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EDITORIAL ESQUERDA DIÁRIO IMPRESSO | Apoiar e radicalizar as lutas contra os ataques e o golpe

segunda-feira 9 de maio de 2016 | Edição do dia

Enquanto a economia do país declina, o desemprego segue crescendo e as condições de vida da população piora dia a dia, o golpe institucional da direita está em vias de se consumar.

Seguindo seu curso, fortalecido agora pelo afastamento de Cunha e pela operação para dar um “ar de imparcialidade” à Lava Jato, o golpe institucional contra Dilma deve ser aprovado com folga no plenário do Senado no dia 11. Daí a presidente estará afastada por até 180 dias, até seu julgamento definitivo, e Temer já terá todo o sinal verde para sua agenda de ataques. Ataques contra o emprego, o salário e os direitos sociais, exaltados e cobrados por todos os grandes jornais da burguesia, para que sejam realizados de maneira mais profunda e mais rápida do que Dilma e o PT foram capazes de fazer.

O PSDB está a ponto de aderir totalmente ao governo golpista de Temer, mas para isto exige que o programa neoliberal da “Ponte para o Futuro” seja ainda mais violento contra os trabalhadores e o povo.

Os latifundiários (donos de terras), os industriais da Federação das Indústrias do Estado de SP (FIESP), a hiper pelega Força Sindical, a bancada comandada pelas igrejas, todos se reúnem a cada hora com o golpista Temer e lhe exigem medidas, sempre contra o povo pobre e trabalhador.

Retroceder ainda mais em direitos democráticos elementares como dos povos indígenas terem direito à demarcação de terras, de retirar toda possibilidade de aborto legal mesmo em caso anencefalia ou de risco à vida da mulher, atacar as aposentadorias elevando a idade média que uma mulher pode se aposentar em 12 anos e dos homens em aproximadamente 10 anos, tornando obrigatória uma idade mínima de 65 anos. Privatizações a torto e direito, algo para deixar FHC em êxtase ou, quem sabe, enciumado.

Enquanto isso o Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público e a Lava Jato embarcam numa operação que parece desenhada para “limpar o golpe”, abrindo mais investigações contra Cunha, e também contra Aécio Neves, Renan Calheiros e também o braço direito de Temer, Romero Jucá. Para atender às críticas que vieram do imperialismo (EUA) e à percepção popular do quanto a operação foi parcial e tendenciosa, no seu finalzinho buscam mostrar “imparcialidade” e buscam tornar o golpe mais aceitável, enquanto o Judiciário fortalece seu papel de “grande árbitro” da situação nacional, rasgando a própria Constituição como bem quer.

Não está claro ainda o quanto estas novas medidas apontam num sentido de uma possível “Lava Jato até o final” que ataque a mais partidos do sistema político atual, ou se na verdade é uma desculpa para o objetivo de prender Lula e levar a cabo a arriscada operação “acabar com o PT”.

De um jeito ou de outro, não podemos confiar ao judiciário a “luta contra a corrupção”, nem a defesa efetiva dos mínimos direitos democráticos conquistados com nossas lutas. São mudanças para fortalecer os planos de ataques contra a classe trabalhadora e os direitos democráticos.

Nenhuma confiança nas direções governistas

Mas não se trata de confiar nas manobras do PT e PCdoB para tentar mudar, no Senado, a sinistra história que assistimos na Câmara. Para esses partidos que conciliam com a direita e se vendem, quando apelam à mobilização operária e popular, é para tentar ameaçar e chantagear os políticos burgueses. Não acreditam numa luta séria; pelo contrário, a temem.

Mas a classe trabalhadora e a juventude não estão automaticamente derrotadas junto com essas direções tradicionais.

Vendo os discursos das principais entidades da Frente Brasil Popular, como CUT, CTB e MST, nota-se como, apesar dos gestos à esquerda, elas de fato estão também aderindo à aceitação do golpe. Nesse sentido, não podemos descartar algum jogo de cena, em torno ao dia 10 de Maio (dia em que a CUT sinalizou uma “paralisação nacional em uma resolução de sua entidade, um dia antes da votação do impeachment no Senado), para organizar um “dia de luta” meramente alegórico, sem real adesão das bases operárias, sem preparação consciente nas assembleias das categorias; ou seja, uma jornada burocrática que não incomode a direita golpista e não paralise os principais centros da economia.

O PT abriu o caminho ao fortalecimento dessa direita golpista, ao assimilar seus métodos corruptos, atacar os trabalhadores e impedir sua organização e resistência. Nos opomos a este avanço reacionário da direita, sem jamais deixar de enfrentar contundentemente os ataques do governo do PT e deixando claro nossa independência em relação ao governo Dilma e ao seu partido.

Apoio ativo às lutas em curso

Mas o cenário político brasileiro não se resume a isso. No polo oposto, a juventude mostra um grande frescor e disposição de luta. Seguem as dezenas de ocupações de escola cariocas, renovam-se as ocupações de escola em SP, votam-se greves e paralisações em universidades em diversos estados, em muitas delas com as consignas defendidas pela juventude Faísca e pelo Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT): “contra o golpe e os ajustes de todos os governos” ou “contra o golpe e os ajustes do PT”.

É nessa disposição de luta da juventude que nós apostamos mais profundamente, para contagiar a vanguarda da classe trabalhadora, e começar a superar os limites que a CUT e CTB colocam aos grandes batalhões da nossa classe.

Para a crise cada vez mais aberta do sistema político atual, não vemos nenhuma saída que não passa pelo menos por uma grande mobilização popular, algo como um novo Junho de 2013, porém mais consciente, que imponha pela força das massas uma Assembleia Constituinte onde os trabalhadores e esta juventude que luta dêem uma resposta a todo este regime carcomido por corrupção, e que só nos ataca, seja com a “pressa” Temer-tucana ou com a demagogia petista.

Mas no momento atual já é perceptível que a paralisia e a covardia do PT está desmoralizando as forças que se mobilizaram contra o golpe, e a energia da juventude já começa a se concentrar em outro ponto: é o momento de lutas radicalizadas pelos direitos sociais. O direito de estudar, em primeiro lugar, mas não apenas ele.

A consumação do golpe é como a tentativa de colocar de volta a tampa numa panela que já alcançou o ponto de ebulição.

É provável que o governo decrete medidas, que as polícias aumentem a repressão, que a direita reacionária em geral tire as mangas de fora. Mas é justamente isso que irá alimentar uma nova onda de lutas, que já começou com os secundaristas e com algumas greves de trabalhadores aqui e ali; e mais importante: é isso que pode provocar uma nova explosão popular, no estilo de Junho de 2013, mas que dessa vez possa ter uma marca muito mais clara e definidora, a marca da luta de classes.

A tarefa central do momento é cercar de solidariedade ativa todas as lutas em curso para vencer, unindo os trabalhadores e a juventude em um só punho para barrar os ataques. Somente assim será possível reunir forças para obrigar a que as direções da CUT, CTB e outras entidades convoquem um plano de luta efetivo capaz de barrar a ofensiva da direita e os ataques.




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