Os Auditores Fiscais da Receita Federal ameaçam entrar em greve a partir da próxima quinta-feira (14) devido ao não cumprimento do reajuste de 21,3% acordado ainda no governo Dilma. De acordo com o Sindifisco Nacional, cerca de 70% dos auditores aprovam a greve.
sábado 9 de julho de 2016 | Edição do dia
Já entregaram seus cargos 46 delegados, inspetores, e chefes de divisão da Receita Federal, no Rio do Grande do Sul. Não se descarta que outros funcionários do órgão também sigam por esse caminho. Em manifesto publicado, os funcionários afirmam que o não cumprimento do reajuste, votado e acordado com o governo é "uma manifestação infindável de desrespeito" por parte do Ministério do Planejamento.
Em Foz do Iguaçu os auditores fazem operação tartaruga e as cargas demoram mais de dois dias para passar. Centenas de caminhões aguardam a liberação de cargas de importação e exportação, que depende dos auditores.
O ministro do Planejamento Dyogo Oliveira pediu aos funcionários que não façam greve, afirmando que o acirramento não ajudará nas negociações. Segundo o ministro, Michel Temer ainda não confirmou como vai proceder com os acordos firmados no final da gestão de Dilma, e entre esses acordos está a negociação com os Auditores da Receita.
O Sindifisco Nacional responsabiliza o ministro do planejamento por não ter encaminhado o projeto que garante o reajuste antes do recesso. É cobrado do governo também um bônus de R$ 3 mil previsto no mesmo acordo. A perspectiva era de receber reajuste de 5,5% no salário base ainda em agosto, e o restante em até 4 anos. O governo, entretanto, não dá garantias.
A arrecadação do governo pode ser bastante afetada com uma forte greve da categoria, o que parece preocupar a cúpula do governo e a mídia burguesa. Além disso, a movimentação tem potencial de desestabilizar o governo golpista num momento em que Temer tenta consolidar sua imagem de um bom gestor público. As recentes declarações de "medidas impopulares" passam alguma segurança ao mercado, mas a reação em cadeia de uma greve dos auditores pode ameaçar a consolidação dessa imagem. Ainda assim Temer não garante que respeitará o acordo.
Temas