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Machismo | Após assediar deputada Isa Penna, deputado Cury minimiza sua ação citando abraço ’fugaz’

Deputado estadual do estado de São Paulo Fernando Cury (Cidadania) afirmou, na justiça, que deu um abraço “superficial” e “fugaz” buscando minimizar o absurdo assédio que cometeu com uma parlamentar em plena sessão de plenário, em dezembro de 2020

sexta-feira 12 de novembro de 2021 | Edição do dia

Foto: AGÊNCIA ALESP

Voltando a exercer seu mandato após 6 meses de afastamento, que foi decidido por votação unânime dos colegas na assembleia legislativa de São Paulo, por conta do assédio contra a, também deputada, Isa Penna (PSOL), o deputado Fernando Cury declarou à justiça que teria dado apenas um abraço “superficial” e “fugaz”, e que "nunca houve apalpação de partes íntimas, nunca houve apalpação dos seios, nunca houve encoxada."

O deputado usou tais termos para relativizar e minimizar o assédio que não teve pudor de cometer em meio a plenária, ficando inclusive registrado em imagens.

O Procurador Geral de justiça de São Paulo, Mario Luiz Sarrubbo, cita que o deputado "agiu com clara intenção de satisfazer sua lascívia" e que os atos do parlamentar "transcenderam o mero carinho ou gentileza, até porque não tinha nenhuma amizade, proximidade ou intimidade com a vítima". Segundo o procurador, ainda "ele violou o seu dever funcional de exercer o mandato com dignidade".

Os advogados do escritório Delmanto Advocacia, que representam o deputado Cury, fizeram ainda uma absurda tentativa de colocar em Isa a responsabilidade de querer transformá-lo, segundo citação dos próprios, em "ícone do homem machista da sociedade brasileira a ser combatido e abatido, o alvo de toda causa feminista no Brasil"[...], "Não é justo buscar expiar culpas dos homens machistas do Brasil no deputado Fernando Cury."

A justiça ainda não avaliou o caso. O partido Cidadania declarou que no dia 22 de novembro haverá uma reunião para decidir se Cury será expulso.

Veja também: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER - Grupo de deputados saem em defesa de Fernando Cury depois do assédio contra Isa Penna

Enquanto isso, o deputado volta a sua normalidade dentro da casa legislativa de São Paulo. É contando com a certeza da impunidade que a cultura machista, impulsionada pela situação reacionária da política no país, principalmente sob o governo Bolsonaro, se alastra cada vez mais, a ponto de, até mesmo uma parlamentar em exercício de mandato ser assediada sexualmente dentro de uma instituição de poder, com todos os meios de registro à sua volta. A cultura do assédio e do estupro atinge níveis estratosféricos, com representantes e defensores dos machistas abusadores reivindicado, inclusive, o direito de serem assediadores. No mesmo período do assédio ocorrido, pesquisas divulgavam que 76% das mulheres brasileiras sofreram violência e assédio no trabalho e que cresciam 64,7% as denuncias de assédio sexual no trabalho no Brasil.

Todo repúdio ao deputado assediador Fernando Cury e ao seu retorno ao cargo e nossa solidariedade a vítima Isa Penna.




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