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TRIBUNA ABERTA | Aos 69 anos morre David Bowie: sob a luz de uma estrela obscura

Acaba de falecer David Bowie depois de uma longo padecimento de câncer com o qual vinha lutando por 18 meses, o informe oficial diz que morreu pacificamente. Segue em forma de homenagem a resenha de seu último disco.

terça-feira 12 de janeiro de 2016 | 00:00

Ilustração: Gastón Spur

David Bowie há três anos consecutivos, aproveita o dia de seu aniversário, 08 de janeiro, para lançar um novo material discográfico, costume que inaugurou com Next Day seu penúltimo trabalho de estúdio depois de quase uma década longe dos cenários e sem lançar nada novo.

Esta vez apresenta Blackstar acompanhado de um grupo de jazz no qual se destaca o saxofonista Donny Mc Caslin, acompanhado pelo baterista Mark Guiliana, o baixista Tim Lefebvre e o tecladista Jason Lindne, que contribuem com a incomparável voz de Bowie com o apoio necessário para novas canções criando um clima mais obscuro e caótico ao som pessoal do artista que o coloca novamente na vanguarda do rock. Muitos fãs comparam esse trabalho e aproximação ao jazz e à eletrônica com Outside, disco de 1995, e com sua famosa trilogia Berlinesa (Low, Heroes e Lodger) realizada na década de 1970, onde viaja no som krautrock, surgido na Alemanha, corrente musical de rock e eletrônica com grande protagonismo dos sintetizadores.

Produzido pelo próprio Bowie e pelo legendário Tony Visconti, que já acompanhou o trabalho anterior e ajudou a organizar e ordenar o som caótico e livre do jazz dentro do formato canção, sem que isto se note ou ao menos aparente um caos controlado.

Antecipando o lançamento do disco, em 19 de novembro passado, lança seu primeiro vídeo, Blackstar, sob responsabilidade do diretor Johan Reneck, com uma duração de quase 10 minutos onde recorre visualmente e revisita sua própria mitologia em um relato fantástico de ficção científica onde nos mostra um planeta estranho debaixo de um sol eclipsado onde uma jovem com rabo de felino (cat people?) se aproxima de uma caveira de astronauta (Major Tom?) e leva seu crânio com estranhas incrustações de pedras como se fosse uma jóia, o que seria um objeto de veneração e culto deste mundo imaginário. Um novo personagem se soma à galeria de alter-egos que tem criado em toda sua mutante e surpreendente carreira: Bowie aparece com os olhos vendados e com uns botões costurados sobre a venda no lugar dos olhos, dançando junto com dois sujeitos em um transe espasmódico e depois sem vendas nos olhos como uma espécie de profeta que nos oferece uma espécie de bíblia com uma estrela negra em sua capa. Muitos dizem que essa canção está inspirada nos ataques fundamentalista do ISIS. No seu segundo vídeo lançado em 7 de dezembro, Lazarus, reaparece este personagem em uma cama de hospital psiquiátrico tendo pesadelos com gente escondida debaixo de sua cama e de um escritório onde escreve freneticamente para depois entrar em um guarda-roupa, talvez uma homenagem aos vídeos de Tim Popoe para The Cure (Lullaby e Close to Me).

A capa, a cargo do desenhista Jonathan Barnbrook, autor da capa de Next Day, desta vez nos mostra uma grande estrela negra no centro com um fundo branco com umas estrelas negras hieroglíficas despontadas assimetricamente que escrevem BOWIE na parte inferior.

Este disco também tem sido apresentado como um símbolo (★) quando pela internet Bowie anunciava seu iminente saída, hoje a poucas horas de ver a luz é o numero um em distintas plataformas virtuais e rankings musicais mais importantes do rock mundial. Aos 69 anos David Bowie se despede desse mundo com seu último disco, fiel a si mesmo e reinventando-se novamente. Adeu, David Bowie, obrigado pela música, teremos muitas saudades e te lembraremos sempre.


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