×

AJUSTES FISCAIS | Base aliada do PT propõe cortar R$10 bilhões do Bolsa Família

Há duas semanas, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), relator da peça orçamentária, já havia dito que iria cortar "sem dó" programas sociais, entre eles o Bolsa Família.

quarta-feira 21 de outubro de 2015 | 00:00

Nesta terça-feira, em reunião no Palácio do Planalto, Barros avisou ao ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, que poderá cortar até R$ 10 bilhões dos R$ 28,8 bilhões previstos no programa.

Dilma ainda não se pronunciou sobre esta declaração de um "partido aliado". De toda forma, é a primeira vez que um partido da base petista ataca um programa tão visceral do governo federal. Independentemente do acordo a que se chegue, a direita está tão presente dentro do Palácio do Planalto que mesmo um programa como o Bolsa Família entra na mira dos ajustes.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, defendeu enfaticamente cada centavo do programa de transferência de renda, que, na quarta-feira, 21, completa 12 anos. O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), disse que o programa é "quase um mantra" para a gestão petista e que "há outros ajustes no Orçamento que podem ser feitos. O esforço será para manter o Bolsa Família".

Integrante da Comissão Mista de Orçamento (CMO), o senador Walter Pinheiro (PT-BA) avaliou que, no momento de recessão econômica que repercute na queda de arrecadação dos entes federados, os pagamentos de benefícios previdenciários e o Bolsa Família são as duas principais fontes que garantem a economia dos municípios. "O INSS e o Bolsa são os arrimos de família das cidades", disse Walter, que adiantou votar contra a proposta de Barros, caso seja levada adiante.

Por razões diversas, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), também concorda que não é possível cortar o programa social. Ele disse que, mesmo a proposta não atendendo o objetivo de tirar as pessoas da pobreza, não se deve reduzi-lo. "Não, não concordo, de maneira alguma, pelo contrário", comentou.

Orçamento pra quem?

Prevendo que a economia brasileira não se recuperará em 2016, os políticos burgueses já preparam novos ajustes para o Orçamento do ano que vem. E novamente esses ajustes são projetados recaindo sobre os trabalhadores, dessa vez através do Bolsa Família. O programa, que sempre foi usado como vitrine das ações de governo por Lula e Dilma, agora corre o risco de ter mais de um terço de sua verba cortada, para que o pagamento da dívida aos banqueiros seja mantido. Seria uma potente mecha que muito provavelmente explodiria as relações entre o governo e as famílias que, sem o benefício, se deparariam com toda a pobreza legada pela década petista aos mais pobres.

O Democratas de Ronaldo Caiado, aliado do PSDB de Aécio Neves, é contra os cortes no Bolsa Família por uma simples cálculo eleitoral. Nunca foram contra os ajustes. Pelo contrário, o próprio Aécio defendeu na campanha presidencial de 2014 que os ajustes deveriam ser feitos, valendo-se da velha retórica de que todos deveriam contribuir para que a crise fosse superada. Porém omitem que quem gerou a crise foram os capitalistas e seus governos de plantão.

Por outro lado, o PT vem dando dia após dia demonstrações de que governa com os patrões e aplica os ajustes que eles ordenam. Ataques como o PPE, a redução do seguro-desemprego, os cortes na educação, e agora, a possibilidade de cortes no Bolsa Família, mostram que é urgente a construção de uma terceira via, que seja construída pelos trabalhadores e pela juventude, independentemente do PT e de suas "Frentes" que impedem a ruptura total de trabalhadores, famílias desempregadas e o povo pobre com o PT e com a direita com quem governa, das burocracias sindicais e estudantis, e da oposição de direita.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias