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JORNADA DE MOBILIZAÇÕES | Atos e paralisações contra os ataques de Temer, precisamos de uma verdadeira mobilização pela greve geral

Com paralisações de alguns setores e manifestações a jornada de luta de hoje, separada da jornada dos metalúrgicos do dia 29, mostra que há disposição de luta de setores da classe trabalhadora. Para que essa disposição seja parte de um plano para uma verdadeira greve geral é necessário superar os limites mostrados hoje, construindo efetivamente, com assembleias, e nas bases a próxima jornada.

quinta-feira 22 de setembro de 2016 | Edição do dia

Dezenas de milhares atenderam ao chamado das centrais sindicais e foram as ruas em ao menos 21 estados do país. Os atos ergueram sua voz contra as medidas do governo golpista de Temer, que hoje mesmo implementou por decreto (via Medida Provisória) uma precarização radical do ensino médio acabando com diversas disciplinas, e planeja diversos outros ataques como a reforma da previdência, trabalhista e um congelamento dos gastos da saúde e educação por 20 anos.

O dia foi marcado por algumas paralisações organizadas pelas centrais sindicais, como em rodoviários no Rio Grande do Sul entre outros setores em um dia que teve maior peso os atos e paralisações de setores do funcionalismo.

O ABC paulista teve paralisações de algumas horas em algumas fábricas, bem como petroleiros em algumas unidades do país cruzaram os braços por algumas horas. A adesão mais significativa se deu em professores e setores do funcionalismo público. Combinaram-se a estas paralisações atos pelo “Fora Temer” em diversas capitais e cidades importantes do país.

A adesão de algumas dezenas de milhares, ou até mesmo mais de duzentos mil manifestantes se tomarmos os números dos organizadores, mostra como mesmo com praticamente nula construção na base das categorias há disposição de luta em várias categorias do país.

As maiores manifestações segundo os organizadores aconteceram em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte. No Estado de São Paulo a manifestação começou com paralisações parciais de metalúrgicos e um ato em São Bernardo do Campo, leia o artigo de Maíra Machado sobre esse ato. No final da tarde ocorreu ato na Avenida Paulista onde se concentravam bancários em greve e ocorria assembleia de professores do Estado. Depois ocorreu a manifestação unitária.

Ontem o Esquerda Diário publicou artigo de bancários em greve que mostravam como a manifestação dessa categoria não contou sequer com assembleia chamando os grevistas a se unirem aos professores em manifestação. Não à toa a presença desta categoria na manifestação foi pequena apesar da dura greve que está travando contra a patronal bancária, a FENABAN, que quer impor o arrocho salarial à categoria como exemplo aos trabalhadores do país.

A assembleia de professores que precedeu a manifestação na capital paulista não votou medidas de luta, fora um ato em Brasília daqui a quinze dias, apesar de hoje essa categoria e toda educação do país ter sofrido um importante ataque.
Diana Assunção e Danilo Magrão, editores do Esquerda Diário e candidatos a vereador em São Paulo e Campinas respectivamente fizeram uma avaliação do ato quando ele começava logo após a assembleia de professores:

Em Porto Alegre a jornada de manifestação iniciou com piquetes nas garagens de ônibus. Esses piquetes, no entanto não foram construídos com os trabalhadores, apesar de serem pautas que “todo peão concorda”, como ressaltou o rodoviário Adaílson nessa nota.

Em Belo Horizonte a manifestação reuniu diversos segmentos do funcionalismo público que cruzaram os braços, como professores da rede pública, professores, funcionários e estudantes da UFMG, trabalhadores da saúde. A manifestação teve diversos pontos de concentração durante o dia, reunindo cerca de dez mil pessoas. Uma dessas manifestações chegou a sofrer repressão pela polícia militar, como mostrou Flávia Valle, colunista do Esquerda Diário em vídeo postado em rede social:

No Rio de Janeiro o dia ficou marcado pela manifestação ocorrida no final da tarde no centro daquela capital.

A disposição de diversos setores, sobretudo da educação a paralisar suas atividades, organizar assembleias ou manifestações, e de outros milhares que se somaram nas manifestações mostra como é possível erguer uma força da classe trabalhadora para se enfrentar com os ataques de Temer e das patronais.

No entanto, para que isso seja efetivo é necessário superar a fragmentação e divisão do movimento que as centrais sindicais impõem, deixando de lado a solidariedade aos bancários em sua dura greve e fragmentado a luta entre um dia de manifestações com peso da educação e funcionalismo como foi o dia de hoje, e uma paralisação metalúrgica no dia 29.

Thais Oyola, delegada sindical da Caixa Econômica Federal e correspondente em bancários do Esquerda Diário também fez sua avaliação da greve: “O ato de hoje unificado entre bancários em greve e professores contou, no entanto, com pouca convocação entre os trabalhadores por parte do sindicato. A Fenaban vem buscando cada vez mais desgastar nossa greve e a direção do sindicato, ao não chamar nenhuma assembleia mais nesse período para discutir as medidas de luta com os bancários, por exemplo o ato de hoje, contribui diretamente pra isso. No dia de hoje aconteceram diversas ações radicalizadas de fechamento de concentrações importantes dos principais bancos, no entanto, isso foi feito sem os bancários. Para barrar o arrocho e os ataques aos nossos direitos ações de efeito não serão suficientes, é necessário derrubar as divisões entre as categorias, tão alimentadas pelas burocracias sindicais, e organizar desde os locais de trabalho uma grande greve geral."

Como o comentário desta bancária em greve ilustra, retratando os desafios da principal greve em curso no país, para que a força dessas manifestações sejam um passo para uma efetiva greve geral, como todas as centrais declaram defender, são necessários outros métodos, uma efetiva construção democrática da mobilização dos trabalhadores nos locais de trabalho. É preciso superar a divisão e apatia destas centrais e direções burocráticas de sindicatos para organizar a força dos trabalhadores e assim desafiar o golpista Temer e seus ataques.

A manifestação do dia 29, último dia de campanha eleitoral pode ser utilizada pela burocracia sindical como palanque para seus candidatos que não defendem os interesses da classe trabalhadora mas os ajustes, privatizações, ainda que em outro ritmo e método que os golpistas, como é o caso do PT. Para que a disposição de luta mostrada por alguns setores no dia de hoje se efetive é necessário lutar por uma forte paralisação no dia 29. Desta vez com verdadeiras assembleias e organização pela base, única forma de começar a organizar um plano de luta por uma verdadeira greve geral.




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