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NOSSA CLASSE USP | As tarefas dos trabalhadores da USP frente ao dia 18/3 e a nossa luta na universidade

Nos últimos dias o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro colocou mais lenha na fogueira das disputas políticas com o Congresso, o STF e os governadores, chegando a divulgar pelo whatsapp vídeo convocando os atos do dia 15 de março contra o congresso. O presidente recuou e desmentiu o vídeo, mas a crise segue. Soma-se a isso o motim policial no Ceará e o assassinato do miliciano Adriano da Nóbrega, protegido da família Bolsonaro. A crise política se acentua no momento que a economia anda em marcha lenta, com a alta do dólar e a queda da bolsa e os primeiros casos do corona vírus no Brasil que também deve impactar a economia. Os trabalhadores deram uma importante demonstração de força com a greve de petroleiros que, não fosse pelas suas direções, poderia derrotar os planos privatistas de Paulo Guedes. Mas temos um desafio nas mãos: Exigir das centrais e direções sindicais que no dia 18 de março tenha uma forte paralisação nacional, contra o golpismo, as reformas neoliberais e em defesa do emprego e da Petrobras. E os trabalhadores da USP podem cumprir um papel importante.

quarta-feira 4 de março de 2020 | Edição do dia

Bolsonaro e Paulo Guedes elegeram o funcionalismo público como inimigo e junto a Rodrigo Maia e aos governadores, como João Doria, lançam ataques constantes. A reforma Administrativa quer reduzir salários, congelar contratações e acabar com a estabilidade. Se apoiando no sentimento massivo de combate aos privilégios querem atacar os funcionários da saúde e da educação enquanto mantém intacto os privilégios de juízes, políticos e militares. Esses últimos que recebem além de salários exorbitantes, auxílios e benefícios que sozinhos são maiores que os salários da maioria dos trabalhadores. Atacam o funcionalismo para golpear aqueles que lutam pelo direito da população à saúde e educação.

Veja aqui: Guedes e Maia usam discurso de privilégio para atacar servidores com a Reforma Administrativa

Na Universidade de São Paulo, também sentimos o impacto das políticas neoliberais de Guedes e Bolsonaro. A reforma da previdência afetou quase a totalidade dos funcionários da USP. Vamos trabalhar mais e sob condições cada vez mais precárias. Os servidores autárquicos, docentes e alguns funcionários, também vão sofrer com a reforma, dessa vez perpetrada por João Doria. Para atacar os trabalhadores PSDB e Bolsonaro andam de mãos dadas.

A reitoria da USP, comandada por Vahan Agopyan, anunciou, depois de quase 3 anos da aprovação dos Parâmetros de Sustentabilidade, chamada de PEC do fim da USP, que a universidade atingiu seu equilíbrio financeiro. Isso acontece depois da luta insistente que a burocracia universitária deu para aumentar seus próprios salários. Antes, o teto salarial das universidades estaduais era de R$ 23 mil, o salário do governador. Agora, depois dos “esforços” dos reitores e diretores de unidade, que, diga-se de passagem, estão distantes da pesquisa e do ensino há anos, o teto passa a ser de R$ 39,3 mil. São mais de R$16 mil de aumento para os que já ganham muito. Os Parâmetros de Sustentabilidade congelaram contratações e arrocharam os salários dos funcionários efetivos da universidade. A defasagem salarial chega a quase 20% desde 2015. O equilíbrio financeiro que a reitoria se vangloria foi supostamente atingido graças a política de desmonte e arrocho salarial, que custou aos funcionários perda do poder de compra, sobrecarga de trabalho, acidentes e adoecimento físico e mental. Também fez aumentar a terceirização. Para garantir o lucro das empresas terceirizadas e dos donos de fundações privadas, a reitoria

Leia também: Empresas Unicórnio, Ifood e USP: a ciência a serviço da escravidão capitalista

O Conselho Diretor de Base do Sintusp discutiu e aprovou, como parte da campanha salarial de 2020, exigir da reitoria o aumento do piso da categoria. Hoje, um trabalhador do nível básico ganha pouco mais de dois salários mínimos. Esse valor já chegou a representar 3 salários mínimos. Diminuir a distância entre os menores salários e os salários do nível técnico e superior, exigindo um aumento fixo mais as perdas salariais. Além dessas demandas, é fundamental exigir mais contratações de funcionários para o HU, SAS, unidades de ensino e extensão etc.

8M na USP

Aproxima-se o 8 de março, dia internacional de luta das mulheres. Diante de um governo profundamente machista e misógino, o 8 de março deve ser um grito independente das mulheres contra Bolsonaro. Em 2018 as mulheres foram linha de frente contra Bolsonaro com o movimento #EleNão. As mulheres atacadas pelo projeto golpista, pela precariedade do trabalho, com duplas e triplas jornadas e que morrem por abortos clandestinos nesse 8 de março podem ser parte de fazer ecoar a continuidade da batalha dos petroleiros e armar o conjunto da oposição de forma independente das forças que nos atacam.

Na USP é preciso enfrentar a violência de gênero e o machismo institucional. E só vamos conseguir arrancar nossas demandas unindo trabalhadoras, efetivas e terceirizadas, e estudantes para criar uma aliança potente contra a política de precarização da universidade e o machismo institucional.

A estrutura de poder estratificada e antidemocrática da universidade, que pouco ou nada permite a estudantes e trabalhadoras serem representadas e ocuparem os espaços de deliberação de forma democrática é parte do problema da violência de gênero na universidade. A reitoria e seus organismo não apenas fazem vista grossa aos inúmeros assédios e mesmo casos de estupros, mas fortalece com suas políticas autoritárias a desigualdade de gênero e raça na universidade. Basta ver a situação das creches da USP, com o fechamento da creche Oeste e a precarização da Creche Central com inúmeros casos de adoecimento e assédio. Também vemos na situação das trabalhadoras terceirizadas, em sua maioria mulheres negras que recebem os menores salários e não podem nem usar o BUSP ou comer no bandejão.

Há um chamado a um ato na USP em frente a reitoria e uma passeata até a creche central no dia 11 de março na hora do almoço. É preciso neste ato fortalecer a luta pelas creches e defender as trabalhadoras terceirizadas, lutando por igual direitos e igual salários e pela efetivação de todas sem a necessidade de concurso.

Exigir das centrais uma forte paralisação nacional dia 18

A greve dos petroleiros comprovou como apesar dos enormes ataques que sofremos nos últimos anos, a classe trabalhadora brasileira não está derrotada e quando se levanta é capaz de fazer a burguesia tremer. Essa força é um ponto de apoio para nós, trabalhadores da USP, para fortalecer nossa luta contra os desmandos da reitoria e contra os ataques dos governos.

É preciso unir a nossa classe por uma grande paralisação nacional no dia 18 de março. Fortalecendo nossa organização de base, com os métodos que internacionalmente vem mostrando sua força, como vimos na luta dos trabalhadores ferroviários franceses.

Exigir que as grandes centrais, como a CUT e CTB, as entidades estudantis, CAs, DCEs e a UNE, construam centenas de assembleias e reuniões em cada local de trabalho e estudo discutindo planos concretos para unificar as diferentes categorias em luta, como os professores que estão em greve em diversos estados do país, os petroleiros que protagonizaram essa importante luta recente e as demais categorias do nosso país. Junto ao movimento de mulheres, estudantes, negros, LGBTs, indígenas e ativistas sociais, para efetivar as grandes jornadas de protesto e manifestações convocadas para esse mês, como o dia internacional de luta das mulheres e os atos em memória de Marielle Franco. E transformar o dia 18 numa grande paralisação nacional, organizada pela a base contra o golpismo, as reformas neoliberais e em defesa do emprego e da Petrobras. Na USP o Conselho Diretor de Base do Sintusp (CDB) deve se reunir no dia 6 de março para discutir essas questões e convocar uma assembleia na semana seguinte para que os trabalhadores da USP possam ser parte ativa da luta contra os ataques dentro e fora da USP.

Essa é a batalha que nós do Movimento Nossa Classe e da juventude Faísca estamos dando em cada local de estudo e trabalho que atuamos e também na USP!




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