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Venda dos transportes | Alterações de Doria nas linhas de ônibus da USP dificultam ainda mais o acesso à universidade

Como parte do plano de venda dos transportes a empresários para garantir seus apoios eleitorais, no mesmo dia (21/12) em que Alckmin e Doria anunciaram mais privatizações do metrô e aumento nas tarifas, é divulgada alteração/retirada de diversos ônibus de São Paulo que prejudicarão milhares de usuários.

sexta-feira 5 de janeiro de 2018 | Edição do dia

Além do aumento nas tarifas e do avanço da privatização dos transportes nas linhas 5 e 17 do metrô anunciados por Doria e Alckmin, foi apresentado no dia 21 de dezembro um esboço de como ficará a rede de ônibus da cidade de São Paulo após o novo edital de licitação das empresas, que em nada agradou os usuários. As mudanças dos ônibus que entram na Cidade Universitária preveem a retirada de linhas muito utilizadas e a alteração de importantes itinerários, dificultando ainda mais o acesso à universidade.

A linha 7725, por exemplo, deixará de atender a Praça Panamericana, passando a ir pela Vital Brasil e atendendo o Metrô Butantã. As linhas 809U, 177H e 702U também sofrerão alterações, virando, respectivamente, Cidade Universitária - Metrô Vila Madalena, Term Pinheiros - Metrô Santana e Term Pinheiros - Term Pq D Pedro II. A 701U (Metrô Santana via Cardeal/Teodoro e Consolação) e a 7181 (Term Princesa Isabel via Augusta) não existirão mais (confira aqui e aqui as mudanças)

Alguns alegam que terão que utilizar mais conduções para suprir a falta desses ônibus. Os mais prejudicados serão aqueles que estudam/trabalham à noite, e que hoje já se deparam com o problema dos circulares lotados (ônibus que circulam na USP e vão até o metro Butantã) nos horários de saída das aulas, sendo preciso muitas vezes esperar um ou dois desses ônibus passarem para que consigam entrar. As linhas retiradas ou alteradas serviam de alternativa para esses ônibus, e sem elas a dificuldade de chegar a tempo de pegar a última condução para voltar para casa aumenta.

Foi criada uma petição no Avaaz contra a alteração. Para além disso, é preciso que as entidades estudantis se coloquem a serviço de divulgar o que está ocorrendo e articulem entre alunos e funcionários uma resposta contra esses ataques ao acesso da população ao transporte público. Um primeiro passo é a participação no ato que ocorrerá na próxima quinta (11), no Theatro Municipal, contra o aumento da tarifa, afinal esses ataques não ocorrem somente na universidade, mas também fora dela, pois fazem parte do projeto do PSDB para os transportes, retirando linhas, alterando o Passe Livre, aumentando a passagem e avançando nas privatizações.

Com tudo isso Doria ainda tem coragem de alegar demagogicamente que o aumento das passagens pode ser bom para a população, pois “facilitará o troco” e compreende a “30% abaixo da inflação acumulada em dois anos”. Esquece de contar que a maior parte do subsídio do Estado para os transportes não vai para arcar com os custos destes, mas sim para o bolso dos grandes empresários que detêm o monopólio dos transportes.

Ou seja, aumentam a tarifa e utilizam nossos impostos para nutrir o lucro de empresas privadas, e pretendem cada vez mais avançar nisso, como já aponta Alckmin na proposta de privatização das linhas 5-Lilás e 17-ouro do Metrô, que estão sendo colocadas para leilão pelo preço de 189,5 milhões de reais, valor que está muito longe do desembolsado pelo governo de SP para sua construção. Tendo em vista o ano eleitoral em que estamos, visam a agradar os empresários do transporte, garantindo suas alianças com estes ao venderem os transportes assim como estão vendendo São Paulo.

Não pode ser Doria ou essas grandes corporações corruptas que devem continuar decidindo o rumo dos transportes públicos a partir do que dá mais lucro ou não, mas sim os usuários e funcionários, pois esses sim são capacitados para decidirem o caminho das linhas, quais os horários, a quantidade de ônibus etc., o que só será possível se os transportes forem estatais e estiverem sob controle daqueles que usam e trabalham neles.

É preciso seguir o caminho contrário do que a UNE vem fazendo, ao fomentar a passividade no movimento estudantil para depositar todas as fichas no Lula 2018, perdoando os golpistas em prol de uma aliança pela “governabilidade”. Como se governar um sistema falido pudesse ser a solução para os problemas gerados pela profunda crise econômica capitalista pela qual passamos, que quer arrancar dos trabalhadores até as poucas concessões que foram possíveis em momentos anteriores.

A tarefa fundamental de todas as entidades e organizações de esquerda deve ser retomar os sindicatos e entidades estudantis como instrumentos que fomentem uma unidade para preparar uma greve geral para barrar os ataques, afinal a verdadeira aliança para vencer a direita precisa se dar entre a juventude e as fileiras operárias, uma aliança que não busque conciliar interesses inconciliáveis para tentar gerir um sistema que já se mostra falido, mas sim superá-lo a partir de suas próprias forças.




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