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Extrema direita escravocrata | Basta do sadismo escravocrata da extrema direita e da burguesia brasileira

Nas últimas semanas vimos a extrema direita e sua base social destilar seu ódio aos negros e população pobre. Bolsonaro, Maria Frias e bolsinaristas nas redes sociais não pouparam uma vírgula para atacar o cabelo black power de um eleitor de Bolsonaro, as tranças afro de Neymar e Jones Manoel.

Renato ShakurEstudante de ciências sociais da UFPE e doutorando em história da UFF

sábado 17 de julho de 2021 | Edição do dia

Na semana passada, em uma de suas lives, Bolsonaro chamou um de seus eleitores que é negro e tem cabelo black power para participar, porque dias antes havia feito um comentário racista com seu cabelo black, dizendo que era sujo, tinha ninhos de barata e piolho. Nessa live, Bolsonaro insiste nas mesmas “piadas” com a presença de seu apoiador, onde todos inclusive seu próprio apoiador riem juntos de uma situação extremamente racista e constrangedora a qualquer negro e negra que tem orgulho de sua cor, seu cabelo e traços fenótipos.

Uma cena que fez lembrar as exibições pseudo científicas do século XIX que traziam indígenas e negros como “amostras” da degeneração da raça humana, para justificar o racismo e a política de colonização e de expansão imperialista no continente africano. Só que agora com um apoiador bolsonarista negro que reforça o racismo e comentários racista, para afirma bem lá no fundo que é “só uma piada” e que isso não faz Bolsonaro um racista e nem ele já que ambos estão humilhando e ridicularizando o orgulho racial expresso no cabelo black power.

Por trás dessa atitude deplorável e humilhante que Bolsonaro quer fazer trabalhadores passarem num momento onde há mais de 500 mil mortes por covid, há uma característica singular da elite brasileira e da extrema direita que é descontar toda a crise econômica nas costas dos trabalhadores, fazer com que paguem cada centavo dela, onde os negros e principalmente as trabalhadoras negras sofram ainda mais com a violência policial que arranca seus filhos, com a precarização do trabalho e a violência patriarcal. Esse “show de horror” racista que Bolsonaro fez questão de exibir nada mais é que parte desse sadismo escravocrata da elite brasileira, que se apoia na política racista da extrema direita para realmente jogar na cara de milhões de brasileira que perderam seus parentes com a covid, que estão desempregados ou que morrem de fome, que odeiam os negros e se possível farão isso de maneira escancarada, nos humilhando, nos exibindo com sub-humanos, assim como foi nessa live de Bolsonaro e como as elites senhoriais fizeram durante o século XIX.

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Mas esse sadismo não vem apenas de Bolsonaro, ele tem aliados tão racistas quanto ele. Vimos isso na recente declaração racista do reacionário Mario Farias, dizendo que o youtuber Jones Manoel precisava de “um bom banho”. Mais uma mostra de que a extrema direita sempre que for necessário sairá publicamente para humilhar os negros. Um absurdo e um ataque a todos negros e negras que já passaram por situações humilhantes como essa de ser chamado de “sujo” por conta de sua cor e aparência. Neymar recentemente passou por uma situação parecida nas redes sociais após colocar tranças, foi chamado de "ridículo", “bizarro”, “cabelo de limpar chão” e memes racistas.

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A extrema direita é tão descarada e canalha que destila seu ódio a todo momento contra os negros, negras e a população pobre, mas ela faz isso em nome da burguesia brasileira, de uma elite que em nome dos lucros aprofunda o racismo estrutura e a desigualdade social. Mas isso nunca veio sem uma resposta dos trabalhadores que sempre lutaram por seus direitos e contra a exploração. Ataques como este deveriam ser defendidos por todos os sindicatos, levantando uma política antirracista e contra a extrema-direita. Não podemos confiar que a saída para combater a extrema direita que tanto o movimento negro quanto a esquerda institucional defendem seja o super pedido de impeachment junto a Joyce Haselman e Kim Kataguiri que nunca estiveram ao lado dos negros e nem contra o racismo estrutural. Por isso defendemos uma greve geral, numa perspectiva que derrubar Bolsonaro, Mourão e todos os ataque em curso, que seja construído pelos sindicatos dirigidos pela CUT e CTB e entidades estudantis como a UNE que hoje se encontram numa paralisia e não querem organizar os trabalhadores e estudante em unidade, mas sim esperam desgastar Bolsonaro para que Lula possa ser eleito em 2020. Política que partidos de esquerda como PCB, UP, PSOL e PSTU seguem à risca. Só a unidade entre trabalhadores e estudantes numa frente única operária, ou seja, lutando em unidade nas ruas e não assinando pedidos de impeachment com a direita é que podemos parar os ataques em curso, colocar um basta no racismo da extrema direita e mudar não só os jogadores mas também as regras do jogo com uma assembleia constituinte livre e soberana.




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