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DECLARAÇÃO DO MOVIMENTO NOSSA CLASSE EDUCAÇÃO | Adiamento já das eleições sindicais no SINPEEM! É urgente que o sindicato tome medidas para enfrentar a Covid-19: a vida dos trabalhadores importam!

Em meio a enorme pandemia ocasionada pelo coronavírus, que levou ao regime de quarentenas indiscriminadas com o fechamento das escolas, Claudio Fonseca (vereador da Câmara de São Paulo pelo Cidadania, antigo PPS), dirigente burocrata do SINPEEM, reafirmou o processo extremamente burocrático e insensível de eleições para a direção do sindicato. Essa é mais uma demonstração da atuação dessa burocracia em interesses próprios, que está de costas para os grandes sofrimentos dos professores e demais trabalhadores da educação, dos nossos alunos e seus familiares, e para os enormes ataques contra a educação que a burguesia já está implementando, como o Ensino a Distância a caminho da privatização. Nós, do Movimento Nossa Classe Educação, nos apoiamos no enorme rechaço da categoria e nas declarações de outros grupos da oposição, para exigir o adiamento imediato das eleições e que o sindicato impulsione medidas efetivas de enfrentamento à Covid-19.

sexta-feira 10 de abril de 2020 | Edição do dia

No dia 12 de dezembro de 2019, uma reunião do Conselho Geral do SINPEEM foi tratada pela burocracia de Claudio Fonseca como uma assembleia da categoria, e contou com a divulgação apenas em um caderno dentro jornal O Estado de SP e nenhuma construção efetiva na base da categoria, com o objetivo de aprovar uma comissão eleitoral. A prioridade de Claudio Fonseca é a sua manutenção no controle do aparato sindical, sem qualquer intenção de permitir um debate profundo na categoria, que possa fomentar nossa organização para enfrentar Bolsonaro, os militares e os ataques à educação em curso.

Em13 de março desse ano, em outra reunião do Conselho Geral do SINPEEM, que é fechado somente para seus membros, o calendário eleitoral para nova diretoria do sindicato foi aprovado sem qualquer indicação prévia na pauta da reunião. Todo um processo feito nos bastidores, completamente antidemocrático, feito por fora dos fóruns corretos para isso, como devem ser as assembleias de base da categoria.

Mas isso se torna ainda mais escandaloso porque não estamos vivendo tempos normais. Desde 26 de fevereiro, quando o governo anunciou o primeiro caso de Covid-19 em São Paulo, que vitimou um homem que retornava de uma viagem da Itália, os dias têm parecido semanas inteiras. Isso é fruto da combinação catastrófica entre os efeitos da crise econômica mundial, a rápida disseminação do vírus, suas vítimas fatais, a crise e disputas nos poderes políticos, o aumento inquestionável das Forças Armadas na vida política do país, especialmente o Exército, e ataques atrás de ataques contra os trabalhadores, demonstrando quem os governos e empresários querem que pague pela crise.

Na Educação isso se soma à onda de demissões que ocorreu logo após anúncio do fechamento das escolas feito por João Doria e Bruno Covas, com parte dos terceirizados da merenda e do transporte sendo demitidos, enquanto os da limpeza "aproveitam para fazer limpeza pesada", como disse o governador, arriscando suas vidas e de seus familiares. Nossos alunos ficaram primeiro sem direito a merenda, depois começaram a receber auxílio de R$1,83 por dia, o que sabemos que é completamente insuficiente para a alimentação de crianças e adolescentes, especialmente neste momento em que é fundamental garantir uma boa alimentação como forma de manter a imunidade alta para responder ao vírus.

Além disso, sabemos de inúmeros casos de alunos e de seus familiares, assim como de professores, que já apresentam sintomas de coronavírus, inclusive alguns infelizmente já faleceram decorrente da Covid-19, o que representa uma enorme dor para todos nós. E em momento algum, neste momento emergencial, a direção do nosso sindicato se preocupou com as nossas vidas que estão em risco.

Em um momento em que começam a surgir espontaneamente campanhas de arrecadação de alimentos, pessoas se propondo a fazer compras para outras que fazem parte do grupo de risco da doença, ou mesmo iniciativas de vídeos e campanhas virtuais para aumentar a informação sobres as medidas de prevenção e também de exigência de testes massivos para a população, a categoria demonstra que, mesmo sem ajuda do seu sindicato, possui uma enorme disposição de intervir nessa realidade. Enquanto nós professores temos que nos enfrentar contra o "inimigo invisível" que é o vírus, mas também contra os governos que não garantem testes massivos para a população, muito menos leitos de UTI suficientes para evitar uma tragédia ainda maior, a preocupação da direção do nosso sindicato é manter suas cadeiras na diretoria, ou seja, não podemos contar com nosso sindicato para enfrentar esta difícil situação.

Pelo contrário, vemos a direção do sindicato como um obstáculo para o desenvolvimento de uma organização para que os trabalhadores da educação não sejam meros espectadores dessa catástrofe que se aproxima. Para se contrapor à angústia, e às vezes até o desespero, que as quarentenas e o sentimento de impotência causam em milhares de professores e demais trabalhadores, é urgente que o sindicato adie as eleições e impulsione reuniões virtuais de RE, assim como reuniões do Conselho Geral, com o objetivo de debater com o conjunto da categoria qual papel podemos cumprir para enfrentar a pandemia, assim como de que maneira nos preparamos para enfrentar Doria, Bruno Covas e os capitalistas da educação que aproveitam a pandemia para acelerar o processo de privatização que há anos defendem, e agora veem as condições para começar a implementar.

A chapa Compromisso e Luta, de Claudio Fonseca, não tem qualquer compromisso com a vida dos professores, menos ainda com os alunos e a população. Sabemos que legalmente não há qualquer impeditivo para o adiamento das eleições, uma vez que o processo eleitoral poderia muito bem ocorrer em setembro, quando terminaria o mandato da atual gestão. Mas Claudio Fonseca, apoiador dos nossos inimigos João Doria e Bruno Covas, sabe que além do enorme desgaste que a diretoria sofreu com a traição que organizaram na luta em defesa da nossa previdência, contra o Sampaprev, o preço será ainda mais caro depois das enormes consequências desta pandemia.

Se olharmos a última eleição, que ocorreu 3 anos atrás, veremos que de uma categoria de 70 mil trabalhadores, sendo 60 mil filiados, apenas 10 mil participaram do processo eleitoral. Um dado que, em si mesmo, já deveria nos fazer questionar se a baixa participação da categoria não é justamente o interesse da burocracia dirigida por Claudio Fonseca, e se a forma “virtual” como ocorre a eleição não é parte desse objetivo de manter os professores alheios às decisões do sindicato, para impedir que os trabalhadores da educação possam colocar em risco os seus interesses próprios, que não correspondem às necessidades da nossa categoria.

Nós do Movimento Nossa Classe Educação nos apoiamos nas declarações pedindo o adiamento das eleições de todos os grupos que atuam na categoria, com exceção da chapa do Claudio Fonseca, e no importante repúdio que vem se expressando na base da categoria, inclusive com um abaixo-assinado, contra essas eleições completamente antidemocráticas, que não permitem a participação efetiva da maioria dos trabalhadores da nossa categoria e não está a serviço de nos preparar para enfrentar a situação urgente que está colocada para todos agora. Por isso nós, que acreditamos que é a base quem deve deliberar e decidir os rumos do sindicato, exigimos o adiamento das eleições e chamamos os professores a tomarem em suas mãos a elaboração de alternativas para responder a enorme crise sanitária que vivemos. A partir do Movimento Nossa Classe Educação, achamos que a prioridade agora é a exigência de que o Estado garanta testes massivos para a população, garantia de nenhuma demissão e recontratação de todos os demitidos, salário de R$2.000 a todos os desempregados e trabalhadores informais, pois somente assim nosso sindicato poderá ser um verdadeiro instrumento de luta e organização para defender uma educação pública, gratuita, de qualidade que esteja a serviço da classe trabalhadora e da população, assim como decidir os rumos do país, começando por repudiar o papel autoritário que o Exército tem desempenhado na política nacional.

Assim como batalhamos no último Congresso do SINPEEM pelas secretarias contra as opressões e por organismos de base para a categoria poder ter poder de decisão efetivo, não apenas sobre decisões sindicais, mas também do programa e dos caminhos de mobilização que devemos levar à frente, defendemos a necessidade de uma coordenação de trabalhadores da educação que utilize a estrutura do sindicato para realizar medidas de solidariedade às famílias de nossos alunos e também manter nossa organização, ainda que virtual nesse momento, para os momentos futuros, quando pudermos retornar às nossas escolas, pois teremos um enorme desafio para derrotar o avanço que os capitalistas estão conquistando com a implementação do Ensino a Distância. Somente confiando na nossa própria organização é que podemos oferecer uma resposta contundente contra os efeitos incalculáveis dessa pandemia e do processo de privatização da educação.

Adiamento das eleições do Sindicato Já!

Que o sindicato impulsione medidas efetivas de enfrentamento a Covid-19!

Que o sindicato se some à exigência para que todos os trabalhadores autônomos e desempregados recebam um auxílio de no mínimo de R$2.000 para que possam sobreviver nessa pandemia!

Nenhuma demissão! Recontratação imediata de todos os demitidos e aumento da contratação de profissionais de saúde!

Testes massivos, álcool em gel e máscaras para todos!

Não à privatização da Educação e ao EaD obrigatório!

Que os capitalistas paguem pela crise econômica e pela pandemia!




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