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TRIBUNA ABERTA | A segurança é necessária, mas é prioritária?

Desde que este assunto tem tomado as redes sociais da comunidade e rodas de conversas de amigos meus, ando refletindo bastante a respeito. Afim de me contextualizar e evoluir em conhecimento, fui atrás de várias versões da mesma história, várias visões dos mesmos acontecimentos, e neste momento tenho a intenção de escrever a minha conclusão com base em tudo que coletei e refleti.

sexta-feira 8 de maio de 2015 | 01:12

Quero reforçar que não estou tentando apontar certos ou errados, quero compartilhar minhas dúvidas, pretendo disseminar reflexões.

Agradeço também no inicio do texto o espaço concedido (gratidão é sempre bom e motivador).

Segurança, tema atual em destaque no âmbito educacional, vamos começar do começo, como ele apareceu?

Alguns casos/histórias de crimes cometidos nas redondezas e/ou dentro da faculdade tem assustado os alunos e provocado calorosos debates.

Acho que antes de analisarmos propostas, julgarmos e apontarmos nossas referências de certo ou errado (não só em relação a isto mas para tudo na vida)
precisamos primeiro nos analisar e julgar nosso conhecimento e propostas.

Sou um aluno da fundação há 4 anos, e vejo uma faculdade muito diferente nesse momento daquela que fui apresentado. Lembro que no primeiro ano chegava
mais cedo aos sábados para andar de skate na quadrinha, as vezes marcava um futebol, trazia amigos de fora para formar times contra o time da minha sala.

Lembro que o estacionamento era meio desorganizado, mas era gratuito e abrigava todo mundo que queria deixar o carro ali, que já vi romances e amizades nascendo de primeiros contatos assim: "alô? oi, seu carro está tampando minha passagem pode descer aqui por favor?"

Lembro que pessoas como a dona Maria (tia dos salgados), habitantes da comunidade que rodeia a faculdade (tão temida no tema atual), levavam, e ainda levam a faculdade como sua fonte de renda. Lembro até que a solidariedade e amizade construída nessa relação entre uma pessoa humilde e de bom coração como a dona Maria com seus clientes/alunos acabou salvando a vida dela alguns anos atrás quando ela precisou de dinheiro para uma operação urgente e conseguiu através de doações por uma movimentação espontânea de alunos.

Lembro o quanto o clima era contente, o quanto as rixas entre prédios caminhavam para o esquecimento, que tempo bom... Hoje, bom, hoje eu vejo uma faculdade com clima de medo, grades e catracas, seguranças e policiais, insatisfação e reclamações. Divisão de opiniões, diálogos que acabam antes de começar, distrações festivas e repressão de ideias diferentes.Falta de colaboração dos alunos com movimentos estudantis, junto a cobranças em cima dos mesmos.

O que deveria ser um coletivo lutando em pról da melhoria da comunidade acadêmica se tornou uma disputa politica de interesses. Talvez este clima estivesse presente desde antes da minha chegada, mas no tempo que passei frequentando a faculdade ele parece ter crescido de forma exponencial.

Ahhh se eu tivesse tempo, se a vida permitisse, gostaria de sentar com cada um dos alunos e conversar sobre a faculdade, sobre o que esperamos, precisamos, ajudamos, atrapalhamos, conversamos...

Mas a vida não permite, então crio diálogos comigo, e me faço perguntas sem respostas.Por que há anos, alunos de todos os cursos reclamam da falta de infraestrutura em laboratórios, e os únicos investimentos que vi se concretizarem foram a respeito da "segurança"?

Tomo como exemplo o fechamento da quadra de esportes, a implantação de catracas não funcionais e a privatização do estacionamento.Me questiono qual o lucro para a comunidade como um todo em torno destes investimentos, limitar acessos? Pra que(m)? Quanto dinheiro foi gasto nessas mudanças, e por que ele não foi investido em estudos já que estamos falando de um ambiente acadêmico?

Sabe, naquela época não se ouvia falar de assaltos, perigo, algumas vezes já joguei futebol com moradores da Sacadura, na quadrinha, dentro da faculdade. Queria a ajuda de vocês, já que não posso sentar com todos, e a internet nos proporciona essa disseminação rápida e pratica de informação, para abrir um debate mais consciente e amplo a respeito da faculdade como um todo, não só a respeito da segurança.

Cada ação tem uma reação, e acabamos de sair de uma reitoria escandalosamente mal intencionada, com investimentos chulos e de poucas melhorias (ao meu ver).

Seria inteligente concluir os projetos criados por tal reitoria? Existe outra opção? qual é?

Por que a questão da segurança está sendo tratada com tanta urgência e questões como a infraestrutura estudantil e a falta de professores são adiadas e mal apresentadas/discutidas. Será que o controle de acessos vai acabar com o problemas? Será que não seria ele a causa do problema?

Será que conseguimos ouvir diferentes visões para formar a nossa? Ou nos confortamos com a que nos pareceu melhor inicialmente?

Talvez esteja na hora de recuperar este coletivo, participar dele, nos unir, aceitar, organizar e construir debates incluindo todos os membros e suas opiniões.
Somos uma pequena parcela da população (18%) que tem acesso a universidades, e acredito sermos capazes de construir uma faculdade cada vez de maior qualidade para futuros alunos, talvez um deles seja seu filho, então, por que não tentar?




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