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Bispo presidente da CNBB critica “desgoverno” de Bolsonaro frente a pandemia

O presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor, declarou em entrevista que considera a gestão de Bolsonaro frente a pandemia um “desgoverno”. Entretanto a crítica tem limites, já que pouco mais de um ano atrás o bispo era eleito no cargo com apoio de bolsonaristas, visto que é de uma ala mais conservadora.

quinta-feira 17 de dezembro de 2020 | Edição do dia

Foto: Dom Walmor de Oliveira, presidente da CNBB — Foto: Alexandre Rezende/Nitro/Valor

Em entrevista à Folha de São Paulo, o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, comentou sobre o governo de Bolsonaro e sua política frente à pandemia neste ano. O líder católico disse que a “gravidade foi subestimada” pelo governo que ignorou “preciosas contribuições do campo científico”, criticando o negacionismo de Bolsonaro que destinou milhares à morte e contaminação.

O bispo Dom Walmor declara que é preciso superar “desgovernos e politização abomináveis”, se referindo assim ao governo federal e à gestão Bolsonaro, entretanto, as críticas e papel de oposição não conseguem ir tão longe.

O próprio Dom Walmor foi eleito para presidir a CNBB há pouco mais de um ano com apoio de bolsonaristas que declararam que a nova gestão seria mais voltada à ala conservadora da igreja católica, sem se envolver com movimentos democráticos e sociais.

A política negacionista reacionária de Bolsonaro é inegável e de fato condenou milhares de trabalhadores à morte e à exposição do novo coronavírus, sendo absurda a maneira como conduziu e segue se posicionando frente à pandemia. Entretanto, não é confiando em discursos demagógicos de oposição como o da Igreja, que poderá ser apresentada uma saída.

Em agosto, há poucos meses atrás, quando se noticiou que uma garota de 10 anos era sistematicamente estuprada pelo tio e ficou grávida, Dom Walmor declarou que considerava o aborto neste e em todos os casos um crime hediondo, não diferenciando sua posição oficial que representa a de toda a Igreja católica da posição dos fanáticos religiosos e bolsonaristas que incitados pela fascista Sara Winter, foram até o hospital para impedir o aborto da criança.

A Igreja segue sendo um dos pilares fundamentais para o retrocesso nos direitos mais elementares das pessoas civis e em todas as declarações sobre os direitos das mulheres, dos LGBT isso fica claro, trazendo limites e contradições a uma suposta oposição ao reacionarismo de Bolsonaro. É preciso defender a separação da Igreja e do Estado, assim como apostar em uma saída que seja de fato dos trabalhadores, das mulheres, negros, LGBTs e da juventude para enfrentar não somente a pandemia, mas toda a sociedade de exploração e opressão.




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