Mesmo com constatação de taxas de contaminação mais elevadas do que números oficiais, os esforços do governador são para garantir reabertura das escolas da rede estadual, acompanhando a linha negacionista do governo federal.
quarta-feira 12 de agosto de 2020 | Edição do dia
Na semana passada o governador Rui Costa (PT) anunciou plano para o retorno das aulas nas escolas estaduais, segundo ele a aulas passariam a incluir os sábados e não haverá recesso no final de ano. Dentro desse plano o ano letivo encerraria em fevereiro de 2021.
"Devemos ir até fevereiro, para terminar o ano de 2020. Não terá recesso no final do ano. E com isso a gente cumprirá o número de horas"
O governador disse que será obrigatório o uso de mascaras e distanciamento social, elencou uma serie medidas para garantir a segurança sanitária das escolas. Entretanto alunos, pais, professores e funcionários das escolas temem que a medida seja precipitada e alegam que a atual estrutura das escolas não tem capacidade de garantir a segurança da comunidade escolar.
Em resposta as criticas do sindicato dos professores, que chamou o retorno a aulas de genocídio, Rui Costa respondeu ironicamente desdenhando dos professores dizendo “Não vi ninguém falando de genocídio quando se falou de abrir shopping”. Inclusive a Associação dos Professores Licenciados do Brasil – Secção da Bahia também aponta que a estrutura dos colégios públicos do Estado tem salas superlotadas, pouca ventilação, banheiros e bebedouros precários, como disse a coordenadora Marilene Betros. Alunos, como Fernanda Santo, também alegam que temem que o retorno aconteça de forma precipitada, pois em suas famílias tiveram casos de contaminação e acreditam que possam ter também familiares assintomáticos e por conta do contato levar a contaminação para a escola.
O receio da comunidade escolar tem mais que base na realidade
Segundo testagem realizada em três cidades do interior foi constatado que a taxa de contaminação em integrantes da comunidade escolar é de 10%, quando nos números oficiais essa taxa seria de 1%. A rede de ensino do Estado conta com certa de 800 mil alunos matriculados, o que significaria um universo de possibilidade novos contágios na casa de 80 mil alunos, que poderiam levar a doença para novos alunos, professores, funcionários e familiares. Mesmo assim os planejamentos do governo do estado são de garantir a reabertura para impedir o cancelamento do ano letivo, colocando a comunidade escolar em risco em uma política diretamente alinhada com a pressão negacionista do governo federal e dos grandes empresários que só estão interessados que a normalidade seja imposta em nome de sua lucratividade, sem qualquer preocupação com a vida.
Assim como temos nos posicionado nacionalmente qualquer plano de reabertura deve passem em primeiro lugar pela avaliação da comunidade escolar, ou seja, por quem realmente vive a realidade das escolas, os alunos, professores, funcionários da educação e as famílias. São esses que devem decidir quando e quais as medidas necessárias para o retorno das aulas. Somente assim é possível colocar em primeiro plano a garantia da saúde e da vida.