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CICLO DE DEBATES | Atividade Anticapitalista e Revolucionária no Rio de Janeiro

Aconteceu no dia 3/11 no Rio o debate do ciclo "Anticapitalismo e Revolução", organizado pelo Esquerda Diário com a presença do ex-deputado Christian Castillo pela FIT da Argentina e dirigente do PTS, organização irmã do MRT naquele país, e a ex-candidata a vereadora do MRT pelo PSOL, Carolina Cacau.

domingo 6 de novembro de 2016 | Edição do dia

Na quinta-feira, 3 de novembro, realizou-se o debate inaugural do ciclo de debates "Anticapitalismo e Revolução" na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) organizado pela rede internacional Esquerda Diário impulsionado no Brasil pelo Movimento Revolucionário de Trabalhadores. A mesa foi composta pelo ex-deputado Christian Castillo do PTS e da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores da Argentina e a ex-candidata a vereadora do MRT pelo PSOL, estudante da UERJ e professora grevista da rede estadual Carolina Cacau.

O debate foi sobre a situação nacional e internacional abertas, e qual a saída para os trabalhadores, a juventude, as mulheres e os setores oprimidos numa perspectiva revolucionária.

Carolina Cacau iniciou o debate colocando a situação política atual, pós processo eleitoral com um segundo turno na cidade do Rio que expressou um setor importante de votantes que quer lutar contra os ataques e que pode avançar a posições anticapitalistas e revolucionárias para vencer o governo golpista. Isso no marco em que a eleição teve como vencedor o candidato e bispo Crivella (PRB) representante de tudo o que há de mais reacionário na política brasileira, que junto com o governo estadual de Pezão e Dornelles e o governo golpista de Temer em Brasilia colocam a necessidade de uma luta à altura dos ataques que a classe trabalhadora e a juventude enfrentam, num cenário de fortalecimento superestrutural da direita com o PSDB vencendo em várias capitais, com mais de 700 prefeituras como Porto Alegre e o bastião petista de Santo André no ABC paulista.

Cacau colocou que "Esse fortalecimento da direita teve duas caras, a tucana e outra uma pulverização de vários pequenos partidos como o PRB de Crivella, o PHS de Kalil em Belo Horizonte e o PMN com Greca em Curitiba que dizia que tinha nojo do pobre. O PMDB de Temer conquistou mais algumas capitais, como Florianópolis, e segue sendo o partido com mais prefeituras no país, mas perdeu em lugares importantes Rio e Porto Alegre. O PMDB é o que menos se fortaleceu, e segue com a pressão de implementar os ajustes e seguirá sofrendo pressão da Lava Jato que escolhe quem e quando atacar conforme os interesses políticos".

Debateu-se também a outra cara destas eleições municipais, sendo o Rio de Janeiro o contraponto deste fortalecimento à direita. O 40% obtido por Freixo nestas eleições expressa um setor de mais de 1 milhão de pessoas em busca de uma alternativa a esquerda do PT e de seus aliados como o PCdoB. Cacau colocou que esse resultado de fortalecimento da direita tem relação com a experiencia de desmoralização dos trabalhadores com os governos do PT, com uma estratégia de conciliação de classes, que levou ao enriquecimento dos empresários quando as condições econômicas internacionais permitiram concessões e melhoras nas condições de vida dos trabalhadores, elemento que com a crise aberta em 2008 ficou rapidamente no passado. Hoje o PT foi o grande derrotado nas eleições municipais.

Cacau afirma que "Essas derrotas não são separadas da atuação da burocracia sindical ligada ao petismo, como a CUT e CTB, de sua não luta contra o golpe institucional e sua trégua frente aos ataques de Temer, do judiciário, do Congresso e das patronais. Todos aqui foram nos atos fora temer, e vários foram showmícios".

No entanto, existem expressões de luta contra os ataques, com uma onda de ocupações, mais de 1000 escolas ocupadas, e várias universidades no mesmo caminho e que mesmo com várias tentativas de desocupação do MEC para dividir os estudantes com o adiamento das provas do ENEM, a juventude está dando uma lição de luta mostrando que não vai aceitar que nosso futuro seja congelado por 20 anos com a PEC 241, a reforma do ensino médio e também as greves de funcionários nas universidades, que são um ponto de apoio importante para desenvolver a luta contra os cortes dos governos estadual e federal.

Também foi debatido o avanço da crise de representatividade dos políticos e como isto se refletiu na vitória de figuras com discurso antipolítica, como os focados no perfil de "gestores" como Doria em São Paulo e Marchezan em Porto Alegre. Mas a pesar do fortalecimento da direita nas eleições, não mudou a correlação de forças entre as classes.

Discutiu-se também que durante as eleições, o MRT participou do movimento que surgiu à esquerda, alertando que Freixo não levantava um programa e uma perspectiva anticapitalista. Que Freixo na sua campanha buscou mostrar aos empresários que não era radical e não fez desta um grande impulso para lutar contra o governo golpista de Temer e seus ataques, evitando “nacionalizar” a campanha que é parte dos anseios de parte importante desse milhão e pouco de votantes que tendem a se enfrentar aos ataques, ajustes e cortes na Saúde e Educação. Mas que mesmo assim esses mais de um milhão de votos são muito importantes, pois se declararam contra o avanço da direita. Isso pode ser um importante ponto de apoio para a luta contra os ataques como também o são a onda de ocupações de escolas e universidades contra a PEC 241 (PEC55)

Christian Castillo iniciou sua fala colocando uma perspectiva do cenário internacional de aprofundamento da crise econômica, assinalando que isso cria uma crescente desigualdade social, com os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Essa situação abre uma polarização social em vários países, sendo os Estados Unidos um dos casos mais expressivos, com fenômenos de direita como Donald Trump, e à esquerda com Bernie Sanders.

Por outro lado, o aprofundamento da crise econômica, teve como resultado o surgimento de variantes neorreformistas à esquerda, como é o caso de Podemos no Estado Espanhol e do Syriza na Grécia. Este último encabeçado por Tsipras, que mostrou na prática a falência de uma estratégia de conciliação de classes e uma ilusão de que é possível negociar os ataques e obter melhorias no capitalismo numa crise econômica que continua se aprofundando. "Não vimos ainda o surgimento de fenômenos diretamente revolucionários e anticapitalistas. O surgimento desses fenômenos estão ainda por vir. Se o comparamos com o século XX, provavelmente isso se explica pelas condições em que se deu a crise, já que não tivemos uma quebra geral como em 1930, mas uma crise longa de estancamento." afirmou

O ex-deputado da Argentina destacou o exemplo do Syriza na Grécia para pensar a situação política no Brasil e em especial no Rio de Janeiro que pese às diferenças, ambos colocavam saídas a esquerda sem romper com o capitalismo, mas ao contrário gerindo-o. "...(Syriza) chegou no governo falando que não ia aceitar o memorandum de ataques da União Européia, o que se assemelharia se tivesse ganhado a eleição no Brasil a dizer que não ia aplicar a PEC 241. Mas quando chegaram ao governo eles tentaram negociar com a União Européia. Mas a União Européia falou ’nenhuma negociação’, como era muito previsível. E nesse marco convocaram plebiscito com a população. Na verdade, Tsipras não esperava uma grande votação no plebiscito. No entanto o plebiscito gerou uma grande mobilização dos trabalhadores. Houve uma enorme disputa política neste ponto. 60% da população disse não aos ajustes. Tsipras achava que com isso ia conseguir concessões da União Européia. Ilusões que não se concretizaram. No dia seguinte Tsipras aceitou o memorandum que 60% da população tinha rejeitado. Hoje com a aplicação do memorandum as expectativas de vida caíram 10 anos. O desemprego chega a 25% da população. Syriza administra uma catástrofe nacional."

Outro ponto muito importante no debate foi sobre o crescimento da rede internacional do Esquerda Diário particularmente no Rio de Janeiro com mais de 200 mil acessos nessas eleições no Rio, 13 mil seguidores na cidade, e nacionalmente 750 mil acessos no ultimo mês, o que reafirma que esse milhão de votantes do Freixo estão abertos a ideias de esquerda, anticapitalistas e revolucionárias e que são a base de apoio para lutar contra os ataques dos golpistas. Christian Castillo colocou que o Esquerda Diário Argentina (La Izquierda Diario) tem atualmente mais de 2 milhões de acessos mensais e que é lido também por setores cada vez mais amplos porque Esquerda Diário é o primeiro a ter informações disponíveis.

Cacau concluiu com a necessidade de "superar o caminho da conciliação com os patrões para vencer e achamos que é possível fazer isso com os que depositaram sua confiança na candidatura de Freixo. Temos que batalhar pra fazer do Rio, que foi um contraponto nacional ao fortalecimento da direita, um grande impulso na resistência a todos ataques dos golpistas e da direita. É com essa perspectiva que nós do MRT e do Esquerda Diário seguiremos colocando todas as nossas energias para essa perspectiva, batalhando por construir uma alternativa política anticapitalista, revolucionária e socialista nesse processo, tarefa apaixonante para a qual chamamos todos a fazer parte".




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