sexta-feira 23 de fevereiro de 2018 | Edição do dia
No dia de ontem (22), a judoca e campeã olímpica Rafaela Silva publicou em sua conta no Twitter o relato do caso de uma abordagem policial racista que sofreu. Após chegar de viagem, fazia o percurso do Aeroporto do Galeão para sua casa em Jacarépagua, quando o táxi em que seguia foi abordado por uma viatura policial.
Ao encostar no acostamento, ela e o motorista tiveram que sair do veículo. Segundo a atleta, um dos policiais, que estava armado, a abordou e perguntou “onde” ela trabalha. Rafaela, então, respondeu que era atleta e o policial só a liberou quando se deu conta de que ela era “aquela da Olimpíada”.
Já dentro do táxi, o taxista teria relatado que um dos policiais o perguntou onde ele teria parado para pegá-la, ao que o homem respondeu que foi no aeroporto. “Ah, tá. Achei que tinha pego na favela”, teria respondido o PM.
Em tempos de militarização da segurança do Rio de Janeiro, em que se aponta para o óbvio resultado do aumento da repressão e abusos contra a população pobre e negra, o relato da atleta evidencia como esse tipo de pensamento racista está impregnado nas instituições policiais. Como ela concluí em seu relato “Esse preconceito vai até onde?”, até onde irá esse discurso de "restauração da ordem" para justificar os abusos que serão cometidos pelos militares? Ou até onde conseguirão os militares conquistarem carta branca para impunemente cometerem atos violentos e arbitrários? Caso não fosse uma atleta olímpica no lugar, resta nos também apenas indagar qual seria o resultado da abordagem.
Chegando hoje no Rio de Janeiro, peguei um táxi pra chegar em casa! No meio da av Brasil um carro da polícia passar ao lado do táxi onde estou e os policiais não estava com uma cara muita simpática, até então ok
— Rafaela Silva (@Rafaelasilvaa) 22 de fevereiro de 2018
Continuei mexendo no meu celular e sentada no Táxi, daqui a pouco ligaram a sirene e o taxista achou que eles queriam passagem, mas não foi o caso, eles queriam que o taxista encostasse o carro
— Rafaela Silva (@Rafaelasilvaa) 22 de fevereiro de 2018
Quando o taxista encostou eles chamaram ele pra um canto, quando olhei na janela outro policial armado mandando eu sair de dentro do carro, levantei e sai, quando cheguei na calçada ele outro pra minha cara e falou... trabalha aonde?
— Rafaela Silva (@Rafaelasilvaa) 22 de fevereiro de 2018
Eu respondi... não trabalho, sou atleta! Na mesma hora ele olhou pra minha cara e falou... vc é aquela atleta da olimpíada né? Eu disse... sim, e ele perguntou... mora aonde? Eu falei, em Jacarepaguá e estou tentando chegar em casa
— Rafaela Silva (@Rafaelasilvaa) 22 de fevereiro de 2018
E o taxista respondeu... essa é aquela de judo, peguei no aeroporto e o polícia falou... ah tá! Achei que tinha pego na favela.
— Rafaela Silva (@Rafaelasilvaa) 22 de fevereiro de 2018
Esse preconceito vai até aonde? 😰
— Rafaela Silva (@Rafaelasilvaa) 22 de fevereiro de 2018
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