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CRISE IMIGRATÓRIA | As crianças enjauladas escancaram a crise imigratória do imperialismo em ruína

Escandalizou o mundo as crianças mexicanas separadas de seus pais por conta da política xenófoba do governo Trump, nos EUA. Essa é a face mais desumana das políticas imperialistas, contudo que não se resumem ao governo do direitista Trump, mas sim a uma pratica estendida de distintos imperialismos nacionalistas e racistas que praticam todo tipo de atrocidades contra populações imigrantes. Populações que muitas vezes são obrigadas a saírem de seus países de origem por conta de guerras e intervenções imperialistas ou pela miséria, também fruto da exploração e espoliação de outros países.

João SallesEstudante de História da Universidade de São Paulo - USP

quarta-feira 20 de junho de 2018 | Edição do dia

A imigrações em massa não é uma novidade. Para revalidar seu prazo de existência e superar as crises cíclicas de sua estagnação, o capitalismo provoca guerras e conflitos convulsivos que obrigam os povos oprimidos a tentarem sobreviver de qualquer maneira. Assim como condenam populações a miséria e exploração, foi isso que ocorreu na década de 90 quando o capitalismo conseguiu manter seu padrão de acumulação a partir da maior exploração do trabalho nos países semi coloniais e com a entrada em cena da enorme classe trabalhadora chinesa.

Uma das características principais do imperialismo, fase superior do capitalismo - brilhantemente analisada por Lenin em seu livro homônimo -, é sua estagnação e sua incapacidade de desenvolver suas forças produtivas a fim de gerar mais riqueza material e, dessa forma, a maneira que encontra para “superar” este impasse é literalmente destruindo força produtiva (maquinário e trabalho vivo) para poder, assim, gerar superação parcial e relativa da crise em que se encontra com a nova recomposição destas mesmas forças produtivas.

Pensando essa característica no concreto de nossa sociedade fica escancarada a aberração desse sistema. Os conflitos provocados pelos países imperialistas como a Primeira e Segunda Guerra Mundial, a Guerra do Golfo e mais recentemente a guerra civil na Síria, Iraque e outras, arrasam a vida da população que, frente a um cenário de conflito sem uma saída revolucionária, decidem arriscar suas vidas em perigosas travessias pelo mar na noite ou até mesmo longas peregrinações de grupos à pé sem recurso algum para viver de forma digna, ou ainda pior, sabendo que os locais onde buscam a possibilidade de uma vida melhor se recusa a recebê-los e se os encontram serão deportados ou enjaulados. E muitas vezes quando conseguem chegar aos outros países são obrigados a aceitar que sofrerão com a exploração da suas forças de trabalho em empregos ultra precários e com todo tipo de discriminação.

A crise de 2008 que vem se agravando, provocando fenômenos de nacionalismo econômico como Trump e o “America First” e o “Brexit”, mas também na Europa vem mostrando a falência da idéia da união de distintos povos, com os novos nacionalismo e com as políticas racistas de fechar as fronteiras nacionais frente a onda de imigrantes do norte da África, que tornou o mediterrâneo um pólo de tensão. Se vemos hoje as crianças separadas de seus pais nos EUA, na Europa os negros e árabes morrem aos milhares tentado atravessar o mar até a Europa, ou são também presos em campos de concentração, como os da Grécia.

A forma como opera ideologicamente a burguesia na abstração da “Nação” diluindo os conflitos de classe e estabelecendo fronteiras tentando jogar a classe trabalhadora, que é uma só e internacional, de cada nação uma contra a outra. Os casos gritantes de campos de concentração para imigrantes nos países imperialistas são fruto dessa política demagógica que tenta vender ao mundo que aceitar imigrantes em condições “ilegais” é mais incorreto do que prendê-los e separá-los de suas famílias para manter os interesses nacionais.

O caso da Grécia, um dos primeiros países a sofrer com o aprofundamento da crise orgânica do capitalismo, incluiu inclusive o partido neoreformista Syriza no caso da expulsão dos imigrantes, mostrando sua completa adaptação à política burguesa e provando na prática como não é uma alternativa real para a classe trabalhadora, por mais que se pinte como alternativa ao stalinismo do KKE e os partidos da ordem.

O caso do campo de Calais no canal que liga os territórios da França e da Inglaterra demonstra que acima dos conflitos entre potências imperialistas há acordos entre os setores da burguesia para garantir a submissão desses países e garantir a miséria desses povos fruto de décadas de colonização e exploração que drenaram recursos e massacraram a classe trabalhadora.

Dessa forma, esses exemplos colocam em dia uma necessidade histórica, em que a única alternativa real para a crise de imigração passa por atacar o centro do problema: a perpetuação deste sistema miserável e deteriorado, o capitalismo. O único caminho possível para esse desastre é adotando uma luta anti-imperialista, combatendo todas essas políticas nacionalistas e principalmente seus mecanismos para saquear e submeter ao pagamento da dívida pública os países semicoloniais e da semiperiferia capitalista como os casos da Grécia, Espanha, Itália e leste europeu, bem como denunciando o papel criminoso que cumprem ao negar o direito de pessoas viverem de forma digna em qualquer parte do mundo. A revolução socialista internacional é a única saída pra classe operária e todo povo pobre.

Como já colocamos em textos anteriores: "Diante da crise da Europa do capital e dos governos ajustadores, para superar a fragmentação das fileiras dos trabalhadores, para combater a xenofobia e as políticas anti-imigrantes dos governos europeus, para ganhar os setores médios pauperizados e arruinados pela crise que, caso contrário, poderiam transformar-se na base social da demagogia da extrema-direita e eventualmente do fascismo, é necessário colocar a luta contra os distintos governos ajustadores e contra as instituições imperialistas na perspectiva estratégica de derrotar o imperialismo. Esta é a única alternativa progressista para os trabalhadores.”




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