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CORONAVÍRUS | A urgência por respiradores no SUS: como os trabalhadores podem responder?

O Brasil tem 65 mil respiradores, destes 46,6 mil estão no SUS e o restante está na saúde privada. Segundo as estimativas dos próprios governos, este é um número muito abaixo do necessário frente ao ritmo da contaminação do coronavírus. O que fazer então para não escolhermos quem vive e quem morre por conta da falta de respiradores?

domingo 22 de março de 2020 | Edição do dia

Dos 46,6 mil respiradores do SUS, estima-se que pelo menos 60% estejam sendo usados nesse momento, ou seja, menos de 20 mil estão disponíveis. Já na rede privada são cerca de 20% ocupados, já que há outros pacientes com problemas respiratórios que necessitam do aparelho.

O coordenador do Centro de Contigência de Coronavírus em São Paulo, o infectologista David Uip diz abertamente que a questão dos respiradores "é a maior preocupação, já que o mundo inteiro está comprando respirador nesse momento".

Na Itália, o governo italiano pediu essa semana 4 mil respiradores para fabricantes internacionais, mas só obtiveram 400. Além da falta que já existe no mercado, o preço também subiu, já que sua produção hoje não está à serviço de atender a demanda dos contaminados por Coronavírus, mas sim de atender a ganância dos lucros capitalistas.

No Brasil, são apenas 4 empresas que produzem os respiradores: Vyaire, Takaoka, Leistung e Magnamed. Além destas, GM, Ford e Mercedes, já demonstraram interesse em fabricar os equipamentos e estão em discussão com o governo. Mas será que assim, todos que precisarem vão ter respiradores?

Uma questão importante é que a demanda por respiradores também se liga à demanda por leitos, já que é preciso um local adequado para uso e monitoramento dos aparelhos, com profissionais da saúde. No Brasil, nos ultimos 11 anos o SUS perdeu 43 mil locais de atendimento, mais de 35 mil leitos, graças aos cortes que já vinham ocorrendo nos governos do PT, que se aceleraram pós golpe de Temer e que agora são ainda mais profundos com Bolsonaro.

Depois, que mesmo com algumas montadoras produzindo mais respiradores, se essa produção estiver à serviço do lucro dos capitalistas e não à serviço de atender a demanda, esses aparelhos serão produzidos ao ritmo das vendas, com preços altíssimos, e também com seus trabalhadores trabalhando mais e se expondo mais aos riscos de contaminação.

Para que toda a produção possível de respiradores seja ligada aos interesses da saúde da população, é necessário que os próprios trabalhadores possam controlar os ritmos da produção, determinar qual o melhor respirador, e como se produzirá, para não colocar nenhum trabalhador em risco. Com mais rotatividade, materiais adequados, e que os próprios trabalhadores tenham atendimento médico adequado, com testes disponíveis a todos, se enfrentando com os planos do Ministério da Saúde que quer testar apenas uma parte irrisória da população.

Além disso, toda a estrutura de leitos que existe no país deve estar à serviço do SUS, já que no mesmo período em que o SUS perdeu 35 mil leitos, a saúde privada ganhou 14 mil. Também é necessário expropriar hospitais privados desativados e imóveis vazios para que sirvam de leitos. Somente se enfrentando com os interesses privados podemos responder à altura a crise do coronavírus e impedir mortes.

Se os trabalhadores controlam a produção e determinam como se produz respiradores no país, poderemos evitar os caminhos da Itália, onde hoje se escolhe quem usa e quem não usa os equipamentos, ou seja, se escolhe quem vive e quem morre.




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