Reproduzimos artigo publicado originalmente no dia 10 de Dezembro de 2016. Bhaskar Sunkara, editor da revista Jacobin opina sobre os desafios da esquerda à luz da vitória de Trump.
sexta-feira 20 de janeiro de 2017 | Edição do dia
Acredito que o Partido Republicano está mais fragmentado que o Partido Democrata, e que os democratas vão poder montar certa oposição a Trump. Os democratas vão usar a liderança de Obama, que é bastante popular, para fazer isto durante os próximos quatro anos.
No Partido Republicano há fissuras muito profundas. Até mesmo George W. Bush disse que não poderia votar em Trump. Toda uma geração de líderes e antigos candidatos a presidente do Partido Republicano repudiaram Donald Trump, o partido está muito dividido.
Todos os setores importantes do capital dos EUA apoiam Clinton, então é realmente incrível estar vendo o triunfo de Trump.
Todo grupo de eleitores progressistas neste país, todo sindicato, todo grupo pelosdireitos dos imigrantes, todos os votantes de centro esquerda apoiaram Hillary Clinton. Os setores mais importantes do capital apoiam Hillary Clinton, mas, mesmo assim, esta coalizão de Trump, construída sobre as costas do que chamamos de pequena burguesia conseguiu ganhar. É uma façanha incrível.
O democrata partidário de Sanders surgiu e apresentou uma tendência viável contra o trumpismo. Acredito que o liberalismo do centro vem falhando e necessitamos desenvolver uma política à esquerda do liberalismo.
Dito isso, não acredito que a situação beneficie a esquerda. Não estou dançando sobre a tumba do liberalismo. Acredito que a derrota de 8 de novembro é uma derrota para todas as forças progressistas, inclusive para os que estamos muito à esquerda de Hillary Clinton.
Temos visto com Sanders e com estes movimentos sociais que temos o potencial de uma maioria social. De fato, quando podemos expressar nossas ideias, pelo menos com uma plataforma democrática ampla, a maioria dos estadunidenses está de acordo conosco.
A maioria prefere essa política à política de ódio e medo e tudo o mais que oferece Trump. Então, essa é a boa notícia. A má notícia é que enquanto infraestrutura, partidos e organizações, a esquerda está totalmente desconectada da base social.
O único veículo que temos para chegar às massas populares, a única força com as dimensões e os recursos para fazê-lo é o movimento operário organizado que nos Estado Unidos, obviamente, é notoriamente burocrático e está desconectado da pressão das bases. Sei que soa muito batido, mas creio que parte da revitalização da esquerda tem que ocorrer através da revitalização do movimento operário e das lutas da base, e com ações que construam uma base para a esquerda nas comunidades da classe trabalhadora.
Extratos da entrevista realizada no La Izquierda Diario TV. A versão completa (em espanhol) pode ser lida em www.laizquierdadiario.com
Temas
