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GREVE na CEF | Bancários da Caixa em greve contra privatização sofrem ameaça da justiça e do governo Bolsonaro

Numa medida inédita, a justiça determinou um mínimo de funcionamento de 60% presencial e no home office. A empresa, presidida por Pedro Guimarães queria mais, queria a proibição completa da greve. Isso mostra o medo que tem o governo e também a empresa da luta dos bancários.

terça-feira 27 de abril de 2021 | Edição do dia

Depois que o ex-presidente Lula declarou que a abertura de capital da Caixa seria uma possibilidade em um futuro governo seu, o ritmo dos planos de Guedes para a CEF se aceleraram. O que vai acontecer na próxima sexta-feira é a chamada IPO – oferta inicial de ações - da Caixa Seguros, o setor mais lucrativo do banco.

Ao longo dos últimos dias os bancários da Caixa passaram por uma situação vexatória, com metas de venda das ações que hipotecam o seu próprio futuro. Enquanto um punhado de gestores brindavam com a destruição do patrimônio publico a indignação só cresceu nos locais de trabalho, em casa e nas agências. Apesar do chamado de última hora e da pouca ou nula organização por parte dos sindicatos cutistas, que são a maioria em bancários, e adesão está sendo surpreendente.

É que quem acompanha de perto o funcionamento do último banco nacional 100% estatal que escapou das privatizações da época de FHC, só pode se revoltar com o cinismo escancarado e baixo do governo Bolsonaro, de Paulo Guedes e da empresa. Dizem que vão privatizar para melhorar o atendimento ao publico. Mentira. Vão privatizar o que dá lucro e sucatear o atendimento social. Isso não é nenhum segredo para as dezenas de milhares de bancários que fazem a Caixa funcionar todos os dias.

A decisão do TST se fundamenta no discurso de que a atividade da Caixa, em tempos de pandemia principalmente, é essencial. São os trabalhadores da Caixa que pagam o auxílio emergencial e vários benefícios fundamentais que a cada momento são ameaçados pelo governo Bolsonaro. No dia a dia da empresa é diferente. A direção da empresa dificulta ao máximo o atendimento social, faz de tudo para expulsar “os pobres” das agências. Quem depende de bolsa-família ou de auxílio não compra seguro, não investe em IPO, não contrata financiamento de casa, enfim, não bate meta.

Enquanto estamos em greve para garantir que a Caixa seja pública e continue cumprindo um papel social, os gerentes que estão dentro das agências trabalhando se preocupam não com o papel social da Caixa, em que o TST fundamentou seu ataque ao direito de greve, mas em bater as metas cobradas por Pedro Guimarães e Paulo Guedes.

O que o governo mais teme é a luta da classe trabalhadora. Se os bancários da Caixa entram em greve contra a privatização e se somam às lutas em curso contra demissões, por vacina e outras demandas, o governo vai estar mais ameaçado do que por mil CPI no Congresso. E não só o governo, mas os grandes empresários opositores (como os donos do Itaú) e os senhores da farda e da toga também. Por isso, a justiça mostra mais uma vez sua cara golpista. E não é apenas frente mobilização dos bancários, mas em diversas lutas pelo país este judiciário tem atuado cada vez mais para restringir o direito de greve, diante da instabilidade criada pela crise econômica e sanitária já está se antecipando para ser mais um fator que de contenção das mobilizações e revoltas.

Os bancários, que foram a luta durante a ditadura, que se enfrentaram com FHC, que durante os governos petistas foram das categorias que mais se mobilizaram e fizeram greve e que estão – infelizmente – acostumados a trabalhar sob uma pressão e assédios constantes, estão dando hoje uma pequena, pequeníssima ainda, mostra da sua força. É preciso agora exigir de todos os sindicatos de bancários do país que sigam com as medidas de luta, que organizem reuniões presenciais e remotas em cada agência do país. Essa luta não acaba hoje e é possível vencer.




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