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TRANSPORTE PÚBLICO | Alckmin desmonta trens do Metrô para pagar seu rombo fiscal

Jornal Folha de SP denuncia desmonte de trens para utilização de peças em outras composições. Metroviários e usuários sofrem com precarização dos transportes.

quinta-feira 10 de março de 2016 | 01:30

Cotidianamente os trabalhadores "canabalizam" os trens: retira-se o trem da linha, desmontam este trem e utilizam suas peças em outro trem. Os itens que estão sendo retirados destes são vidros, portas, fechaduras, lâmpadas, faróis, bancos, painéis de console, entre outros, e utilizados em outros trens que seguem circulando, pois a empresa alega que não há peças novas para serem repostas nas composições. O Metrô de São Paulo possui um total de 155 trens, que circulam nas quatro linhas da companhia, e carregam até 4,7 milhões de passageiros por dia.

A retirada de trens da linha faz com que os trens que se mantém em circulação necessitem ficar mais tempo fazendo o mesmo trajeto anterior, para suprir a demanda deficitária de usuários para serem transportados. Ou seja, aumenta-se o tempo de viagem e os trens ficam mais superlotados do que o "normal".

Segundo funcionários da empresa, os trens estão sendo retirados e desmontados porque o governo de Geraldo Alckmin congelou a verba repassada para o Metrô, e a empresa não pode comprar novas peças para seguir a manutenção cotidiana dos trens. Além destes, o Sindicato dos Metroviários afirmou à Folha que outros seis trens estão nesta mesma condição, mas em outra linha. Não bastante, os trens que hoje estão sendo "depenados" no Pátio de Manutenção de Itaquera encontram-se em área de risco aos funcionários.

Este congelamento de verbas reflete não apenas na manutenção, mas também em outros setores do Metrô, como, por exemplo, na contratação de mais funcionários nas estações. A situação é dramática, com estações tendo que trabalhar com um quadro ultra reduzido.

No ano de 2014 foi aberto um concurso público onde foram convocados para exame médico cerca de 120 funcionários para trabalhar nas diversas estações do Metrô, buscando cobrir o rombo existente de quadro operacional. Porém, mesmo fazendo o exame médico, o Metrô acabou por contratar somente 12 pessoas para trabalhar na empresa. O motivo? Corte de verbas.

Não somente nas estações vem faltando funcionários nas estações: este ano metroviários já puderam presenciar a infeliz realidade de retirada de trens da linha por conta de falta de quadro também nos operadores de trens, como foi o caso no mês passado na Linha Vermelha. Por outro lado, milhões foram gastos com diversos trens novos da Linha 5 - Lilás e do Monotrilho, sem serem utilizados.

Não bastasse tudo isso, na semana passada foi anunciado na mídia um calote do governador Geraldo Alckmin de R$66 bilhões de um valor que não foi repassado ao Metrô, correspondente a 20% das gratuidades de 2015, o que o mesmo chamou de "prova de eficiência" da companhia.

Questionado pela Folha de SP, o Metrô alegou que os cinco trens "canabalizados" estão passando por "manutenção periódica" (!), e se encontram dentro da reserva técnica de 10% da frota para a operação, afirmando ainda que quem está tentando manipular a população é o Sindicato, que passa informações erradas à imprensa.

A atual situação do Metrô de São Paulo vem a cada dia piorando, e todos aqueles que usam este transporte sabem das condições precárias em que se encontra o Metrô. O número de funcionários diminui, a extensão das linhas encontra-se paralisada a anos, o número de usuários cresce cotidianamente, falhas na circulação dos trens são cada vez mais frequentes, se não cotidianas.

Enquanto isso se dá, Alckmin já anunciou que este ano quer privatizar a Linha - 5 Lilás, concedendo-a para a iniciativa privada, além de aumentar a terceirização.

Para Felipe Guarnieri, membro da CIPA da Linha 1 - Azul, "Não é de hoje que os metroviários sabem que a intenção do PSDB é privatizar o Metrô. Isso só não aconteceu ainda porque nossa categoria sempre demonstrou firmeza para barrar os ataques do governo. É inaceitável que o governo gaste bilhões do dinheiro colocando nos bolsos do chamado "trensalão" às custas do sofrimento da população que tem que passar pela situação de falta de trens. Os usuários e metroviários devem se unir para dizer um basta à todo sucateamento do transporte na cidade, que não seremos nós a pagar por esta crise econômica da qual passa o país, dos quais os grandes responsáveis são estes governos! Que se abram os livros de contabilidade e que seja formada uma comissão independente para averiguar aonde foi parar este dinheiro público! Punição à todos os responsáveis que roubam o dinheiro da população! Acreditamos e lutamos para que a gestão do Metrô passe para às mãos dos metroviários em aliança com os usuários. O principal problema do Metrô hoje são os políticos corruptos e a sede por lucro das empresas as quais são ligados. Não vamos permitir que essa privatização aconteça."




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