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Guerra | Ataques da OTAN: 3 intervenções que denunciam seu papel imperialista

Nas últimas décadas a OTAN participou em inúmeras intervenções militares. Destacamos o seu papel imperialista nas guerras no Kosovo, Afeganistão e Líbia.

terça-feira 1º de março de 2022 | Edição do dia

A intervenção e invasão militar de Putin na Ucrânia é totalmente condenável, já que é uma guerra que só pode trazer sofrimento, morte e mais desigualdade social para a classe trabalhadora. Porém isso não significa que o papel da OTAN no conflito possa ser defendido. A mídia burguesa, com apoio do imperialismo, produz uma narrativa associando a OTAN à "defesa da liberdade dos povos contra governos autoritários". Mas a história e os números mostram o contrário. Sua verdadeira função é cuidar dos interesses das potências imperialistas, especialmente dos Estados Unidos, mas também da Alemanha, da Inglaterra e da França. Os países que sofrem intervenção da OTAN, sempre com um discurso de suposta defesa da paz, mas, na prática, ficam com milhares de mortos e profundas crises sociais. A OTAN surgiu em 1949 para deter o avanço soviético, mas acabou se fortalecendo após a dissolução da URSS. Chegou a dobrar o número de membros durante esse período. Foi também nessa época que ela começou a intervir ativamente em uma série de guerras, em diferentes partes do mundo.

Expansão da OTAN desde seu surgimento

1. A Guerra do Kosovo

O ano era 1999. O território que formava a ex-Iugoslávia era atormentado por tensões geopolíticas e lutas pela independência desde a queda da URSS. Kosovo foi palco de uma disputa desde o ano anterior entre as forças sérvias e os rebeldes albaneses que exigiam autonomia na região. A OTAN decidiu intervir a favor deste último lado, mas não o fez para defender o direito à autodeterminação (tornar-se independente) do povo albanês kosovar ou para acabar com as condições opressivas a que foram submetidos; mas sim instalar um governo pró-Estados Unidos e Europa, e assim colocar limites à Rússia em sua antiga zona de influência. Por intervenção quero dizer que eles bombardearam Kosovo, Sérvia e Montenegro com 600 aviões de treze países, deixando mais de 1.500 civis mortos e milhares feridos. Também destruíram cidades e uma crise ambiental como resultado das bombas de urânio que usaram. O resultado foi a fictícia independência do Kosovo nove anos depois, em fevereiro de 2008. Longe de ser um país soberano, tornou-se dependente dos países da ONU e da OTAN, que o transformaram em uma espécie de base militar para controlar toda a região dos Bálcãs e o resto da Europa Oriental.

Bombardeios da OTAN em Kosovo

2. A guerra no Afeganistão

O ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001 na cidade de Nova York, marcaria o início da chamada “Guerra ao Terror”. Com ela veio a invasão e ocupação do Afeganistão por forças militares americanas e europeias em dezembro daquele mesmo ano. De um lado lutaram os poderosos exércitos da OTAN e de outros exércitos irregulares, grupos armados e milícias, com métodos muito questionáveis, que em muitos casos foram apoiados pelos povos invadidos como forma de defesa contra a agressão imperialista. A invasão do Afeganistão foi justificada com a desculpa de que Bin Laden, chefe da organização que causou o ataque, estava se refugiando ali. Mas a verdade é que os interesses dos Estados Unidos e da Europa na região foram mais longe. O Afeganistão é uma área-chave devido à sua localização geopolítica particular e permite que a Rússia ou a China sejam controladas. O conflito também era para que empresas dos países invasores compartilhassem as enormes reservas de petróleo que existem no local. A guerra no Afeganistão durou duas décadas e terminou com a humilhante saída dos exércitos da OTAN depois que o país voltou a estar nas mãos de um governo talibã. A cidade foi devastada, a idade média da população é de 18 anos, com centenas de milhares de mortos e uma possível guerra civil. Outra das consequências geradas é que em muitos dos países-membros da OTAN, ao mesmo tempo que o enviam tropas, tem políticas xenófobas e a discriminação contra a população muçulmana aumenta.

Tropas da OTAN no Afeganistão

3. A intervenção na Líbia / A guerra civil na Líbia

Por cinco meses em 2011, a OTAN bombardeou e interveio militarmente no país do norte da África. 17 de março foi o dia em que o Conselho de Segurança votou “para tomar as medidas necessárias para proteger os civis” e mais de 20 países participaram com militares e armas do conflito. As ações da OTAN foram para recuperar a ofensiva na região, aproveitando o processo revolucionário que estava aberto no Oriente Médio e Norte da África, conhecido como Primavera Árabe (se quiser saber mais sobre isso, acesse aqui). Um dos líderes que caíram dessas grandes mobilizações populares foi Muammar Gaddafi, presidente da Líbia há 42 anos, que mantinha boas relações com a URSS, mas cujo governo vinha se deteriorando há anos. Os Estados Unidos e a Europa, além de participarem militarmente, financiaram os grupos rebeldes com armas e treinamento. Gaddafi foi assassinado por uma multidão de opositores em 11 de outubro de 2011, enquanto eclodiu uma luta interna no país que dividia o poder em dois governos.

Consequências da participação da OTAN na guerra civil da Libia

A OTAN aproveitou-se dessas revoltas, mas não para “ajuda humanitária” como costumava argumentar, mas para fechar negócios e aumentar seu controle territorial por meio de um novo governo favorável aos interesses ocidentais. A Líbia desempenha um papel fundamental na geopolítica do Mediterrâneo devido às suas grandes reservas de gás e petróleo, além de ter uma localização estratégica no controle de refugiados que fogem da fome e dos conflitos na África subsaariana. Nessa guerra, a França e a Inglaterra foram as que dirigiram as operações militares e também as que mais se beneficiaram do negócio petrolífero libanês. Longe da paz, a Líbia continua atormentada por uma guerra civil que não termina. As forças da OTAN provocaram um genocídio na área, todos os direitos do povo foram violados e milhões de pessoas tiveram de ser deslocadas devido à fome e à destruição de cidades inteiras.

Estas são algumas das histórias que mostram a verdadeira face da OTAN: uma máquina de guerra imperialista. Porém eles não são os únicos, e não podemos esquecer de nenhuma das barbáries cometidas. Lembremos da nefasta intervenção nas Malvinas, na guerra de 1982 contra a soberania nacional argentina. Também na Guerra do Iraque que começou em 2003, onde a invasão foi justificada por versões nunca verificadas de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa. A Ucrânia não é exceção. Nem a intervenção da Europa e dos Estados Unidos, nem a invasão de Putin podem ser respostas progressivas às necessidades populares de um dos povos mais pobres do continente. Se a guerra progredir, já sabemos o que esperar: negócios multibilionários e aumento do poder militar das grandes potências, dificuldades e crescente descontentamento para milhões.

Leia sobre o “Rearmamento histórico do imperialismo alemão: 100 bilhões de euros para as forças armadas”.

Fora as tropas russas da Ucrânia!
Por uma Ucrânia independente, trabalhadora e socialista!
Abaixo a OTAN, o rearmamento e o militarismo imperialista!
Nem um euro para a guerra na Ucrânia, nem para os orçamentos militares!




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