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REPRESSÃO EM GOIÁS | Aos lutadores de Goiás, Marconi só usa uma palavra: barbárie!

Depois de meses ocupados nas escolas, enfrentando reintegrações de posse, prisões e perseguições violentas, assim como se deu no processo de desocupação da SEDUCE (Secretária de Educação Cultura e Esporte), os estudantes goianos conseguiram que o governo de Marconi recuasse em 90% o número de escolas que passariam a ser geridas pelas OSs. O espírito de luta dos estudantes foi pra rua pra seguir o combate às OSs e barrar o aumento da passagem de ônibus, e a truculência policial segue sendo a política do governo do estado. A mídia em silêncio pra dizer que essa não é a realidade. Através de relatos e informações de jornais populares, queremos a partir do Esquerda Diário fazer uma denúncia à brutal repressão contra a luta dos estudantes goianos.

Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

sábado 12 de março de 2016 | 02:45

A batalha dos estudantes secundaristas de Goiás contra o projeto de privatização do ensino público do estado através das OSs, assim como contra a maior militarização das escolas, foi dramática. A repressão contra as ocupações de escolas era diária e a mídia tradicional a legitimava, representava a posição apenas daqueles favoráveis ao projeto do governo e calava os estudantes, colocando a população contra as ocupações.

Em um momento que parecia que a luta estava enfraquecida, os estudantes junto a professores tiveram a audácia de ocupar o SEDUCE para que se suspendesse o edital de chamamento às organizações que assumiriam o controle das escolas. Mas o que aconteceu foi que o seu processo de desocupação, sem qualquer tipo de negociação ou pedido de reintegração de posse, a polícia invadiu o prédio e reprimiu a ocupação, prendendo 31 pessoas, dentre elas estudantes secundaristas e professores.

"Fomos presos dentro do direito legítimo de manifestação que é garantido por lei. Para conter 31 manifestantes, professores e estudantes desarmados, foram enviados centenas de policiais do Batalhão de Choque e dois helicópteros com policiais da GRAER (Grupo de Rádio Patrulha Aérea). Reitero, 31 manifestantes desarmados. Não tivemos direito de negociar para sair pacificamente, fomos agredidos com spray de pimenta e cassetetes, algemados como criminosos e mantidos dentro de um ônibus por 13h. Fomos conduzidos para a DRACO (Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas) e depois à DEIC (Delegacia de investigação Criminal), onde não fomos colocados em uma cela, mas sim em uma área sem cobertura, expostos ao sol. Negaram-nos água e não deixaram entrar os colchões que os companheiros se esforçaram para nos levar. Dormimos no chão e no sereno, sem cobertas. Nestas condições o governo do Sr. Marconi Perillo nos manteve por dois dias. Encarcerados estávamos estudantes, professores (dentre estes três mestres) e doutores. Para finalizar eu queria dizer que todo esse conjunto de acontecimentos me deu muita força pra continuar na luta", declarou Alexandre de Paula Meirelles, um dos professores presos.

Mesmo após a soltura dos presos, não houve garantia que eles não voltariam a ser processados judicialmente. Não somente isso, mas a repressão nas ruas seguiu implacável.

Em relato, um estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás conta como se deu o conflito entre policiais militares e manifestantes em um ato contra o aumento da passagem no dia 17 de fevereiro. Ele, que havia composto o ato para capturas cenas para um documentário, descreve que, após o ato ter encerrado, uma manifestante teve seu celular roubado e, ao acionar os policiais presentes, eles não só afirmaram que não fariam nada por não ter ocorrido crime algum, abusaram de sua autoridade ao terem partido pra cima da manifestante, quando reclamaram dos policiais, rasgando a sua blusa, e logo em seguida começaram a jogar gás de pimenta e dar cacetadas nos presentes.

A polícia então passou a perseguir os manifestantes e deter alguns, inclusive o que faz o relato. Este que, ao ser detido, disse para o policial que estaria fazendo apenas a cobertura do ato, fazendo papel de imprensa. A resposta que teve foi categórica: “imprensa e merda são tudo a mesma coisa” e que não se importava. O diretor do hotel onde a cena do roubo havia ocorrido em frente também estava entre os detidos por utilizar de seu celular para filmagens.

"Eu ouvi um policial desferindo tapas no rosto de um menor que estava próximo de mim e esfregando sua orelha, perguntando porque ele não era valente naquela hora e dizendo que estava fazendo aquilo para ensiná-lo a ser valentão. Depois veio um policial com a câmera de um dos caras que estavam ali, ele queria saber onde estava o cartão de memória daquela câmera. O dono da câmera dizia que havia jogado o cartão fora e o policial ameaçava, a todo momento, levá-lo para um outro canto para forçá-lo a dizer onde estava o cartão." Essa é uma passagem do relato que retrata a atrocidade que foi a atuação policial nesse dia, que pode ser conferido na íntegra aqui.

O estudante que escreveu esse relato fora acusado de agressão, mantido preso até a audiência de custódia dias depois, passa os dias hoje com uma tornozeleira eletrônica, assim como outra pessoa detida naquele dia.

É típico desse estado se utilizar de toda forma repressiva pra garantir o lucro dos empresários, mesmo dentro da educação. É isso que está acontecendo em Goiás, onde o governo bota todo seu braço armado pra reprimir os estudantes contra o projeto das OSs, cuja implicação é transformar a educação pública em espaço de lucro privado. Os lutadores de Goiás não devem se intimidar com essa barbárie! Pelo contrário, devem seguir na luta contra as OSs e contra o aumento da tarifa somando a uma luta contra todo tipo de repressão e brutalidade do governo de Marconi. Se os estudantes de São Paulo fizeram o todo poderoso Alckmin e a sua secretaria de educação pedir arrego, os estudantes e professores goianos são muito capazes a vencerem a truculência tucana em seu estado.




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