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EDUCAÇÃO | Alckmin ataca novamente a educação: reajuste zero e fechamento de escolas

Acordamos hoje com o Secretário Estadual da Educação de São Paulo, Herman Voorwald, anunciando em programa de televisão e nos jornais Folha de São Paulo e Estadão mais um forte ataque contra a educação pública do estado de São Paulo.

quarta-feira 23 de setembro de 2015 | 19:39

No ano de 2015 os professores da rede estadual não terão aumento de salários, contrariando todo o discurso do próprio governo durante a nossa greve de 92 dias este ano. Herman e Alckmin mentiram aos professores, quando diziam aos grevistas que concederiam um reajuste no mês de junho. Agora Herman pede para os professores entenderem o grave momento econômico do país, e aceitar a política de arrocho salarial promovido pelo governo do estado. Os índices de inflação oficial já chegam aos 10%, o que na prática significará diminuição do valor real da categoria que já tem o pior nível salarial entre as categorias com nível superior.

O segundo ataque foi o anuncio da reorganização da rede, com divisão das escolas por ciclos, o que na prática significará problemas para os professores e para a educação de conjunto. Segundo as entrevistas citadas, cada escola terá apenas um ciclo, Fundamental I (séries iniciais), Fundamental II (5º ao 9º ano) ou Ensino Médio.

Por trás dessa reforma podemos prever vários ataques, que Herman não faz questão de esconder na entrevista. A primeira justificativa apresentada pelo secretário é que a rede de ensino público conta com uma estrutura para atender 6 milhões de alunos. Segundo ele, em virtude da queda da taxa de natalidade (que não fez questão de comprovar com nenhum estudo sério), hoje a rede estadual de ensino atende 4 milhões de alunos, havendo portanto escolas com 2 milhões de vagas ociosas. Ou seja, o remanejamento tem enquanto objetivo único concentrar os alunos em determinadas unidades, para fechar escolas e aumentar a quantidade de alunos por sala.

Além disso, há outro problema pedagógico, já que na prática os alunos mudarão de escola a cada 4 ou 5, dificultando uma relação mais profunda da escola com o aluno e a comunidade.

Outra consequência importante de mais este ataque está relacionada com a condição profissional dos professores, pois muitos terão, obrigatoriamente, que ir trabalhar em outras escolas, principalmente os professores de disciplinas que só existam no médio como sociologia e filosofia, modificando a vida do professorado. Muitos terão que se deslocar por distâncias maiores e por mais escolas. Em 1995, com reforma parecida, onde as escolas das séries iniciais foram separadas das escolas com ensino fundamental II e ensino médio aproximadamente 20 mil professores foram demitidos e as melhoras para o ensino ficaram nas promessas.

Com essa "reorganização" é provável que também aumente a evasão escolar, principalmente no ensino médio. Muitos alunos do ciclo final trabalham e precisam de escolas com fácil acesso ou escolas nos chamados "corredores de passagem". Caso o governo passe essas escolas para locais mais difíceis ou diminua a já tão escassa oferta de escolas para os jovens trabalhadores aumentará rapidamente a evasão escolar. E claro, o governo saíra dizendo que fechou mais salas por falta de interesse e procura.

Também dificultará a vida dos pais que precisam levar seus filhos para a escola antes de irem para suas jornadas exaustivas de trabalho. Se a família tiver filhos em idades diferentes os pais terão que se deslocar por duas ou três escolas, aumentando o tempo e encarecendo o custo das viagens.

Fica claro o ataque que o governo de São Paulo esta preparando para os professores e a educação em 2016. Se em 2015 a situação já foi de superlotação, salas fechadas, professores desempregados, o cenário para o ano que vem promete piorar muito, mostrando que pela lógica dos políticos profissionais burgueses quanto pior melhor e tudo pode piorar mais.

Direção majoritária da APEOESP continua paralisada frente aos ataques

Enquanto isso, a direção majoritária do sindicato, chapa 1 PT e PCdoB, nada fazem para reverter esse ataque, que será devastador. Na última semana utilizaram abono de ponto para convencer os professores para defender o projeto petista para a Petrobrás! Só esquecendo de mencionar que os ataques feitos pelo governo do estado na educação de São Paulo para cortar gastos encontra apoio sólido nos ataques que o PT vem fazendo na esfera federal. Hoje, com o anuncio do governo da reorganização dos ciclos nas escolas Bebel e cia saíram as pressas para fazer um ato na frente da secretária, mas sem os professores, já que estes estão em suas escolas presos em reposições exaustivas por conta do fim de greve desorganizado. Além disso, a direção da APEOESP tenta convencer os professores que tivemos uma greve vitoriosa.

É preciso organizar imediatamente uma forte campanha em defesa da escola publica, do emprego e das condições de trabalho do professor. Par isso, diferente de outros setores, acreditamos que é preciso ter uma posição resoluta contra essa posição da direção majoritária da Apeoesp e por de pé um bloco antigovernista de luta, que reorganize os professores a partir de suas escolas e comunidade escolar, com reuniões regionais e um encontro estadual das oposições do sindicato. Assim chamamos ao conjunto das forças de oposição. que compuseram a chapa 2 Bloco de Oposição e chapa 4 Oposição Alternativa, que se coloquem inteiramente nesta tarefa a partir de agora, convocando os professores, alunos e os pais para se preparar contra mais esse forte ataque. No dia 25 de setembro, sexta-feira, já havia sido convocada uma assembleia, mas que novamente não foi construída pela direção da APEOESP. Devemos fazer desse dia, um primeiro momento de preparação da categoria, para que possamos nos colocar a altura de enfrentar os ataques já anunciados.




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