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LAVA JATO | Alckmin e Temer citados. Lava Jato retomará a ofensiva?

sexta-feira 9 de dezembro de 2016 | Edição do dia

Depois do acordo entre o Legislativo e o Judiciário, as delações premiadas da Odebrecht colocam a possibilidade da Lava Jato se voltar contra diferentes setores da casta política. Após derrotas na Câmara e no Senado, conseguirá o Judiciário retomar a ofensiva?

Tão logo quanto foram divulgados os depoimentos dos altos cargos da Odebrecht investigados na Lava Jato, nomes de peso como Temer, Alckmin, Serra e Aécio apareceram nas delações. O mal-estar que esses relatos já vinham trazendo antes mesmo de acontecerem, com os políticos protegendo seus foros privilegiados, tende a se aprofundar com início dos depoimentos à Polícia Federal.

Conforme os depoimentos, Geraldo Alckimin (PSDB) teria recebido R$ 2 milhões de caixa-dois, em dinheiro vivo. Michel Temer (PMDB) foi além, pediu R$ 10 milhões, que teriam sido pagos ao ministro-chefe da casa civil, Eliseu Padilha. José Serra (PSDB) é acusado de receber R$ 23 milhões em doações ilícitas, e Aécio Neves (PSDB) teria garantido Irani Varella no cargo de diretor de Serviços da Petrobrás no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele seria responsável por consegui propinas com empresários e repassar aos seus "padrinhos políticos".

Para além de demonstrar que a podridão deste sistema político capitalista não se resume ao PT, estas delações colocam ao judiciário a possibiidade de mirar em outras setores do regime. A partir destes e de outros depoimentos que devem vir à tona nos próximos dias, o Judiciário tem em suas mãos importantes cabeças do cenário político nacional, algumas que até então se mantinham intactas. Resta saber se conseguirão assumir a ofensiva contra o PSDB no mesmo nível que assumiram, por exemplo, contra o PT, o que pode não ser o melhor caminho.

Apesar da instabilidade não ter sido superada, o acordão que manteve Renan Calheiros na presidência do Senado, e que exigiu concessões de ambos os lados, relembra que é necessária alguma coesão entre os poderes para alcançar os objetivos, como a aprovação da PEC do teto de gastos. Neste caso foi necessário que o presidente do Senado se insubordinasse à decisão do STF e lhe impusesse uma derrota para alcançar tais concessões e coesões.

Enquanto isso, Temer tentava aprofundar sua sintonia com o PSDB no pós-golpe, mas parece que ele não estava numa mesma frequência que sua base aliada. Na última quinta (08), o presidente golpista chegou a anunciar Antonio Imbassahy, líder tucano na Câmara, como o sucessor de Geddel na Secretaria de Governo. Esse movimento buscava sanar as insatisfações do PSDB com o governo golpista, garantindo maior participação política nas decisões.

Porém, o setor de parlamentares chamado de Centrão reagiu insatisfeito com a medida. Isso porque Imbassahy é de um dos setores da base aliada de Temer que pleiteia a presidência da Câmara, e sua saída poderia favorecer um dos lados na disputa. Temer, então, decidiu adiar seu agrado ao PSDB pedindo "calma".

O acordão para a permanência de Renan Calheiros na presidência do Senado foi uma vitória tática parcial, com "apoio amigo" do PT. Apesar disso, Temer não pode celebrar a estabilidade em seu governo. Ele sabe que o ânimo do judiciário em investigá-lo após as delações da Odebrecht pode estar relacionado também com sua capacidade de aplicar ataques mais profundos contra os trabalhadores. Não comprou a briga com sua base aliada na Câmara pois precisa de tranquilidade e coesão entre "os seus" para aplicar duros ataques contra os nossos direitos, como a absurda Reforma da Previdência apresentada recentemente.

Mesmo a PEC 55/241, menina dos olhos de Temer, que aguarda somente o 2º turno no Senado para enterrar os próximos 20 anos de investimentos públicos básicos no Brasil, já demora tanto para ser aprovada que é questionada inclusive pela ONU. O órgão sugere que sejam encontradas outras formas menos "radicais" para se aplicar a austeridade no Brasil.

Por um lado, o governo golpista, que ainda caminha com cuidado para cumprir seus objetivos de aprofundar os ataques que já vinham sendo implementados pelo PT. Por outro, o Judiciário, que vem de derrotas no Senado, com Renan, e na Câmara, com as mediadas "anticorrupção", modificadas pelos deputados para atacar o poder dos magistrados. Com as novas delações, há a possibilidade de retomar a ofensiva da Lava Jato contra Temer e contra o PSDB. Resta saber se conseguirão. Há em comum entre eles a certeza de que é necessário garantir os ataques contra os direitos sociais e trabalhistas, defendendo os seus interesses e os da burguesia que representam.




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