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LANÇAMENTO DE LIVRO | As mulheres que vieram antes de nós – Lançamento do livro ‘A reivindicação dos direitos da Mulher’

Ontem, dia 18 de abril, foi lançado pelas editoras Boitempo e Iskra o livro A reivindicação dos direitos da Mulher, de Mary Wollstonecraft. A atividade de lançamento As mulheres que vieram antes de nós contou com a participação de Maria Lygia Quartim (socióloga), Rosane Borges (escritora, ativista, professora e colunista do Blog da Boitempo) e Diana Assunção (diretora do Sintusp e autora do livro A Precarização tem Rosto de Mulher ).

terça-feira 19 de abril de 2016 | Edição do dia

O debate trouxe diferentes pontos de vista sobre a luta das mulheres desde os anos da revolução francesa, época de Mary, intelectual e ativista inglesa, passando pelo século XX até os dias atuais. A partir de debater as demandas das mulheres trabalhadoras, das mulheres negras, foi colocado a importância da luta das mulheres para avançar na luta contra a opressão e exploração.

Como já colocado pelo Esquerda Diário aqui, a obra foi decisiva para influenciar as mulheres que dariam corpo e teoria ao feminismo nas décadas e séculos posteriores.

Diante do descontentamento e indignação frente aos pronunciamentos de deputados e deputadas durante a votação do impeachment, muitas são as tarefas para combater a opressão às mulheres e a todos os setores oprimidos da sociedade. Não basta apenas mais mulheres no poder é preciso lutar para que os direitos e demandas das mulheres não sejam rifados e negociados por governos, sejam eles encabeçados por mulheres como Dilma sejam governos de homens, todos devotados aos interesses da burguesia e do patriarcado.

Abaixo na íntegra a orelha assinada por Diana Assunção:

No fim do século XVIII, logo após a França ser palco da maior revolução burguesa da história, que exigia liberdade, igualdade e fraternidade, diversos questionamentos passaram a clamar pela extensão de tais direitos a toda a humanidade, e não apenas aos homens brancos europeus: o primeiro surgiu na colônia francesa no Haiti, que já em 1791 deu início a sua revolução negra; logo em seguida, em 1792, fez-se ouvir o protesto feminista de Mary Wollstonecraft, de Londres, que exigia justiça para as mulheres, excluídas do papel de cidadãs pela Constituição Francesa recém-promulgada. Foram, portanto, as próprias ideias iluministas que influenciaram Mary a enfrentar grandes nomes como Jean-Jacques Rousseau e Denis Diderot, os quais, apesar de se basearem na razão, guardavam para a mulher um lugar inferior na sociedade. Mary Wollstonecraft sustentava que a dependência econômica das mulheres, bem como sua impossibilidade de acesso à educação racional, transformava-as em seres infantis e resignados. A obra Reivindicação dos direitos da mulher é considerada uma das precursoras do feminismo, escrita em um momento anterior ao das grandes lutas proletárias, quando a burguesia ainda carregava uma missão revolucionária. As ondas seguintes do feminismo internacional já teriam como palco o mundo capitalista, em que a burguesia não somente deixaria de ter papel revolucionário como conduziria a humanidade aos massacres das duas guerras mundiais, convertendo o mundo em uma suja prisão. Para dar continuidade à obra de Mary Wollstonecraft, hoje o protesto feminista precisa ser também anticapitalista e se ligar à classe trabalhadora, a classe revolucionária da nossa época. É um grande acerto a Boitempo Editorial resgatar essa voz contra a cruel opressão cotidiana, uma voz que continua viva em milhões de mulheres – meninas, negras, indígenas e imigrantes em todo o mundo.




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