EDUCAÇÃO SP | Alunos e professores fazem ato pela educação na zona norte de SP

Na manhã da última quarta-feira (07) cerca de 200 alunos e professores da Escola Estadual João Batista Alves, região do Jardim Filhos da Terra, num dos extremos da zona norte de São Paulo, realizaram um importante ato pela educação, denunciando as péssimas condições das escolas estaduais que, além da merenda que foi surrupiada, ainda sentem a falta de todos os tipos de materiais de limpeza, de higiene pessoal, impressoras, etc. A manifestação ainda denunciou a desvalorização dos professores, que vão para o terceiro ano sem aumento salarial, após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) realizar uma jogada ameaçando o não pagamento do meritocrático bônus para justificar o não aumento de salários.

Pelas ruas do bairro e por onde passavam recebiam o apoio de motoristas, e moradores da região, uma moradora que se identificou como Evelyn declarou: Tem mais é que fazer passeata mesmo, eles estão certos, tem de reivindicar tudo que tem direito! Tudo "tá" péssimo:Educação, saúde... Mas principalmente a educação que é a base de tudo! Falta tudo, não tem merenda, pagam mal os professores... Eu acho que a educação tem que vir em primeiro lugar, pois se você tem a educação, o resto flui bem melhor!". Marisa, mãe de um aluno da rede municipal, acrescentou: "Tanto no estado como na prefeitura, está tudo muito ruim! Muito problema de violência e drogas nas escolas e por todo lado! Você viu a morte do menino aí outro dia por uma coisa que ele não fez? Essa juventude precisa buscar o que é deles!".

O ato seguiu até a porta da Escola Estadual Angelo Bortolo, onde dias antes os professores haviam feito uma paralisação como forma de protesto. Ao chegar, os alunos e professores cantavam "Ô Angelo, vê se me escuta: A sua luta é a nossa luta!". Permaneceram no local até a saída do turno da manhã e seguiram de volta para a E.E. João Batista, só que dessa vez, com o apoio de um grupo de estudantes que se uniu ao ato. Um importante exemplo de solidariedade e união entre professores e alunos, mesmo entre escolas diferentes, mostrando que a luta pela educação é uma luta de todos.

A aluna Isabelle Cipriano, do segundo ano e membro da juventude Faísca, comentou: "O principal foco era chamar atenção para a falta de merenda e o absurdo que eles chamam de salário para os professores. Estar ao lado dos professores mostra que eles também são pessoas como a gente, porque muitas vezes eles não são vistos assim e é especial ter uma relação com os professores". Rafael Andrade, também do Faísca, disse: "Eu não esperava tanta agitação por parte dos alunos em fazer passeata a favor das escolas, é lindo ver quando as pessoas saem da sua zona de conforto e vão correr atrás do que importa, não só pra elas, mas sim para outras escolas que elas nem sequer conhecem! Acho ótimo ver que tem alunos que se preocupam com os seus professores. A importância é que sem essa aliança entre alunos e professores muitas coisas não aconteceriam nas escolas e nas ruas".

Num momento onde as lutas pela educação voltam a tomar importantes cidades e estados do país, a farsa da dita Pátria Educadora vai novamente se escancarando, como já havia acontecido em 2015. Não é mera coincidência, uma vez que, em nome de manter os lucros de grandes empresários e banqueiros, os governos promovem ataques e cortes brutais contra professores e alunos. Sobre essa situação, a professora Marcella Campos, militante do Professores pela Base, disse: "Esse ato de hoje foi muito importante para mostrar que aqui na periferia os alunos e professores também tem disposição para se mobilizar, hoje a aula foi de luta! Demos o recado de que não vamos aceitar calados essa situação que só piora, não importa o governo, seja estadual ou municipal, Precisamos unificar professores, alunos e comunidade para dizer basta aos ataques contra a educação!"