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ATAQUES À EDUCAÇÃO | Após UFC rejeitar Future-se, Bolsonaro intervém na universidade nomeando candidato menos votado

Diante da recusa da UFC de aceitar o programa de subordinação das universidades ao mercado financeiro, o Future-se, Bolsonaro resolveu intervir na instituição durante seu processo eleitoral, nomeando o candidato menos votado, porém, mais alinhado a sua política de entrega ao mercado do ensino superior público.

terça-feira 20 de agosto de 2019 | Edição do dia

Bolsonaro segue sua linha de atuação autoritária intervindo nas instituições que não acatem seu programa reacionário. Nas universidades federais, em sua guerra ideológica contra o ensino superior público e de qualidade, isso significa que aquelas que não se submeterem ao seu programa de entrega ao mercado financeiro, o Future-se, sofrerão retaliações. Como foi o caso da Universidade Federal do Ceará.

Na última quarta feira (14) a Universidade Federal do Ceará, por meio do seu conselho universitário, havia decidido recusar a adesão ao programa.

O ex-reitor da UFC declarou ao G1 que: "O chamado Programa Institutos e Universidades Empreendedoras resulta em uma fórmula de gestão que, se implantada, descaracterizará completamente essas instituições, submetendo-as à lógica dos interesses privados", complementando que:

"O que se escancara, aos nossos olhos, é que se encontra em marcha uma estratégia para reduzir a presença do Estado na garantia do direito à educação e, ao mesmo tempo, abrir à financeirização do ensino público, transformando-se a educação em mercadoria que tem o lucro – e não o compartilhamento, a geração e difusão do conhecimento – como objetivo final".

Henry Campos, reitor da UFC, deu essas declarações no fim de seu mandato do qual o nome mais votado na comunidade acadêmica para assumir o mandato nos próximos anos, com mais de 64% dos votos, era Vice Reitor. Professor Custódio de Almeida teve no total 7772 votos da comunidade acadêmica. A decisão final da nomeação caberia então ao presidente Jair Bolsonaro, baseado na legislação retrógrada que rege as universidades, que advém do período da Ditadura, como visto no decreto abaixo.

Mesmo a eleição controlada dentro desses moldes anti-democráticos foi atravessada pelo presidente, que recusou o nome eleito por alunos, técnicos e professores, com diferente peso para os votos de cada categoria. O Presidente nomeou José Cândido Lustosa Bittencourt de Albuquerque, que obteve 610 votos. Um total de 7.162 votos separam o então nomeado Reitor da universidade e o Reitor eleito pela comunidade acadêmica.

Vale ressaltar que o escolhido por Bolsonaro e nomeado em Diário Oficial poderá decidir sobre a adesão da universidade ao programa Future-se. O que escancara que as medidas de intervenção no que existe hoje de autonomia nas universidades está diretamente ligada nos objetivos econômicos do governo para a educação, setor ao qual Bolsonaro, Guedes, e Weintraub querem cada vez mais privatizado, gerando lucro e distante dos trabalhadores e da juventude.

Setores da universidade e do movimento estudantil estão convocando um ato contra a nomeação do Interventor escolhido por Bolsonaro neste dia 20/08, as 18 horas, na reitoria da UFC. E todo apoio deve ser dado as medidas de combate a mais essa ação de ofensiva de Bolsonaro e da extrema-direita sobre as universidades. Mas também é fundamental como parte de seguir a luta pela real democratização compreender que para combater verdadeiramente em defesa da autonomia universitária o movimento estudantil e de trabalhadores deve apontar que uma real autonomia universitária passa pela democratização das estruturas de poder das Universidades, em que a comunidade acadêmica tenha direito a um voto por cabeça para escolher seus representantes, sem interferência do Governo do Estado, e que os órgãos colegiados tenham um número de representantes de professores, estudantes e trabalhadores proporcional ao sua representatividade na realidade, ou seja, com uma maioria estudantil.




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