leite foi ouvida contra os ataques a nosso direito de existência em 2018 ou depois. Leite aproveitou a onda reacionária para se eleger e quando chegou ao governo não fez diferente. Em 2018 Leite também foi investigado por suspeita de fraude de exames pré-câncer na cidade de Pelotas, onde foi prefeito até 2016. Tal fraude afetou a vida de dezenas de mulheres que foram diagnosticadas tardiamente com metástase em nível avançado, devido aos resultados falsos positivos dos testes fraudados. Já no início de seu governo Leite aprofundou, e ainda vem aprofundando, os planos neoliberais de destruição dos serviços públicos do estado, muitos desses que são fundamentais na assistência à população LGBT e no combate à homofobia. Leite mentiu dizendo que não privatizaria nem a Corsan nem o Banrisul, mas avança em suas vendas com seus aliados reacionários na ALRS. Parcelou e atrasou salário dos professores, fechou dezenas de escolas, cortou o difícil acesso, entre outros tantos ataques. Mesmo em meio a pandemia, e frente a morte de professores pela Covid-19, Leite entrou na justiça para que ocorresse a volta insegura para as salas de aulas, tudo a serviço do lucro das empresas privadas de educação no estado. Agora, em 2021, Leite também avançou em seu projeto privatista e vendeu a CEEE por 100 mil reais para a mesma empresa da qual perdoou mais de 80% das pelo não pagamento de impostos.

Todo esse histórico mostra que não temos nada a comemorar e que dentro da nossa luta não pode caber nossos inimigos. Diferente da esquerda que vê como um avanço para a luta por direitos LGBTQ+ um neoliberal de marca maior como Leite se assumir gay, sabemos que nossas identidades não podem servir para alimentar ilusões naqueles que são parte de avançar nos ataques contra os oprimidos e a classe trabalhadora de conjunto. A luta pela libertação de nossas sexualidades, identidades e pelos direitos aos LGBTs é ao lado dos trabalhadores e de todos os oprimidos, dividindo as trincheiras na luta contra essa opressão que é usada para dividir e aumentar a exploração sobre a classe trabalhadora. Por isso, é preciso ter claro que Eduardo Leite está do outro lado desta trincheira, do lado dos nossos inimigos. Ele tá do lado da trincheira de quem desmonta os serviços públicos, do lado de quem privatiza os serviços públicos, de quem arrocha o salário dos trabalhadores, de quem se apoiou na onda bolsonarista homofóbica para se eleger em 2018, da elite econômica gaúcha que explora jovens e trabalhadores há anos, da destruição da educação pública e das leis ambientais.




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