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Depois do escandaloso caso de violência contra menina de 10 anos, mulheres de movimentos sociais e organizações de esquerda convocam ato para sexta 17h no MASP, em São Paulo. Nós do grupo internacional de mulheres do Pão e Rosas, nos somamos à convocação do ato.

Pão e Rosas@Pao_e_Rosas

quinta-feira 20 de agosto de 2020 | Edição do dia

O caso da menina de 10 anos que foi estuprada por seu tio veio a público e marcou de uma forma horrorizante o país nessa última semana. Um verdadeiro escândalo que escancarou a misoginia da extrema direita de Bolsonaro, Damares, Sara Winter e do Estado capitalista, com uma justiça que tardou meses para analisar o caso de aborto dessa criança que, se tivesse o bebê, morreria. A gravidez, aponta a ONG Save The Children, é a maior causa de morte em adolescentes mulheres pelo mundo. Em resposta a esse episódio repugnante nós do grupo internacional de mulheres do Pão e Rosas, nos somamos à convocação do ato no MASP, dia 21/08, às 17h. Nas redes sociais o ato está sendo convocado com a seguinte frase: Gravidez aos dez mata: pelo fim da cultura do estupro

Os que se reuniram para ir na porta do hospital hostilizar a garota que estava passando pelo procedimento não foram na porta da casa do tio que a estuprava há 6 anos, Sara Winter que liderou esse ato farsesco, preferia ver uma criança morrer em nome de criminalizar ainda mais o aborto, que deveria ser um direito de todas. Em repúdio a essa direita conservadora que quer enterrar uma a uma das mulheres trabalhadoras que vamos para a rua em defesa do aborto legal, seguro e gratuito, garantido pelo SUS, porque estamos pela vida das mulheres.

A perversa relação entre patriarcado e capitalismo gera um machismo intolerável que leva crianças de 9 e 10 anos de idade a serem as principais vítimas de abuso sexual infantil dentro de suas próprias casas. A ausência de uma política constante e forte de educação sexual nas escolas está diretamente ligada a esse tipo de violência, contribuindo para uma percepção de mundo limitada. A vítima desta vez vinha sendo violentada pelo tio desde 6 anos de idade e não denunciava com medo das ameaças que sofria. Nessa situação, teria seu direito ao aborto assegurado, uma vez que estupro e gravidez de risco materno são dois dos três casos já previstos pela lei desde 1984, em um país que criminaliza esse direito. Ainda assim, o Judiciário colocou o pedido de interrupção da gravidez "em análise" por semanas, argumentando que a Constituição brasileira reconhece a vida humana como o mais importante valor do Direito brasileiro e acentuando os riscos e sofrimentos da criança.

A extrema direita fundamentalista que criminaliza o aborto e condena as mulheres que abortam à morte, na figura da extremista Sara Winter, divulgou nas redes sociais dados da menina e levou um grupo de reacionários religiosos para a porta do hospital em que a menina passava pelo procedimento, gritando que a menina é uma "assassina" . Esse é o verdadeiro retrato da família brasileira que essa extrema direita tanta defende. São contra o aborto legal e seguro, mas também são contra a vida das mulheres e das crianças. Como disse Malafaia, consideram o aborto um crime pior do que o estupro, uma violência que é um verdadeiro drama para todas e todos os que já viveram esse trauma. As mulheres que não desejam uma gravidez são obrigadas a recorrer a clínicas clandestinas e a métodos perigosos levando ao um índice alto de mulheres mortas todos os anos, por outro lado as mulheres que desejam ser mães e são trabalhadoras também não podem exercer a maternidade de forma plena, porque o Estado e o sistema de exploração capitalista não permitem.

Transformemos esse caso abjeto em um grito ainda mais forte por educação sexual nas escolas para decidir. A educação sexual, ao contrário do que essa extrema direita propaga, pode na verdade evitar casos tão absurdos quanto o da menina que foi violentada sistematicamente por anos, pode educar as crianças a conhecerem seu próprio corpo e que elas coloquem um limite onde podem ser tocadas ou não, para que tenham a consciência do direito ao próprio corpo e ajuda os jovens a evitar DSTs quando iniciam suas vidas sexuais. É também uma ferramenta fundamental para todos os gêneros no sentido do respeito e cuidado com o corpo do outro, uma educação que deveria ser estendida aos combates diários das entidades estudantis e sindicais e dentro dos movimentos sociais, buscando quebrar todos os preconceitos produzidos pela ideologia capitalista. Os contraceptivos gratuitos para prevenir gravidezes indesejadas e o direito ao aborto legal, seguro e gratuito a todas as mulheres para não morrer. É urgente um Estado laico que separe imediatamente às nossas demandas dos interesses da Igreja. Queremos o direito de decidir sobre nossos corpos e não pode ser que a decisão sobre a vida ou morte de uma garota de 10 anos grávida fruto de um estupro tenha que se submeter a opiniões moralistas permeada de uma religiosidade medieval imposta por Damares, Bolsonaro e até mesmo o chorume da Sara Winter.

Além disso, é preciso lembrar que o direito ao aborto também foi rifado em acordos com as Igrejas e a bancada fundamentalista nos 13 anos de governos petistas, que, mesmo quando contou com uma mulher na presidência, nunca legalizou esse direito. Pelo contrário, Lula selou o acordo Brasil-vaticano e Dilma escreveu uma “Carta ao povo de Deus”, na qual afirma que quer manter a legislação atual que criminaliza o aborto, sendo pessoalmente contrária a esse direito.
Por isso, estamos construindo também o dia 28 de Setembro, dia latino-americano e caribenho pelo direito ao aborto, expressando todo nosso rechaço à extrema direita bolsonarista e contra as milhares de mortes por abortos clandestinos, dizendo que eles são os verdadeiros assassinos.

Por isso, nós do grupo internacional de mulheres Pão e Rosas nos somamos ao ato de mulheres que ocorrerá no sexta-feira dia 21/08, no MASP, para repudiar com toda nossa força esse caso de estupro e a ação perversa que sara Winter junto a casta de parlamentares reacionários protagonizaram em frente ao hospital. Vamos para as com nossas bandeiras pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito, já!




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