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HAITI | As tropas da ONU são responsáveis pela epidemia de cólera no Haiti

Pesquisadores da Universidade de Yale demonstraram que a epidemia de cólera no Haiti foi propagada pelos militares da ONU, e que isso poderia ter sido evitado com somente 3 dólares por pessoa.

Asier UbicoZaragoza

sexta-feira 22 de abril de 2016 | Edição do dia

A espantosa epidemia de cólera que ocasionou milhares de mortos no Haiti, poderia ter sido evitada se a ONU (Organização das Nações Unidas) tivesse colocado em prática um plano sanitário que tinha um ridículo custo de 1.800 euros. Muitíssimo menos do que custa para manter um oficial militar da ONU. Essa investigação tem sido colocada em evidência por um grupo de epidemiologistas e advogados da Universidade de Yale - EUA, que estava investigando como foi introduzida a bactéria de cólera pelas "forças de paz" da ONU. Estas que foram destinadas, supostamente por "razões humanitárias" depois do terremoto que arrasou o Haiti durante 2010, e matou mais de 200 mil pessoas, deixando milhares de famílias sem teto e sem infraestrutura.

Segundo os pesquisadores, esse tratamento consistia em um simples teste de rastreamento que custaria apenas 2,54 dólares cada um (2,26 euros), que combinados com antibióticos preventivos por menos de um dólar por soldado da MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) poderiam ter evitado o maior surto da história, durante os últimos 150 anos do país.

Os pesquisadores alertam que um novo surto pode se repetir, porém a ONU segue sem questionar os atuais procedimentos sanitários quando as tropas de "pacificação" se movimentam de país a país, alguns com problemas endêmicos de cólera. Neste caso, o movimento das tropas desde o Nepal (onde há cólera) para o Haiti, pode ter provocado com quase toda a certeza a extensão da enfermidade a ilha. Segundo o jornal inglês The Guardian o custo deste simples procedimento padrão que tão somente tinha um custo de 2.000 dólares e um êxito de 98%, era ínfimo comparado com os 2.200 milhões de dólares que os haitianos estão gastando para erradicar as consequências da enfermidade.

A ONU vacina suas tropas nessas transferências, porém os pesquisadores têm mostrado que isto é insuficiente. "Nossa pesquisa sugere que a triagem ou o procedimento de prevenção dos pacificadores são as formas mais efetivas de prevenir a propagação involuntária da cólera, porém a ONU ainda não implementou nenhuma dessas medidas, nem tem sido transparente sobre as razões pelas quais são tão resistentes a fazê-las", tem explicado umas das responsáveis do estudo de Yale, Virginia Pitzer, ao diário The Guardian.

No entanto, a ONU tem se negado reiteradamente a assumir responsabilidades e compensações às vítimas, mesmo quando o The Guardian trouxe à luz um informe filtrado e redigido por especialistas da ONU um mês depois do furto de cólera, onde eles colocam em alerta sobre os alarmantes problemas de higiene nas bases da MINUSTAH.

Porém este não é o único caso que coloca em evidência o verdadeiro caráter desumano da ONU. Em dezembro do ano passado se descobriu os abusos sexuais que os soldados franceses cometiam contra crianças de 9 anos por troca de comida na República Centro Africana, e como a ONU ocultou essas violências. Mesmo Organismos como a Agência da ONU para a infância e oficiais de direitos humanos faziam parte daqueles que olhavam para outro lado.

O saldo trágico desta epidemia, que já soma a assustadora cifra de 9 mil mortos, está ligada as consequências da intervenção imperialista na ilha.

Alguns setores do povo haitiano estão denunciando o papel desempenhado pela ONU na propagação desta epidemia. Por sua vez, no final do ano passado, milhares de trabalhadores e setores populares do país se manifestaram pelas ruas da capital, exigindo a retirada das tropas da ONU, a queda do Presidente (fantoche do Governo dos Estados Unidos) e o boicote às eleições fraudulentas na qual o único candidato era o pró-imperialista Martelly. As manifestações de rua do povo haitiano foram respondidas com repressão e detenções por parte da polícia do país, e com a ajuda das tropas da MINUSTAH. Um papel justificado pelo Departamento dos Estados Unidos que chamou o povo haitiano a frear suas reivindicações e a render-se.




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