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ELEIÇÕES 2016 | Abstenções e votos nulos superam votação de Doria

O número total entre os eleitores que não votaram em nenhum candidato para a prefeitura de São Paulo, seja não comparecendo ou votando nulo, foi superior a um em cada três votantes, atingindo 34,8% do total.

segunda-feira 3 de outubro de 2016 | Edição do dia

João Doria, com uma votação expressiva, conseguiu atingir o feito inédito de se eleger no primeiro turno para a prefeitura em São Paulo, com 53,29% dos votos válidos. A expressão “votos válidos” após o percentual dos candidatos em geral passa batida pela maioria, mas por trás dela se esconde um contingente de milhões de pessoas que expressaram sua opinião não votando em candidato algum.

As abstenções somaram 1,94 milhão de pessoas, os votos brancos 367 mil e os nulos 788 mil, totalizando mais do que os 3,08 milhões de votos conferidos a João Doria, que foi consagrado prefeito ainda no primeiro turno eleitoral. Se considerarmos apenas os nulos e brancos, Doria ainda está na frente, mas o segundo colocado, Fernando Haddad, já não consegue superá-los: o 1,15 milhão de nulos e brancos estão acima dos 967 mil votos do petista.

Ou seja, Doria não teve 53% dos votos, mas sim um terço deles. Dados nacionais relativos a abstenção (sem contar os nulos e brancos) 17,6% de não-comparecimento, ligeiramente acima dos 16,4% registrados em 2012. A maior taxa de não-comparecimento às urnas em relação ao tamanho do eleitorado nos últimos 20 anos foi registrada em 1996: 18,3%

O presidente do TSE, Gilmar Mendes, procurou minimizar o dado, afirmando que o índice "é relativamente baixo, se tivermos em conta as eleições de 2014, que tivemos quase 20% de abstenção", disse. Sem dúvida, na eleição que se realizada logo após as jornadas de junho de 2013, em que se expressou um profundo desgaste do regime político, a abstenção foi um reflexo imediato desse descontentamento massivo.

De acordo com Mendes, a multa branda para quem não comparece às urnas faz com que a obrigatoriedade do voto no Brasil "não se traduza" em uma obrigação de fato, com pena econômica relevante. Ele falou sobre a necessidade de se fazer esforço para persuadir a população a participar do processo eleitoral. Para Mendes, a obrigatoriedade não basta.

Ainda que os próprios dados do primeiro turno apontem para um relativo fortalecimento de candidatos do PSDB, sobretudo empresários, eles o fazem usando o “disfarce” de “gestores”, como João Doria, que repetiu isso em sua campanha como um mantra (não sou político, não sou político...) para tentar fugir ao desgaste que atinge todos os partidos, mas principalmente os partidos mais tradicionais do regime, como PT, PMDB e PSDB. Se a taxa não está “acima da média”, a conclusão que podemos ter, como mínimo, é que esse regime, “em média” não representa uma parte muito importante do eleitorado. Em um momento em que se nota por toda a parte fissuras no regime e nas classes dominantes, uma dificuldade incrível de recomporem sua capacidade de governar, esse dado ganha ainda mais importância.

João Doria, cria direta de Geraldo Alckmin, foi eleito com uma votação impressionante e um discurso abertamente privatista. Isso, contudo, não significa em nada que ele passará ileso diante dessa crise de dominação e conseguirá implementar sem resistência os ataques que ele, Alckmin e Temer tem na manga contra os trabalhadores e o povo pobre.




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