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GREVE DOS CORREIOS | Audiência de conciliação no TST termina e assembleias avaliarão proposta na segunda-feira

Frente a força da greve, justiça e empresa elaboram nova proposta e sindicatos indicam avaliação para as assembléias. Veja a opinião de Natália Mantovan do Esquerda Diário

sábado 26 de setembro de 2015 | 00:50

Após 10 dias de greve, realizou-se uma audiência de conciliação entre as federações de sindicatos de trabalhadores dos Correios e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A audiência é fruto da intransigência da ECT, que antes mesmo do início da greve já havia procurado o Tribunal Superior do Trabalho (TST) para intermediar a negociação da campanha salarial. Nos últimos anos, esta tem sido a forma de conduzir as discussões, ao invés de apresentar propostas minimamente razoáveis, a empresa deixa isso a cargo do TST.

Depois de discutir com os sindicatos, e reunir-se com os representantes da empresa, a proposta oferecida pelo TST, e que deve ser avaliada nas assembleias de segunda, prevê o seguinte:

  •  150 reais retroativo a ago de 2015 em caráter de gratificação (GIP)
  •  50 reais em jan de 2016 em caráter de gratificação
  •  Incorporação de 100 reais da GIP em jan de 2016.
  •  incorporação de 50 reais da GIP em ago de 2016.
  •  incorporação de 50 reais da GIP em ago de 2017.
  •  9,56% sobre os demais benefícios.
  •  redução do compartilhamento do VA de 0,5% para a NM 1-63. 5% para NM 64-90. 10% para a NS 1-60.
  •  não desconto dos dias.
  •  90 dias para compensar em seu local de trabalho.
  •  sem alteração no plano de saúde.
  •  formação da comissão paritária em 30 dias.
  •  qualquer alteração no plano terá que existir comum acordo.
  •  entrega matutina em todas unidades até o final de 2016.
  •  reedição das demais cláusulas do ACT 2014/2015. ( inclui o vale peru).

    Obs.: a gip 2014/2015 fica conforme o atual acordo. Incorporação de 50 reais em maio de 2016. E restante conforme o lucro da ect.

    Conversamos com Natália Mantovan, atendente em greve de Campinas e impulsionadora do Esquerda Diário, que comentou: “Infelizmente, mais uma vez, a direção da empresa decide os rumos da campanha salarial somente com a interferência do TST. Isso é muito ruim, mostra sua completa falta de interesse com o trabalhador, com as nossas reivindicações. Leva a negociação pra um terreno que já é desfavorável, não é nosso, é o terreno da Justiça que a gente sabe que não existe pra defender os nossos interesses. Vejo que se já há algum avanço nessa proposta em relação a anterior, isso só foi possível pela força de nossa greve, que demonstramos também com o ato ontem em São Paulo, e não pela "boa vontade" da justiça que na ultima mediação propunha junto a empresa uma proposta ainda mais rebaixada. Esse avanço desmascara os sindicatos ligados a Articulação (PT) que estão desde o início desconstruindo a greve dizendo que a primeira proposta era a melhor possível. Mas o que vários trabalhadores estão questionando, em todas as conversas, nos grupos, nas redes sociais, é o porquê da incorporação do aumento seguir sendo parcelada, por que já não incorporar? Segue também a insegurança com as mudanças no plano de saúde, pois sempre deixam alguma comissão para discutir alterações e nunca garantem nosso benefício. Acho que temos que avaliar em toda a base na categoria as condições para seguir a greve com ainda mais força e conquistar mais, pois sabemos que esse acordo ainda vai gerar uma defasagem salarial e segue essa incerteza do plano de saúde, além de outras demandas não atendidas. A entrada do Paraná na greve nesta sexta mostra que ela segue se fortalecendo e no DF a greve acabou somente com uma grande manobra da burocracia da CUT. O ideal seria que houvesse um comando de greve com delegados eleitos em cada base que está fazendo a greve pra fazer essa avaliação conjunta. Atualmente acaba cada sindicato decidindo por si o que propor nas assembleias sem nenhuma articulação nacional. Isso dificulta muito pra base poder refletir e tomar suas próprias decisões e gera desunião na categoria. Agora, o que determina se poderemos ir por mais é a força e a disposição dos trabalhadores. Essa greve pra mim já mostrou um salto na nossa organização, existe todo um setor novo de ativistas na base que estão buscando uma forma de se articular melhor e expressar essa força nas greves, que ainda ficam muito controladas pelas direções muitas vezes burocráticas dos sindicatos, mas tudo indica que a partir dessa greve avançaremos. Em relação à proposta, é importante que avaliemos nossa força para conquistar um acordo melhor. Continuar a greve é o ideal, pois nossas demandas são legítimas e é a empresa e o governo que estão intransigentes. Para isso, precisaremos de mais organização e unidade da categoria, impedindo que os sindicatos traiam e dividam a nossa luta. Então, todos ecetistas precisam se envolver na mobilização nas bases e comparecer em peso nas assembléias”.




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